Novos estudos apontam que a deficiência de Vitamina D pode agravar quadro de Covid-19
Falta de micronutriente é novamente relacionada a sintomas graves da doença que já atingiu milhões de pessoas no país
Uma pesquisa científica recente, publicada por uma das 32 revistas do grupo Nature, trouxe novas respostas sobre a relação entre vitamina D e a Covid-19. O estudo1 de seis semanas avaliou 154 pessoas que testaram positivo para o vírus, sendo 91 pacientes assintomáticos e 63 pacientes em estado grave, admitidos em Unidades de Terapia Intensiva (UTI). Ao final, descobriu-se que 96.82% dos pacientes graves tinham deficiência de vitamina D e 21% faleceram por complicações causadas pela Covid-19.
Em paralelo, apenas 32.96% dos assintomáticos apresentaram níveis baixos do micronutriente, o que, quando comparado aos quadros graves, aponta a relação da vitamina D com o avanço do caso clínico. Segundo os cientistas responsáveis pelo estudo, a deficiência de Vitamina D aumenta as chances de complicações após a infecção pelo vírus SARS Cov2. A intensidade de resposta inflamatória (hiperinflamação) relacionada a piora dos quadros, também é maior na deficiência da vitamina D em pacientes com Covid-19, apontando para o consequente aumento de mortalidade nestes mesmos pacientes.
Na mesma área de estudo, outras pesquisas chamam atenção para a falta de exposição solar, devido ao isolamento social imposto pela quarentena. De acordo com pesquisadores da Universidade Fernando Pessoa, na cidade de Porto, em Portugal2, o confinamento forçou atletas a se absterem de treinos e competições, o que resultou em grandes mudanças em seus hábitos diários, incluindo alimentação, sono, comunicação e exposição solar. O estudo avaliou e comprovou o quanto essas mudanças impactam diretamente na saúde e condicionamento dos atletas.
Obviamente, mesmo que de maneiras diferentes, o isolamento social prejudicou toda a população, independente da idade. É o que mostra o artigo publicado no Dovepress3, que analisou o nível de vitamina D de crianças no período entre março e junho de 2020, e concluiu que o confinamento resultou no aumento do número de crianças entre 3 e 6 anos com deficiência de vitamina D, quando comparado ao mesmo período entre os anos de 2017-2019. De acordo com os responsáveis pelo estudo, é essencial que as crianças sejam expostas ao sol, com o intuito de garantir níveis adequados de vitamina D, uma vez que o micronutriente é responsável pela formação dos ossos durante a infância e, também, pelo bom funcionamento dos sistemas imunológico e respiratório.
Para aumentar os níveis de vitamina D no organismo, o médico ginecologista, ex-secretário de saúde Campinas SP e consultor de saúde Dr. Odair Albano ressalta que “a exposição ao sol, diariamente, por pelo menos 15 minutos, entre 10 e 14 horas, preferencialmente, sem protetor solar, é essencial para síntese na pele da vitamina D. Mas, se necessário, a suplementação em cápsulas ou comprimidos, nas doses recomendadas para reposição nutricional também é uma boa opção para todas as faixas etárias. Recurso significativo para manutenção de uma boa saúde, em especial, neste período de pandemia da Covid-19”.
Fonte: Dr. Odair Albano é médico e consultor de saúde.
Referências: 1) Anshul Jain; Rachna Chaurasia; Narendra Singh Sengar; Mayank Singh; Sachin Mahor; Sumit Narain; et al. Analysis of vitamin D level among asymptomatic and critically ill COVID-19 patients and its correlation with inflammatory markers; 2020. 2) M.-R.G. Silva; H.-H. Silva; T. Paiva; et al. Nutrition in a time of Covid-19 pandemic and athletes; 2020. 3) Li Yu; Hai-Jin Ke; Di Che; Shao-Lan Luo; Yong Guo; Jie-Ling Wu; et. al Effect of Pandemic-Related Confinement on Vitamin D Status Among Children Aged 0–6 Years in Guangzhou, China: A Cross-Sectional Study; 2020.