Probióticos naturais e industrializados: há diferença?

Probióticos naturais e industrializados: há diferença?

Diretora e professora da Associação Brasileira de Nutrologia explica mais sobre a ação dos probióticos e a diferença entre aqueles considerados “naturais” e os industrializados

Ultimamente, não se fala em outra coisa: os probióticos estão em várias pesquisas e trabalhos científicos, apontados como estratégias alimentares para melhorar a imunidade e controlar desde a inflamação do corpo, ajudando a tratar várias doenças, até a depressão e problemas psicológicos. “Nos últimos anos, muitas pesquisas relataram a importância da microbiota para a saúde humana e os impactos dos probióticos na manutenção do equilíbrio e funções da microbiota, demonstrando que, sim, quando bem indicadas, essas bactérias realmente funcionam”, afirma a médica nutróloga Dra. Marcella Garcez, diretora e professora da Associação Brasileira de Nutrologia. A seguir, conversamos com a médica para detalhar mais a atuação dessas bactérias, diferenciadas entre aquelas “naturais” e as industrializadas:

Qual o papel deles na imunidade como um todo?

Dra. Marcella: A microbiota está localizada em diversas superfícies, porém a maior concentração de micro-organismos está no intestino e temos um tecido linfoide associado à parede do intestino, responsável por boa parte das respostas imunológicas do organismo, e essas respostas do sistema imune são diretamente impactadas pelo equilíbrio e metabolismo do intestinal.

Microbiota intestinal.

O que são probióticos naturais, onde são encontrados e quais suas indicações?

Dra. Marcella: Os probióticos naturais são alimentos funcionais fermentados ou enriquecidos com colônias de bactérias benéficas, artesanais ou industrializadas, que podem ter propriedades nutracêuticas pela presença dos micro-organismos. Entre eles, podemos citar alguns iogurtes e coalhadas caseiras, queijos, kombucha, vegetais fermentados como chucrute, picles e kimchi, kefir de água ou leite, fermentados à base de soja como missô, natto e tempeh. Eles são indicados para consumo frequente, incluídos no hábito alimentar, pois além dos nutrientes presentes, esses alimentos contêm leveduras e bactérias boas que ajudam na manutenção da saúde, contribuindo para o equilíbrio da microbiota e o processo digestivo.

O que são probióticos industrializados e quais suas indicações?

Dra. Marcella: Os probióticos industrializados podem ser alimentos modificados industrialmente para se tornarem funcionais ou suplementos alimentares para serem consumidos por suas especificidades. A grande diferença desses produtos para os naturais é que sabemos exatamente quais as espécies de micro-organismos presentes e a quantidade de colônias contidas neles. As indicações são todas as ações específicas de cada cepa presente naquele alimento ou suplemento, como melhora de alterações digestivas, como constipação e diarreia, atopias e processos alérgicos. Porém, cada vez mais estudos demonstram suas indicações na terapia complementar de disfunções imunológicas, doenças de pele, doenças metabólicas como obesidade e diabetes, distúrbios psiquiátricos, doenças inflamatórias e degenerativas.

Quais são os melhores?

Dra. Marcella: Os alimentos industrializados enriquecidos com probióticos específicos e funcionais têm suas indicações e a composição nos rótulos dos produtos, e essas informações devem ser consideradas no momento da compra, pois elas orientam escolhas acertadas. Os melhores probióticos suplementares são aqueles que têm ação descrita, na literatura científica, para aquela queixa ou objetivo, de quem o consome. Alguns deles são de exclusiva prescrição médica, em virtude da composição e concentração.

Os naturais e os industrializados possuem contraindicações?

Dra. Marcella: O grande risco dos naturais artesanais é a contaminação por micro-organismos patogênicos. Portanto, ao menor sinal de contaminação o produto deve ser descartado. Os alimentos probióticos industrializados geralmente são muito seguros e praticamente sem contraindicações, desde que bem conservados e dentro do prazo de validade. Os probióticos suplementares podem ser contraindicados aos pacientes graves ou críticos. Probióticos com muitas cepas ou grandes quantidades de colônias podem ter efeitos colaterais e contraindicações, deste modo devem ser utilizados com acompanhamento médico.

Ambos precisam de indicação médica ou, no caso dos naturais, é possível inseri-los em um plano alimentar de rotina?

Dra. Marcella: Os que idealmente deveriam ser consumidos após prescrição médica são os suplementos de probióticos, por suas especificidades e riscos de efeitos colaterais. Já os alimentos probióticos naturais e industrializados, podem ser consumidos dentro de um plano alimentar.

Fonte:
Dra. Marcella Garcez. Médica Nutróloga, Mestre em Ciências da Saúde pela Escola de Medicina da PUCPR, Diretora da Associação Brasileira de Nutrologia e Docente do Curso Nacional de Nutrologia da ABRAN. A médica é Membro da Câmara Técnica de Nutrologia do CRMPR, Coordenadora da Liga Acadêmica de Nutrologia do Paraná e Pesquisadora em Suplementos Alimentares no Serviço de Nutrologia do Hospital do Servidor Público de São Paulo.