Prevenção, controle e hábitos saudáveis; o caminho contra as arritmias cardíacas

Prevenção, controle e hábitos saudáveis; o caminho contra as arritmias cardíacas

Dia nacional de prevenção à doença reitera a importância do acompanhamento médico e tratamento contínuo para evitar o grave desfecho de morte súbita

Já ouviu falar em arritmias cardíacas? Recentemente a doença voltou aos holofotes ao redor do mundo após, no último dia 29 de outubro, o jogador do Barcelona e da seleção argentina de futebol, Sérgio Aguero, deixar o campo após sentir fortes dores no peito durante uma partida do seu clube pelo campeonato espanhol. Diagnosticado com arritmia, Aguero foi afastado das atividades pelo período de três meses para avaliação do quadro e tratamento.

Mais cedo, em junho deste ano, o mundo já havia se assustado com outro futebolista, o dinamarquês Christian Ericksen, que teve um mal súbito no meio de um jogo pela Eurocopa, tendo de ser reanimado em campo. A causa também foi uma arritmia.

Casos como esses acendem o alerta para uma doença que pode ser silenciosa e, consequentemente, fatal. Por aqui, estimativas dão conta de que as arritmias afetam hoje cerca de 20 milhões de Brasileiros, sendo responsável todos os anos pela morte súbita de mais de 320 mil pessoas no País1. Para conscientizar a população sobre esses riscos criou-se o Dia Nacional de Prevenção às Arritmias Cardíacas e Morte Súbita, celebrado no dia 12 de novembro.

“As arritmias afetam diversos perfis de pacientes e não é sempre que apresentam sintomas. Entretanto, quando ocorrem, podem ser diversos: sensação de fraqueza e cansaço, mal-estar, pressão baixa e tontura, dor no peito, palpitação, confusão mental e até mesmo desmaios ou síncopes”, explica o Dr. Jairo Lins Borges, professor da disciplina de Cardiologia da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e consultor científico da Libbs Farmacêutica. “Nos casos mais graves, pode ocorrer uma parada cardiorrespiratória fatal – é por esse motivo que os índices de morte súbita por arritmias cardíacas são tão altos”, completa.2

Mas afinal, o que são as arritmias?

O médico explica que as arritmias cardíacas são um conjunto de alterações que ocorrem na frequência e no ritmo dos batimentos do coração. Segundo ele, a coordenação do ritmo cardíaco é promovida por impulsos elétricos gerados no próprio coração, mas há situações em que os batimentos ocorrem de maneira irregular. “Podem ocorrer batimentos muito rápidos, acima de 100 por minuto, que caracterizam a taquicardia ou muito lentos, abaixo de 60 por minuto, a chamada bradicardia”, detalha.3

Existe ainda um terceiro tipo de arritmia que é a mais comum na prática clínica, de acordo com o especialista: a fibrilação atrial. “Ela tem apresentado incidência crescente, especialmente pelo aumento da expectativa de vida da população e da prevalência das doenças cardiovasculares. Portanto, se a pessoa notar alguma irregularidade em seus batimentos cardíacos ou no pulso, é melhor agendar uma visita ao médico”3.

Dr Jairo alerta ainda que pessoas de idade mais avançada, com histórico de doenças cardíacas, que sofreram um infarto, têm pressão alta ou alterações na tireoide tem maior predisposição para a arritmia.2

Existe tratamento?

A boa notícia é que grande parte das arritmias pode ser prevenida, controlada e até mesmo revertida com simples mudanças nos hábitos de vida.4 “A qualidade de vida do paciente com arritmia cardíaca está diretamente relacionada ao seu estilo de vida e aos cuidados para o controle da doença. É necessário adotar hábitos saudáveis e evitar os fatores de risco para a condição”. Segundo o médico, tais hábitos incluem alimentação balanceada; não fumar; baixo consumo de bebidas alcoólicas e energéticos; cuidar da saúde emocional, evitando o estresse excessivo; praticar atividade física regularmente e ter horas de sono adequadas.5

“Também é importante prestar atenção aos sinais do coração, como irregularidades nos batimentos, e consultar um médico cardiologista pelo menos uma vez ao ano para realizar exames preventivos”, recomenda o médico.5

Além disso, a mudança no estilo de vida pode precisar ser acompanhada de tratamento medicamentoso, sempre de acordo com a recomendação médica. Para esse tratamento “existem medicamentos específicos que atuam na estabilização dos impulsos elétricos que comandam o ritmo cardíaco – e que são chamados de antiarrítmicos”. Em alguns casos, pode ser necessário realizar ablação por cateter (procedimento que pode diminuir e até curar algumas formas de arritmia), implante de dispositivos como o marca-passo ou o desfibrilador, e até mesmo cirurgias. “De qualquer maneira, é imprescindível que o paciente com arritmia seja acompanhado de perto por um especialista para avaliar a necessidade de tratamento ou o risco de recorrência da doença. Com o tratamento contínuo, é possível reduzir o risco de morte súbita e melhorar a qualidade de vida, além de, inclusive, proteger o coração”, finaliza.5

Referências

1.Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (SOBRAC). Campanha Coração na Batida Certa: Brasil em ação pela prevenção e tratamento das arritmias cardíacas e morte súbita. [internet]. [acesso em 10 nov 2021]. Disponível em hiperlink

2. Priori SG, Blomström-Lundqvist C, Mazzanti A, et al; ESC Scientific Document Group. 2015 ESC Guidelines for the management of patients with ventricular arrhythmias and the prevention of sudden cardiac death: The Task Force for the Management of Patients with Ventricular Arrhythmias and the Prevention of Sudden Cardiac Death of the European Society of Cardiology (ESC). Endorsed by: Association for European Paediatric and Congenital Cardiology (AEPC). Eur Heart J. 2015;36(41):2793-2867.

3.Chugh SS, Havmoeller R, Narayanan K, et al. Worldwide epidemiology of atrial fibrillation: a Global Burden of Disease 2010 Study. Circulation. 2014;129(8):837-47.

4. Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (SOBRAC). Arritmias cardíacas: mitos e verdades. [internet]. [acesso em 10 nov 2021]. Disponível em hiperlink

5. Lorga, Adalberto et al. Diretrizes para avaliação e tratamento de pacientes com arritmias cardíacas. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 79, p. 1-50, 2002.

Fonte: Libbs