Resfriado comum

Resfriado

Resfriado comum

Esta infecção de origem viral compromete o revestimento (epitélio e mucosa) do nariz, os seios paranasais, a garganta e as grandes vias respiratórias

A infecção das vias respiratórias superiores ou altas – o nariz e a garganta –, mais conhecida como resfriado comum, é uma das enfermidades mais frequentes. O resfriado comum é uma enfermidade viral, que afeta pessoas de todas as idades. Ano após ano, ele dá origem a um grande número de consultas médicas de atenção primária e, por sua vez, representa uma causa importante do absenteísmo escolar e laboral.

Muitas vezes, pode-se confundir o resfriado com a gripe. No entanto, estas são duas entidades muito diferentes entre si. Os resfriados são quadros leves e geralmente banais, que se curam por si mesmos após um tempo, se bem que por vezes podem provocar uma infecção secundária. No caso da gripe, esta pode também ser leve, mas pode eventualmente desencadear uma enfermidade mais séria, por exemplo uma infecção pulmonar (pneumonia) e ter graves consequências na vida das pessoas. É importante diferenciar ambos os quadros, já que em alguns casos, o que a primeira vista parece um resfriado comum, pode ser na verdade uma gripe.

O resfriado comum, formas de transmissão

O resfriado comum é uma enfermidade muito contagiosa. É uma infecção de origem viral, que compromete o revestimento (epitélio e mucosa) do nariz, os seios paranasais, a garganta e as grandes vias respiratórias.

Centenas de vírus diferentes podem produzir um resfriado, sendo o rinovírus o responsável pela maioria dos quadros. Outros vírus que foram vinculados ao aparecimento de resfriados são o coronavírus, o vírus da parainfluenza, adenovírus, enterovírus e o vírus sincicial respiratório. Os rinovírus são os responsáveis pela maioria dos resfriados que ocorrem na primavera, no outono e no verão. O vírus da gripe e o vírus sincicial respiratório, que produzem uma grande variedade de enfermidades, entre elas o resfriado comum, aparecem regularmente ao fim do outono e no inverno. Geralmente, os vírus ingressam no organismo pela boca ou pelo nariz. Estes vírus podem ser transmitidos através do ar ou por contato direto. No primeiro caso, o vírus é transmitido através de gotículas infectadas que uma pessoa doente expulsa ao ar ao tossir, espirrar ou inclusive falar. Estas gotículas são logo inaladas por outra pessoa sadia. Assim, o vírus ingressa na cavidade nasal e adere à membrana que a recobre internamente. Essa é a via de transmissão mais comum, o resfriado também pode ser transmitido por contato direto com secreções infectadas, através das mãos (sujas) ou objetos contaminados, como podem ser utensílios, toalhas, brinquedos ou telefones. Se logo após o contato ou exposição, as mãos forem levadas aos olhos, ao nariz ou à boca, é provável que se adquira um resfriado. A concentração mais alta do vírus nas secreções nasais ocorre durante os primeiros três dias da infecção, e esse momento coincide com o de maior contágio nas pessoas doentes.

Mas como estes vírus chegam a ocasionar os sintomas do resfriado? Pois bem, após o vírus ingressar no organismo, produz uma ativação do sistema imune (sistema de defesas do organismo), o qual reage frente ao vírus. Como consequência, se verifica um aumento na produção de muco (secreção nasal), a membrana que recobre o nariz por dentro se inflama e gera dificuldade para respirar e congestão nasal, o nariz se irrita (aparecendo os espirros) e aumenta a secreção mucosa que abre passo em direção à garganta (produzindo tosse).

A quem o resfriado pode afetar e em que época do ano aparece?

Ninguém está livre de ter um resfriado. No entanto, as crianças sofrem mais quadros respiratórios deste tipo, em comparação aos adultos. Isto se deve, em parte, ao desenvolvimento incompleto do sistema de defesa das crianças, e por outra parte, ao estreito contato que têm as crianças com outros pares, em âmbitos como a escola, os jardins de infância, os quais favorecem a transmissão da enfermidade.

