Outubro Rosa: a compreensão é parceira da cura
O Outubro Rosa é uma campanha de conscientização realizada anualmente no mês de outubro, com o objetivo de alertar a sociedade sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama. A informação é arma essencial para melhorar as estatísticas que fazem do câncer de mama a principal causa de mortes pela neoplasia em mulheres. Se todos entendessem o quanto o diagnóstico precoce é valioso no processo de cura, com certeza a adesão às mamografias e aos exames regulares seria muito maior. A compreensão é parceira da cura.
A cor rosa simboliza a campanha e durante todo o mês de outubro, monumentos e locais públicos são iluminados ou decorados com essa cor. A ideia é promover a conscientização do público geral sobre a doença, proporcionar maiores chances de cura e reduzir a mortalidade. É preciso lembrar que, mesmo sendo mais comum em mulheres, o câncer de mama também pode atingir os homens, por isso é fundamental a conscientização para todos.
A campanha Outubro Rosa também destaca a importância do autoexame das mamas e das consultas regulares ao médico. O diagnóstico precoce é um dos fatores que mais contribuem para a cura do câncer de mama e o autoexame é um dos melhores métodos para a identificação precoce da doença. Além disso, mamografias regulares são essenciais, principalmente para mulheres acima de 40 anos.
Todas as anormalidades na mama precisam ser investigadas por meio de mamografias e outros exames, embora mais de 80% dos achados de mama não sejam câncer.
O Centro de Oncologia Campinas fez um levantamento de 920 casos de câncer de mama atendidos recentemente na unidade. Os resultados confirmam que a detecção precoce e o tratamento correto, somados aos avanços da medicina, podem fazer a diferença de vida para as mulheres.
Segundo o estudo, 85% dessas pacientes se enquadraram na taxa de sobrevida de 10 anos. Ou seja, viveram ao menos dez anos a partir do diagnóstico da doença.
A taxa de sobrevida é usada para referenciar o prognóstico de um paciente; permite também estabelecer uma probabilidade de sucesso do tratamento. As taxas de sobrevida do câncer de mama têm aumentado graças a campanhas como a do Outubro Rosa, que resultam em maior número de diagnósticos precoces. E também em razão dos avanços da medicina.
Embora atinja mulheres de todas as idades, o câncer de mama é mais prevalente a partir dos 40 anos. As mulheres negras costumam apresentar tipos mais agressivos da doença. Porém, na análise do recorte de casos e raças, estudos mostram que fatores socioeconômicos interferem no coeficiente, uma vez que pretas e pardas têm menos acesso a exames e tratamentos, o que resulta em casos mais avançados da doença.
É importante procurar um médico e seguir suas indicações, porque cada situação é única. O estilo de vida influencia em cerca de 75% dos casos de câncer de mama. Alterações genéticas, hereditariedade e outras causas respondem pelo restante. E o que é importante: nós podemos sim agir contra esses fatores de risco.
Boa alimentação, controle da ingestão de bebidas alcóolicas, sobretudo destilados, e atividades físicas regulares. Exatamente tudo que faz bem para a saúde em geral e contribui para evitar a obesidade auxilia na redução dos fatores de risco do câncer de mama. A obesidade, por sinal, acarreta tecido mamário denso, com muitas glândulas, e quanto mais glândulas, maiores as chances.
Ao longo do mês de outubro, o Centro de Oncologia Campinas realizará uma série de atividades que visam aumentar a conscientização sobre o câncer de mama. Isso inclui conferências nas escolas e empresas, a caminhada para a cura, atividades físicas e palestras sobre dieta saudável e apoio psicológico.
A especialista Anna Savoy também contribuirá para o evento, realizando micropigmentação de aréola e sobrancelha gratuitas para melhorar a autoestima dos pacientes que passaram por tratamentos de câncer.
Além disso, todos poderão participar de conferências semanais sobre câncer de mama, que abrangem tudo, desde detecção precoce até as várias opções de tratamento disponíveis.
O Outubro Rosa evidencia a luta para superar o paradigma de que o diagnóstico é uma sentença condenatória. A evolução dos tratamentos trouxe novas perspectivas e mais confiança aos que são diagnosticados. Porém, é preciso colaboração para conseguir êxito na missão de alcançar o diagnóstico precoce.
Autor:
Dr. Fernando Medina da Cunha é oncologista clínico e diretor técnico do Centro de Oncologia Campinas (COC) e do Centro do Câncer da Santa Casa de Piracicaba (CECAN). É formado pela Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais e tem doutorado em oncologia clínica pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). CRM: 43.587.