Vitamina D e sua importância na saúde óssea
A vitamina D é um micronutriente essencial para a manutenção normal do equilíbrio dos minerais e da saúde. Um estilo de vida sem exposição ao sol pode gerar níveis insuficientes desse elemento. Embora existam suplementos disponíveis, é interessante saber quais são as suas fontes naturais e as principais medidas para evitar a sua carência
Vitamina D
Desde a sua descoberta em 1921, a vitamina D tem sido apreciada pelo seu importante papel na regulação do equilíbrio do cálcio e na saúde óssea. Nos últimos anos, foram identificados efeitos importantes no músculo esquelético e em outros tecidos que, em conjunto, fazem com que o organismo funcione adequadamente e promova uma melhor qualidade de vida. A vitamina D é uma vitamina lipossolúvel sintetizada a partir de um derivado do colesterol, da qual existem duas formas: vitamina D2, ou ergocalciferol, e vitamina D3, ou colecalciferol.
A vitamina D2 é obtida a partir da irradiação do ergosterol (provitamina D), proveniente da dieta, por ação da radiação solar sobre a pele. A vitamina D3 é produzida na pele também em resposta à radiação solar ou pode ser encontrada em alimentos. Da mesma forma, poucos alimentos têm naturalmente um teor substancial de vitamina D; esta é obtida principalmente através de alimentos fortificados ou suplementos.
A produção cutânea induzida pela exposição à radiação ultravioleta B contribui com 80%-90% da formação de vitamina D, enquanto a contribuição nutricional é responsável por apenas 10%-20%.
Uma vez no organismo, ambas as formas de vitamina D sofrem o mesmo metabolismo, resultando na formação de sua forma ativa: 1,25 di-hidroxicolecalciferol (1,25(OH)2D); os principais órgãos envolvidos em sua ativação são fígado e rim. A vitamina D age em vários tecidos, como um hormônio, estimulando receptores específicos nas células.
Em humanos, a concentração sérica de cálcio é mantida em uma faixa muito estreita, aproximadamente 2,45-2,65 mmol/L. Quando a concentração de cálcio ionizado no sangue diminui abaixo do intervalo normal, ocorre uma série de eventos anti-hipocalcêmicos para redefinir os níveis de cálcio à faixa fisiológica. Esse é o momento em que a vitamina D aparece em ação. A principal função da vitamina D é a manutenção da calcemia em níveis adequados. Isso é possível através de três processos: o aumento da absorção intestinal de cálcio, a redução da excreção renal e a mobilização de cálcio do osso. Por isso, seus principais órgãos-alvo são o intestino e o osso. A descoberta de receptores da vitamina D em tecidos como o músculo esquelético tornou possível investigar outros efeitos biológicos e vias metabólicas importantes para a saúde. Considera-se que essa vitamina seja fundamental para manter o funcionamento normal do músculo cardíaco, do sistema imunológico e do sistema nervoso.
Deficiência de vitamina D
Dados de todo o mundo indicam que a deficiência de vitamina D é muito comum e está ressurgindo como um grande problema de saúde a nível mundial. As fontes dietéticas naturais são limitadas, e a fortificação de alimentos é opcional, inadequada ou inexistente.
Portanto, para a maioria das pessoas, a vitamina D é obtida principalmente pela produção cutânea resultante da exposição solar. No entanto, muitas variáveis influenciam a quantidade de UVB da luz solar que atinge a pele e a sua eficácia, por exemplo: hora do dia, estação do ano, latitude, altitude, roupa, uso de proteção solar, pigmentação e idade.
Quando há deficiência de vitamina D, não é possível aumentar suficientemente a absorção de cálcio para satisfazer as necessidades do corpo, sendo este o principal fator relacionado ao risco de doença.
As pessoas podem apresentar deficiência de vitamina D por não consumirem ou não absorverem a quantidade suficiente dessa vitamina dos alimentos, devido a sua exposição limitada à luz solar ou porque seus rins não conseguem converter essa vitamina em sua forma ativa no corpo.
Em crianças, a falta dessa vitamina produz raquitismo, uma doença que está longe de ser erradicada, sendo observada em todo o mundo, com relatórios informando sua presença em, pelo menos, 60 países nos últimos 20 anos. No raquitismo, as alterações evidenciadas nos ossos dependem do estresse a que são submetidos. Nas crianças que ainda não andam, o maior estresse ocorre na cabeça e no tórax (rosário raquítico). Em contrapartida, se o déficit ocorre em uma criança que já caminha, as deformidades ósseas são vistas na coluna vertebral, na pelve e nas tíbias, causando lordose lombar e deformidade das pernas.
Em adultos, a hipovitaminose D causa osteomalácia, uma doença caracterizada pela falência do osteoide orgânico formado pelos osteoblastos do osso para a mineralização adequada com cálcio e fósforo. Os ossos ficam fracos e suscetíveis a fraturas ou microfraturas e afetam com maior frequência as vértebras e o fêmur. Manifesta-se através da dor óssea e da fraqueza muscular, em razão das quais é recomendável que aqueles que procuram atendimento para esses tipos de manifestações devam ser avaliados para descartar a hipovitaminose D.
Embora a medição dos níveis séricos de 25 (OH) vitamina D seja onerosa, e a detecção universal não seja confirmada, sua determinação pode beneficiar aqueles indivíduos com risco de deficiência grave.
Osteoporose e o risco de quedas, uma questão à parte para a vitamina D
Osteoporose
A osteoporose (“ossos frágeis”) é uma doença na qual a qualidade e a densidade dos ossos estão reduzidas, o que aumenta o risco de fraturas. Geralmente ocorre em pessoas idosas.
A deficiência de vitamina D é um fator de risco estabelecido para a osteoporose, pois a sua deficiência dificulta a mineralização da matriz óssea.
Quedas
As quedas em idosos estão estreitamente relacionadas a sarcopenia (perda de massa muscular), perda do tônus muscular e uma série de condições que contribuem para a chamada síndrome da fragilidade. Várias linhas de evidências clínicas sugerem que haveria uma relação direta entre a vitamina D e a função muscular. Entre suas ações no músculo, a estimulação da ingestão de cálcio nas células musculares foi proposta, levando a concentrações intracelulares ótimas para a contração; também está associada à proliferação e diferenciação de fibras musculares e ao fortalecimento muscular. Pessoas com baixa densidade mineral óssea ou histórico de fratura esquelética de baixo impacto, e aquelas com risco de queda, devem ser avaliadas para detectar a deficiência de vitamina D. Essa medida reduziria o risco de fraturas e incapacidade.
Prevenção da deficiência de vitamina D e suplementação
De acordo com as diretrizes para a suplementação de vitamina D, publicadas no Journal of Steroid Biochemistry & Molecular Biology, uma solução prática para superar a crise de saúde gerada pela deficiência de vitamina D é que as autoridades sanitárias e os órgãos legislativos implementem a suplementação de alimentos com as quantidades adequadas e necessárias, como leite, pão e macarrão com essa vitamina.
Na ausência da exposição solar regular, o uso de doses adequadas de suplementos de vitamina D é a forma mais eficiente para aumentar as concentrações de 25(OH)D.
A suplementação com vitamina D2 ou vitamina D3 é recomendada para doentes com deficiência comprovada (concentrações < 20 ng/mL).