É frequente que os resfriados apareçam durante o outono e o inverno. Este aumento da incidência durante a estação fria do ano pode ser atribuído ao fato de que vários dos vírus que ocasionam este tipo de quadros, se desenvolvam em ambientes pouco úmidos, o que produz uma secura das fossas nasais, que faz com que estas se tornem mais suscetíveis à infecção. Também durante a temporada mais fria do ano, as pessoas tendem a permanecer por mais tempo em ambientes fechados, o que favorece o contato com outras pessoas e o contágio das enfermidades respiratórias. Apesar disto, a razão pela qual uma pessoa tem mais probabilidades de se infectar em um determinado momento, não é conhecida com exatidão. A exposição ao frio não faz com que uma pessoa se resfrie, nem com que aumente sua suscetibilidade a infectar-se com um vírus respiratório. O estado geral de saúde do indivíduo e seus hábitos alimentares também não parecem influenciar no desenvolvimento do resfriado. Fatores como alterações do nariz ou da garganta, amídalas de grande tamanho ou adenoides também não parecem repercutir. Não obstante, ocorrem o cansaço, a ansiedade, as alergias da garganta ou do nariz e as mudanças hormonais como as que sucedem na segunda metade do ciclo menstrual teriam alguma relação com o aparecimento dos primeiros sintomas da enfermidade.

Os sintomas e as possíveis complicações

Os sintomas dos resfriados são consequência da inflamação provocada pelos vírus no epitélio e na mucosa que recobrem o nariz e a garganta.

Os sintomas do resfriado aparecem após um a três dias desde a produção do contágio. Com frequência, os primeiros sintomas são uma sensação de mal-estar no nariz ou dor de garganta. Estes sintomas se resolvem em um prazo de dias. Os espirros, a tosse e a congestão e secreção nasal aparecem após as 24 a 48 horas posteriores ao começo dos primeiros sintomas, e são acompanhados de uma sensação de leve abatimento. A febre não é um sintoma comum, ainda que ocasionalmente a temperatura do corpo possa aumentar quando começam os sintomas. Nos primeiros dias, a secreção nasal é aquosa, clara e pode ser muito incômoda. As características das secreções podem mudar com o passar do tempo. Tornam-se mais espessas, opacas, de cor amarela esverdeada e diminuem em quantidade. O pico dos sintomas é ao redor do dia 3 ou 4 desde o seu começo, e sua resolução ocorre ao redor do dia 7. Os sintomas, comumente, desaparecem em 4 a 10 dias, apesar da tosse, com ou sem expectoração, habitualmente persistir por mais uma semana.

O comprometimento da traqueia, associado a uma sensação de aperto e queimação no peito, é comum em algumas pessoas, em particular quando a infecção é produzida por certos vírus. Sujeitos com bronquite ou asma persistente podem apresentar uma maior dificuldade para respirar durante um resfriado e logo após o mesmo. Como consequência do resfriado, e imediatamente após seu desaparecimento, pode surgir uma infecção bacteriana dos ouvidos, dos seios paranasais ou da traqueia e vias respiratórias (infecção traqueobrônquica), a qual deve ser tratada com antibióticos. A pneumonia e as infecções da garganta também podem ser complicações do resfriado. As crianças com resfriado comum, frequentemente, desenvolvem complicações tais como infecção do ouvido.
É importante destacar que se os sintomas não melhorarem em um prazo de uma a duas semanas, é aconselhável a realização de uma consulta médica.

A abordagem terapêutica

Infelizmente, ainda não existe uma cura para o resfriado comum. É por esta razão que o tratamento está focado no alívio dos sintomas (tosse, congestão nasal e rinorreia, entre outros), seja mediante o emprego de medicamentos, remédios alternativos e medidas gerais. O resfriado é uma das afecções contra as quais, comumente, se empregam medicamentos de venda livre. O tratamento inclui anti-histamínicos de venda livre, descongestionantes, antitussígenos e expectorantes. Esses medicamentos podem ser utilizados sozinhos ou em combinação.

Em geral, os antibióticos não se mostram eficazes no tratamento do resfriado, já que não exercem ação contra os vírus. A administração destes é reservada somente para os casos em que se comprova a presença de uma infecção por bactérias, desenvolvida como complicação do resfriado.

