Um quarto dos adultos brasileiros são obesos
Favorecendo o surgimento de doenças cardiovasculares, diabetes e até câncer, a obesidade já é considerada uma epidemia no Brasil, mas pode ser combatida e prevenida com a adoção de cuidados como boa alimentação, prática regular de exercícios físicos, além de políticas públicas de orientação à população
A obesidade já pode ser considerada uma epidemia no Brasil, visto que, de acordo com dados da Pesquisa Nacional de Saúde 2019 divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em outubro desse ano, 26,8% da população brasileira com mais de 20 anos sofre com o problema. “A obesidade é uma doença crônica caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal. Define-se um indivíduo como obeso quando este apresenta índice de massa corporal (IMC) maior que 30, sendo que as principais causas para esse problema incluem uma alimentação desbalanceada, principalmente rica em açúcar e gorduras, e o sedentarismo, ou seja, a falta de prática regular de atividades físicas”, explica a Dra. Marcella Garcez, médica nutróloga e professora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN). A proporção de pessoas com excesso de peso na população com 20 anos ou mais de idade é de 61,7%.
Dessa forma, a obesidade pode ser considerada um problema de saúde pública, visto que oferece uma série de riscos à saúde, cabendo ao governo investir em campanhas de conscientização sobre os perigos que o acúmulo excessivo de gordura corporal pode causar. “Por exemplo, a obesidade é um fator de risco para o aumento do colesterol e doenças cardiovasculares, pois o excesso de gordura favorece o acúmulo de placas de colesterol nas artérias coronárias responsáveis por irrigarem o coração, aumentando a predisposição para condições como hipertensão, infarto, insuficiência cardíaca e tromboembolismo”, alerta a médica. “Estar acima do peso também pode sobrecarregar os rins, o que, somado ao aumento da pressão arterial, faz com que o órgão perca progressivamente suas funções, deixando de filtrar o sangue e produzir hormônios, o que causa, consequentemente, a doença renal crônica.”
A diabetes tipo 2 é outra doença frequentemente associada à obesidade, visto que o abuso de açúcar e carboidratos, além de favorecer o ganho de peso, faz com que o organismo se torne resistente à insulina, causando a condição. “A doença hepática gordurosa não alcoólica é outra doença comumente observada em pessoas obesas, sendo caracterizada pelo acúmulo de gordura nas células do fígado, o que, se não tratado, pode aumentar o risco de doenças cardiovasculares, esteato-hepatite, além de levar à fibrose e ao desenvolvimento de cirrose hepática”, diz a nutróloga. “Além disso, pessoas obesas também possuem maiores chances de desenvolver câncer, já que o acúmulo de gordura estimula a produção de hormônios envolvidos no desenvolvimento de células cancerígenas.”
No entanto, é possível investir em cuidados que ajudem a prevenir e combater o problema para a manutenção de uma boa saúde, sendo a adoção de uma alimentação saudável e balanceada o melhor método para evitar o ganho de peso excessivo. “Evite consumir ‘junk food’ e alimentos industrializados e ricos em sal, açúcar e gorduras. No lugar, aposte na ingestão de frutas, verduras, legumes, grãos, alimentos integrais e carnes magras”, aconselha a Dra. Marcella. “Incluir atividades físicas na rotina é outra boa maneira de afastar os diversos problemas de saúde relacionados ao sobrepeso. O ideal é que você pratique exercícios físicos pelo menos três vezes por semana, de preferência caminhadas, corridas, natação e ciclismo, que estão entre as práticas mais simples e eficientes para o controle do peso”, completa a médica.
Contudo, caso você já sofra com obesidade, o ideal é consultar um médico nutrólogo. “Evite a todo custo receitas milagrosas para emagrecer e dietas extremamente restritivas encontradas na internet, já que, além de não serem realmente eficazes no emagrecimento, essas mudanças drásticas nos hábitos alimentares, como restrição de grupos alimentares e diminuição de calorias e refeições, podem oferecer riscos à saúde quando realizadas sem acompanhamento médico”, alerta a especialista. “O médico especializado é capacitado para prescrever um plano de emagrecimento e combate à obesidade realmente eficaz e saudável, levando em conta as necessidades e características de cada indivíduo”, diz a Dra. Marcella Garcez.
O médico poderá recomendar ainda um tratamento multidisciplinar, incluindo, por exemplo, a realização de um exame genético para potencializar a eficácia do acompanhamento nutrológico. “Estima-se que de 40 a 70% da variação na suscetibilidade à obesidade e perda de peso seja determinada pelos genes. O tipo genético de cada organismo ajuda a explicar o motivo de diferentes pessoas ganharem ou perderem peso de forma distinta mesmo seguindo uma dieta igual e praticando a mesma quantidade de exercícios físicos. Logo, conhecer as alterações genéticas de cada indivíduo e basear-se nos genes para elaborar uma abordagem nutricional personalizada é extremamente interessante para ajudar a controlar o peso corporal, diminuir o risco de obesidade e otimizar a perda de peso”, explica o geneticista Dr. Marcelo Sady, pós-doutor em Genética e diretor geral da Multigene, laboratório especializado em análise genética e exames de genotipagem.
Ainda segundo o especialista, “O laudo do exame de nutrigenética fornece justamente informações detalhadas sobre o seu DNA e genes de cada pessoa, que podem ser interpretadas pelo médico nutrólogo para que as recomendações de dieta, nutrição e prática de atividade física sejam específicas para as necessidades e características de seu organismo, auxiliando assim na otimização do controle do peso e na prevenção de doenças. A partir do momento em que entendemos as alterações genéticas que possuímos, podemos realizar mudanças pontuais em nossos hábitos para balancear a ação dos genes e garantirmos a manutenção de nossa saúde”.
Fonte:
Dra. Marcella Garcez é médica nutróloga, mestre em Ciências da Saúde pela Escola de Medicina da PUCPR, diretora da Associação Brasileira de Nutrologia e docente do Curso Nacional de Nutrologia da ABRAN. A médica é membro da Câmara Técnica de Nutrologia do CRMPR, coordenadora da Liga Acadêmica de Nutrologia do Paraná e pesquisadora em Suplementos Alimentares no Serviço de Nutrologia do Hospital do Servidor Público de São Paulo. CRM-PR 12559 e RQE 16019.
Dr. Marcelo Sady é pós-doutor em Genética com foco em genética toxicológica e humana pela UNESP de Botucatu.Dr. Marcelo Sady tem mais de 20 anos de experiência na área. Speaker, diretor geral e consultor científico da Multigene, empresa especializada em análise genética e exames de genotipagem, o especialista é professor, orientador e palestrante. Autor de diversos artigos e trabalhos científicos publicados em periódicos especializados, Dr. Marcelo Sady fez parte do Grupo de Pesquisa Toxigenômica e Nutrigenômica da FMB de Botucatu, além de coordenar e ministrar 19 cursos da Multigene nas áreas de genética toxicológica, genômica, biologia molecular, farmacogenômica e nutrigenômica.