Pressão alta pode acelerar o envelhecimento ósseo

Pressão alta pode acelerar o envelhecimento ósseo

17 de maio é o Dia Mundial da Hipertensão

A data 17 de maio é o Dia Mundial da Hipertensão. Além de aumentar os riscos no coração e nos rins, a pressão alta também pode estar ligada a um processo degenerativo ortopédico, aumentando o envelhecimento ósseo. A pressão arterial é a força que o sangue exerce contra as paredes arteriais quando é bombeado pelo coração e circula pelas artérias. Mas um estudo mostrou que a hipertensão acelera o envelhecimento ósseo. “Isso é um sinal de alerta, porque as perdas e danos ósseos facilitam as quedas e fraturas”, alerta o Dr. Marcos Cortelazo, ortopedista especialista em joelho e traumatologia esportiva, membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT).

Osteoporose

No estudo, quando a pressão alta foi induzida em camundongos jovens, eles tiveram perda óssea e danos ósseos relacionados à osteoporose comparáveis a camundongos mais velhos. A pesquisa foi apresentada na conferência Hypertension Scientific Sessions 2022 da American Heart Association. “A hipertensão arterial e a osteoporose são doenças prevalentes e as pessoas podem ter ambas ao mesmo tempo. Neste estudo, os pesquisadores examinaram a inflamação associada à pressão alta em camundongos e descobriram que ela pode estar ligada à osteoporose. A medula óssea é onde o novo osso e as novas células imunológicas são produzidas. Os autores suspeitam que mais células imunológicas pró-inflamatórias na medula óssea possam estar causando danos ao osso e tornando-o mais fraco”, explica o médico Dr. Marcos. “Ao entender como a hipertensão contribui para a osteoporose, podemos reduzir o risco de osteoporose e proteger melhor as pessoas de fraturas por fragilidade e uma qualidade de vida inferior”, destaca.

No estudo, os pesquisadores compararam camundongos jovens com hipertensão induzida a camundongos mais velhos sem hipertensão para avaliar a possível relação da hipertensão com o envelhecimento ósseo. O equivalente à idade humana era de cerca de 20 a 30 anos para os camundongos jovens e de 47 a 56 anos para os camundongos mais velhos. Depois de seis semanas, os pesquisadores analisaram os ossos de camundongos de todos os quatro grupos usando microtomografia computadorizada, uma técnica de imagem avançada. A saúde óssea foi determinada pela força e densidade do osso. “Quando comparados aos camundongos jovens sem hipertensão, os camundongos jovens com hipertensão induzida tiveram uma redução significativa de 24% na fração de volume ósseo, uma redução de 18% na espessura do osso trabecular esponjoso localizado no final de ossos longos, como fêmures e da coluna vertebral, e uma redução de 34% na força de falha estimada, que é a capacidade dos ossos de suportar diferentes tipos de força. A força de falha se traduz em ossos mais fracos. Na coluna, a fraqueza óssea pode levar a fraturas vertebrais mais tarde na vida”, conta o médico.

Nesses camundongos, ser hipertenso em uma idade mais jovem essencialmente envelheceu os ossos como se fossem 15 a 25 anos humanos mais velhos. “Em humanos, isso pode significar que devemos rastrear a osteoporose em pessoas com pressão alta. As limitações do estudo incluem que é apenas descritivo, portanto, pesquisas adicionais são necessárias para investigar como especificamente os diferentes tipos de células imunes podem contribuir para a perda óssea, mostrando essa relação da hipertensão com o envelhecimento ósseo”, finaliza o médico.

Fonte:
Dr. Marcos Cortelazo. Ortopedista especialista em joelho e traumatologia esportiva. Graduado em Medicina e pós-graduado em Ortopedia e Traumatologia pela Escola Paulista de Medicina/Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP. Membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), da Sociedade Latino-americana de Artroscopia, Joelho e Esporte (SLARD) e da Sociedade Internacional de Artroscopia, Cirurgia do Joelho e Medicina do Esporte (ISAKOS). Sócio efetivo da Sociedade Brasileira de Cirurgia do Joelho e da Sociedade Brasileira de Artroscopia, o especialista integra o corpo clínico dos hospitais Albert Einstein, São Luiz e Oswaldo Cruz. CRM 76316.