Os descongestionantes tópicos (intranasais) e orais demonstraram um alívio dos sintomas nasais e podem ser utilizados em adolescentes e adultos. Estes agentes permitem obter um alívio temporário dos sintomas. Os anti-histamínicos de venda livre reduzem a secreção nasal e aliviam a tosse.

A tosse pode ser a única maneira de permitir a eliminação de secreções das vias respiratórias. Esta é, talvez, a razão pela qual muitas vezes se prefira não tratar esse sintoma. No entanto, quando a tosse se torna intensa, interfere no sono ou provoca um grande mal-estar, e pode ser tratada com um antitussígeno.

Para aliviar a dor ou a febre, podem-se administrar analgésicos ou antipiréticos, como o ibuprofeno ou o paracetamol. Para o tratamento do resfriado existe, além disso, uma série de medidas gerais que devem ser postas em prática para combater os sintomas e encurtar o período da enfermidade. Evitar o frio e fazer repouso é essencial. Dessa maneira, evita-se por sua vez o contágio da enfermidade em outras pessoas, sobretudo nas primeiras etapas da infecção. Ingerir líquido em abundância é uma medida que permite manter as secreções líquidas para que sejam mais fáceis de eliminar. Água, suco, chá e sopa quente são boas opções. Os líquidos ingeridos ajudam a substituir os fluidos que são perdidos devido à produção de muco ou à febre. Por outro lado, o aumento da ingestão de líquidos ajuda a manter úmido o epitélio do nariz e da garganta, além de prevenir a desidratação. Inalar vapor ou névoa por meio de um vaporizador é um método que pode mostrar-se útil para separar as secreções e reduzir a opressão do peito. As terapias complementares, como o ar umedecido e a ingestão de fluidos, além de se mostrarem úteis no alívio dos sintomas, possuem a vantagem o fato de não apresentarem efeitos adversos.

A lavagem dos canais nasais com uma solução salina pode ajudar a eliminar as secreções mais persistentes. Em crianças pequenas, pode-se utilizar uma seringa pequena para extrair as secreções. Por outro lado, a fumaça do cigarro deve ser evitada, já que esta aumenta a irritação na garganta e no nariz, podendo, dessa maneira, exacerbar os sintomas. O álcool e a cafeína também devem ser evitados, pois podem provocar ou aumentar a desidratação.

As medidas preventivas adequadas podem reduzir o risco de desenvolver um resfriado. Algumas destas medidas são: evitar o contato direto com pessoas resfriadas, lavar as mãos com frequência e evitar o contato de mãos sujas com a boca, olhos e nariz, e da mesma maneira quando se esteja próximo a uma pessoa resfriada. No caso das crianças, deve-se assegurar que os brinquedos e os locais de brincadeira estejam limpos, especialmente se houver muitas crianças brincando. Aconselha-se às pessoas resfriadas que, ao tossir ou espirrar, utilizem um lenço de papel e o descartem logo, procedendo então, imediatamente, à lavagem das mãos.

Remédios alternativos

As terapias alternativas, provavelmente, não curam o resfriado, mas podem ajudar a fazer com que as pessoas se sintam melhor aliviando os sintomas. As terapias complementares não tradicionais e alternativas, utilizadas para tratar o resfriado comum, incluem a Echinacea, a vitamina C e o zinco. Os preparados com Echinacea podem mostrar-se úteis no momento de prevenir o desenvolvimento de um resfriado ou aliviar os sintomas, ainda que não se tenham comprovado por completo seus efeitos.

Altas doses de vitamina C – mais de 6 g por dia – podem ter um efeito na redução dos sintomas de resfriado. A profilaxia com vitamina C pode reduzir a duração e a severidade do resfriado na população em geral e pode ajudar a reduzir também a incidência da enfermidade em pessoas expostas a estresse físico e ambiental. Em relação ao emprego de zinco, existe evidência de que os preparados de zinco a serem ingeridos nas primeiras etapas do resfriado podem ajudar a reduzir os sintomas.

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