Tudo o que você deve saber sobre os testes de gravidez
É dito no jargão médico que toda mulher adulta e fértil que apresenta um atraso no ciclo menstrual está grávida até que seja provado o contrário. As mudanças que os hormônios sofrem durante a gravidez e como isso é diagnosticado são questões que tentaremos responder neste artigo
Quando um óvulo e um espermatozoide se unem para dar origem a um novo ser humano, várias mudanças ocorrem no corpo da mulher para que uma nova vida possa se desenvolver e crescer até o seu nascimento, um período de aproximadamente nove meses. Essas alterações incluem as relacionadas com os hormônios, as substâncias químicas que circulam no sangue com o objetivo de modular funções e guiar as mensagens entre diferentes partes do corpo. Alguns deles podem afetar o estado de ânimo e causar, por exemplo, tristeza, ou uma resposta de “lutar ou fugir” diante do perigo.
Os hormônios mais significativos durante a gravidez e o parto são estrógeno, progesterona, oxitocina, endorfinas, prolactina e gonadotrofina coriônica humana (hCG). Este último é produzido pela placenta logo após a chegada do embrião e se fixa na parede do útero: já 8 dias após a concepção, a hCG pode ser detectada no sangue. Entre 9 e 10 dias após a ovulação, seus níveis são de aproximadamente 10 mUI/mL e, à medida que a gravidez avança, seus níveis aumentam 50% a cada dia, chegando a cerca de 100.000 mUI/mL na semana 10. A partir desse momento, os níveis diminuem e permanecem estáveis durante o resto da gravidez em aproximadamente 20.000 mUI/mL. Da mesma forma, esse hormônio pode ser detectado na urina, onde também apresenta variações semelhantes às que ocorrem no sangue.
Seus níveis na urina são de aproximadamente 0,93 mUI/mL 9 dias após a concepção, valor que aumenta diariamente até atingir um platô após 45 dias da concepção. Embora esses conhecimentos sejam de longa data, os primeiros testes de detecção de gravidez, cujo objetivo é detectar a presença do hormônio hCG, começaram a estar disponíveis por volta de 1976.
Um pouco de história
No Egito, encontrou-se um dos textos mais antigos sobre o teste de gravidez pela urina de uma mulher.
Nesse papiro de 1350 AC. foi descrito como uma mulher possivelmente grávida poderia urinar nas sementes de trigo e cevada. O resultado foi observado depois de vários dias: se a cevada germinasse, ela estava grávida de um menino; se o trigo crescesse, ela estava grávida de uma menina. Se nenhum brotasse, era porque ela não estava grávida. Embora, em nossos dias, isso possa parecer um teste um pouco ingênuo, em 1963, testou-se essa teoria e a urina da mulher grávida permitia o crescimento das sementes em 70% dos casos, o que não acontecia com a urina de homens ou mulheres não grávidas. Uma explicação para esse fenômeno pode ser a presença de níveis elevados de estrógenos na urina da mulher que está grávida.
Na Idade Média, e até por volta do século 17, os aspectos visuais da urina isolada ou misturada com vinho eram frequentemente observados para detectar diferentes condições e doenças, incluindo gravidez. Desse modo, um texto de 1552 descreveu que a gravidez correspondia à urina “de cor limão pálido, tendendo a esbranquiçada, com uma nuvem na sua superfície”.
Existiam várias teorias no século XIX, mas como não havia um método confiável para detectar a gravidez, as mulheres estavam simplesmente à procura de manifestações físicas, tais como enjoos matinais.
Em 1890, os médicos começaram a falar sobre as substâncias químicas que circulam no corpo e foram chamados de hormônios. No início do século 20, a progesterona e a gonadotrofina coriônica humana (hCG) foram isoladas e os testes foram desenvolvidos para identificar a presença da hCG na urina. Para isso, a urina da mulher foi injetada em animais (camundongos, sapos, coelhos), nos quais a ovulação era induzida se a mulher estivesse grávida. Esses estudos em que os animais foram sacrificados foram caros e demoraram dias para obter os resultados.
Foi apenas na década de 1960 que os testes laboratoriais mais rápidos, baratos e simples começaram a ser desenvolvidos para detectar a gravidez a partir de uma amostra de urina. Nos anos seguintes, houveram grandes avanços nas pesquisas na área sexual e reprodutiva e surgiram testes de gravidez mais específicos. No entanto, somente podiam ser realizados em alguns laboratórios. No final da década de 1970, um teste de gravidez caseiro (não tão simples quanto os atuais) surgiu no mercado nos Estados Unidos, que dava o resultado em duas horas. Os avanços quanto a precisão, velocidade e simplicidade dos resultados foram cada vez maiores.
Atualmente, os testes de gravidez são baseados na detecção de hCG na urina ou no sangue. Os primeiros testes podem ser realizados no conforto da sua casa e permitem que você diferencie se sua urina tem ou não níveis detectáveis de hCG. Portanto, é importante ter em consideração que se forem realizados quando os níveis ainda não estiverem altos o suficiente, os resultados podem ser negativos. Geralmente, consistem em colocar uma tira de teste na amostra de urina e esperar um tempo (determinado pelo fabricante) para obter os resultados, muitas vezes, na forma de linhas que são interpretadas de acordo com as instruções específicas de cada teste. Nos últimos anos, o desenvolvimento de dispositivos digitais que permitem dosar e calcular os níveis de gonadotrofina coriônica humana aproximou a tecnologia da vida cotidiana.
O teste digital de gravidez detecta a presença de hCG e estima as semanas de gestação de acordo com os níveis desse hormônio.
Dicas para uso dos testes de gravidez
• Compra-los apenas em farmácias.
• Verificar a data de validade.
• Verificar se o recipiente interno não foi aberto e se as tiras de teste não estão úmidas; se isso ocorrer, é recomendável não usar o produto.
• Ler atentamente as instruções e respeitar os tempos indicados.
• Não ler os resultados após o tempo estabelecido nas indicações.
• Para que a urina contenha o nível maior possível de hCG, recomenda-se usar a primeira amostra da manhã ou ter uma retenção de urina por pelo menos três horas.
• Se o resultado for negativo, recomenda-se repetir o teste alguns dias depois.
• Se o resultado for positivo, recomenda-se confirmar com um médico se é uma gravidez
ou outra condição que pode aumentar os
níveis de hCG.
• No caso de dúvida, consultar o seu médico.