OUTUBRO ROSA: inovações elevam chance de cura do câncer de mama e qualidade de vida das pacientes

OUTUBRO ROSA: inovações elevam chance de cura do câncer de mama e qualidade de vida das pacientes

Rastreamento e conscientização sobre detecção precoce podem resultar em até 95% de êxito no tratamento

A inovação nos procedimentos de diagnóstico e detecção precoce tem sido fundamental para elevar as chances de cura e melhorar a qualidade de vida das pacientes com câncer de mama. A campanha Outubro Rosa, de conscientização e orientação sobre a doença, destaca a necessidade da prevenção e a mensagem de que quanto mais cedo a neoplasia é localizada, maiores as possibilidades de êxito do tratamento.

O câncer de mama é o mais incidente entre as mulheres, depois do câncer de pele. O Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima 73.610 novos casos de câncer de mama em 2024 – 10,5% de todas as 704 mil ocorrências de câncer esperadas no ano.

O Inca também aponta que a identificação dos tumores malignos em fase inicial, quando ainda não são notados sintomas, eleva para até 95% as chances de cura. Avanços significativos no tratamento impactam cada vez mais positivamente os resultados e os prognósticos.

O autoexame, embora importante, não é suficiente para que os tumores malignos no seio possam ser detectados antecipadamente, reforça o oncologista do Centro de Oncologia Campinas, Fernando Medina. “Mamografias regulares são essenciais, principalmente para mulheres acima de 40 anos. Todas as anormalidades na mama precisam ser investigadas. Vale destacar que mais de 80% dos achados de mama não são câncer”, observa.

Um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Federal Fluminense (UFF) mostrou que uma em cada seis mortes por câncer de mama acontece em mulheres com menos de 50 anos, o que justifica a necessidade de iniciar o rastreamento para a doença aos 40 anos de idade, e não aos 50, como recomenda o Ministério da Saúde.

“É necessário procurar um médico e seguir suas indicações, porque cada situação é única. O estilo de vida influencia em cerca de 75% dos casos de câncer de mama. Alterações genéticas, hereditariedade e outras causas respondem pelo restante. E o que é importante: nós podemos sim agir contra esses fatores de risco”, reforça.

Detecção e tratamentos

Houve muitos progressos nos exames utilizados para detectar o câncer de mama e possibilitar a identificação de tumores ainda em fase inicial, explica o médico. “A mamografia 3D (Tomossíntese) oferece imagens mais detalhadas, permitindo a identificação de tumores menores e reduzindo a necessidade de biópsias desnecessárias”, detalha.

“A ressonância magnética é útil para avaliar a extensão do câncer, especialmente em casos de mamas densas ou em pacientes com alto risco, enquanto os biomarcadores e testes genéticos permitem identificar pacientes com maior risco de recorrência ou metástase, possibilitando tratamentos mais personalizados e eficazes”, explica.

Associados aos progressos na detecção precoce estão os tratamentos personalizados, capazes de elevar a porcentagem de sucesso no enfrentamento aos tumores da mama. A vanguarda do tratamento do câncer de mama inclui, por exemplo, a terapia alvo.

“Existem medicamentos que atuam em alterações genéticas específicas das células tumorais, como o Trastuzumabe para tumores HER2-positivos. Esses medicamentos atacam especificamente as células cancerígenas, o que contribui para evitar danos às células sadias. O principal objetivo do tratamento é direcionar as ações às moléculas fundamentais ao crescimento tumoral”, detalha Fernando Medina.
O médico oncologista destaca os resultados positivos da imunoterapia no tratamento contra o câncer de mama. “A imunoterapia estimula o sistema imunológico a combater o câncer, com resultados promissores em alguns subtipos de câncer de mama”.

A melhora do prognóstico, sobretudo quando da identificação de tumores em fase inicial, é resultado de outras conquistas da medicina. “A radioterapia guiada por imagem permite direcionar a radiação com maior precisão, minimizando os efeitos colaterais em tecidos saudáveis”, indica. “E hoje podemos realizar cirurgia menos invasiva. Técnicas como a cirurgia conservadora da mama e a biópsia do linfonodo sentinela reduzem o impacto da cirurgia e melhoram a recuperação.”

Resultados

As inovações para o tratamento do câncer de mama têm implicações, como o aumento dos índices de cura, lembra Fernando Medina. “A detecção precoce e os tratamentos mais eficazes têm contribuído para a melhora das taxas de cura do câncer de mama, que superam os 90% quando a detecção do tumor ocorre precocemente”.

O Inca projeta uma incidência de 41,89 casos de câncer de mama por 100.000 mulheres e taxa de mortalidade de 11,71/100 mil. A doença continua sendo o tipo de câncer que mais mata mulheres, porém, a melhora no êxito dos tratamentos influencia positivamente na redução da mortalidade. “Além disso, os tratamentos menos invasivos e as terapias personalizadas permitem que as pacientes mantenham uma melhor qualidade de vida durante e após o tratamento”, completa o oncologista do COC.

“A inovação em tratamentos personalizados para o câncer de mama representa um avanço significativo na oncologia, oferecendo terapias mais direcionadas e eficazes, com menos efeitos colaterais para as pacientes. Essa abordagem revolucionária se baseia na compreensão das características genéticas e moleculares únicas de cada tumor, permitindo a seleção de medicamentos e estratégias terapêuticas que atuam especificamente nas células cancerígenas, preservando ao máximo os tecidos saudáveis”, explica o médico.

Prevenção

Fernando Medina ressalta que na linha de frente da prevenção primária ao câncer de mama está o estilo de vida saudável: boa alimentação, controle da ingestão de bebidas alcóolicas, sobretudo destilados, e atividades físicas regulares. “Exatamente tudo que faz bem para a saúde em geral e contribui para evitar a obesidade, um outro importante fator de risco do câncer de mama. A obesidade, por sinal, acarreta tecido mamário denso, com muitas glândulas e quanto mais glândulas, maiores as chances”, resume.

A prevenção primária, indica, deve se somar à prevenção secundária para poder abraçar de forma eficiente a tarefa de minimizar os riscos do câncer de mama. A prevenção secundária envolve todas as ações voltadas ao diagnóstico precoce. Conhecer a própria mama por meio do autoexame contribui para detectar anormalidades. Porém, a mamografia é ainda mais eficiente.

“A mamografia tem a capacidade de detectar o câncer quando ele ainda não é sensível ao toque, o que resulta em um diagnóstico ainda mais precoce e com melhores chances de resposta ao tratamento”, confirma. Embora atinja mulheres de todas as idades, o câncer de mama é mais prevalente a partir dos 40 anos. As mulheres negras costumam apresentar tipos mais agressivos da doença .

Fonte:

Dr. Fernando Medina da Cunha é Oncologista Clínico e diretor técnico do Centro de Oncologia Campinas. Foi fundador e chefe da Disciplina de Oncologia Clínica do departamento de Clínica Médica da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp. Também presidiu a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica.
CRM: 43.587.