Dia Internacional da Mulher: muito já foi conquistado, mas o caminho à frente ainda é longo

Dia Internacional da Mulher: muito já foi conquistado, mas o caminho à frente ainda é longo

Por Patriciana Rodrigues*

Oficializado pela ONU em 1975, o Dia Internacional da Mulher simboliza a luta histórica das mulheres pela equiparação de direitos, oportunidades e tratamento aos dos homens. Quase 50 anos depois, a lista de conquistas é extensa, mas a luta contra o machismo e da desigualdade está longe do fim. 

Em 2020, o Brasil contabilizou mais de 5 milhões de mulheres matriculadas no ensino superior, o que representa quase 58% do total de alunos. Nesse mesmo ano, elas também foram maioria entre os alunos que concluíram o ensino superior no Brasil, chegando a 60% dos formandos[1]. Também representamos 43% dos trabalhadores no Brasil. Mas, em um mundo estruturalmente machista, à medida que subimos a estrutura hierárquica das empresas, nossa presença é cada vez menor: passamos de 37% nos cargos de gerência a apenas 10% à frente dos comitês executivos[2].

Mas, ainda que estejamos conquistando cada vez mais espaço dentro e fora do mundo corporativo, noto que o nível de exigência em relação às mulheres é sempre maior — precisamos estudar mais e nos empenhar mais antes de nos lançarmos em um novo desafio. Para esse tipo de situação tenho dois conselhos. O primeiro é: seja ousada. Mesmo que não possua todos os atributos e ferramentas necessários, corra atrás. E o segundo: seja humilde. Entenda que você não conseguirá abraçar o mundo e peça ajuda. Use sua rede de apoio para não ficar sobrecarregada pelos diferentes papeis que deseja desempenhar.

Em um mundo dominado por homens, mulheres em posição de liderança ainda causam espanto. Falo por experiência própria, já que sempre fui incentivada pela minha família a correr atrás dos meus sonhos e alçar voos cada vez mais altos. Mas quando assumi o cargo de diretora de compras da companhia, cansei de sentar à mesa de negociação com diretores de grandes multinacionais que queriam saber ‘a que horas o chefe iria chegar’ para poderem iniciar a reunião. Como levar a sério uma mulher, nordestina, e ainda por cima, jovem?

Até hoje, muito se fala sobre as diferenças entre homens e mulheres e o que nos torna mais ou menos aptas a exercer determinados papeis. Mas são justamente nossas características únicas, como a empatia e a resiliência diante de situações desafiadoras, que enriquecem o ambiente de trabalho. Desde que passei a atuar na presidência do conselho de uma das maiores varejistas do país, posição ainda rara para uma mulher, busco investir nessas características para estimular um ambiente de trabalho harmonioso e acolhedor. Com o passar do tempo, posso dizer que essa decisão tem resultado em uma equipe mais motivada, relacionamentos melhores com nossos clientes e fornecedores e, consequentemente, melhores resultados financeiros.. É importante lembrar que, de acordo com a B3, das 423 companhias listadas na bolsa de valores brasileira, 61% não têm nenhuma mulher entre seus diretores estatutários, 26% têm apenas uma mulher nesses cargos e somente 6% das companhias têm três ou mais mulheres na diretoria estatutária[3].

A liderança do futuro está nas nossas mãos. Portanto, sejamos mais empáticas e atentas ao próximo para podermos conduzir e, acima de tudo, inspirar as futuras gerações de mulheres.

*Patriciana Rodrigues, presidente do Conselho de Administração da Pague Menos e atua na companhia desde os 19 anos. A Pague Menos possui o certificado Women on Board (WOB), uma iniciativa independente apoiada pela ONU Mulheres, que reconhece empresas que tenham pelo menos duas mulheres em seu Conselho de Administração. É a única companhia do varejo farmacêutico listada no ranking das 10 melhores empresas para se trabalhar no Brasil, da Great Place to Work (GPTW) – e a integrar a carteira IGPTW, índice criado no início de 2022 pela B3 em parceria com a GPTW.

Fonte: Pague Menos