O olho seco, uma síndrome irritante
A síndrome do olho seco, também conhecida como ceratoconjuntivite sicca, é uma condição muito frequente que altera muito a qualidade de vida de quem sofre com isso. Na sua origem, há múltiplos fatores que alteram a fina camada de lágrimas que cobre a superfície do olho.
Com respeito a sua origem, pode haver várias causas que afetam a superfície ocular e as lágrimas, causando uma sensação de desconforto e alterações na visão. No general, é uma condição que persiste com o passar do tempo, por isso deve ser tratada por um período prolongado e até indefinidamente.
Em termos gerais, duas principais causas de olho seco podem ser distinguidas: uma produção menor de lágrimas ou uma evaporação maior das lágrimas que formam a película fina que cobre a superfície do olho. Em ambos os casos, a lesão e o surgimento de infecções são secundários.
As manifestações provocadas pelo olho seco são várias: secura, vermelhidão dos olhos ou pálpebras, queimadura, pontadas, sensação de areia ou presença de algum objeto estranho no olho, maior sensibilidade à luz, visão turva, fadiga ocular e, embora pareça paradoxal, lacrimejamento excessivo. Além disso, essas manifestações podem estar associadas a uma menor qualidade de vida, ansiedade e depressão à medida que esses sintomas aumentam. Felizmente, as complicações do olho seco são temporárias e melhoram quando tratadas adequadamente.
Fatores de risco
Existem inúmeros fatores que aumentam o risco de apresentar olho seco:
* Idade: o risco aumenta ao longo dos anos.
* Sexo: as mulheres sofrem mais frequentemente do que os homens.
* Alterações hormonais: o risco é maior quando circula uma menor quantidade de hormônios masculinos (por exemplo, após a menopausa).
* Doenças locais: doenças das pálpebras, cirurgia refrativa, uso de certos colírios.
* Doenças sistêmicas: doenças autoimunes, diabetes, doença de Parkinson, tabagismo, deficiências de vitaminas, alguns fármacos.
* Fatores ambientais: uso de lentes de contato, baixa umidade e exposição ao sol, ao pó e ao vento.
* Esforços visuais: realização de atividades durante um longo tempo, como, por exemplo, usar o computador, assistir à televisão, ler ou dirigir.
Essas últimas condições, ou seja, o esforço visual prolongado e os fatores de risco ambientais, especialmente aqueles que tendem a secar o ar, têm um papel importante no agravamento dos sintomas do olho seco. Pesquisas recentes descobriram que assistir à televisão por um longo tempo estava associado a mais episódios de visão turva.
Isso pode ser devido ao fato de que uma grande concentração visual e o olhar fixo para uma tela diminui a frequência das piscadas, que gera uma evaporação maior da camada de lágrimas que normalmente cobre o olho, provocando irritação. Além disso, quando a piscada diminui durante períodos prolongados de leitura, a superfície dos olhos fica mais exposta a estímulos nocivos.
Contudo, o uso habitual do computador geralmente está associado a uma evaporação maior da camada de lágrimas, pois os monitores costumam estar localizados em uma posição que obriga a fixação visual abrindo mais as pálpebras, em comparação com o que acontece se você ler um livro ou uma revista. Além disso, quando a luz ambiente é muito brilhante, pode aumentar o brilho refletido nos monitores, o que dificulta a adaptação da visão aos diferentes níveis de luminosidade.
Algumas recomendações para aliviar o olho seco
Há medidas simples que podem melhorar os sintomas do olho seco, incluindo as mudanças na conduta e na atividade. Para isso, é útil registrar a quantidade de tempo em que a pessoa está exposta a condições desfavoráveis, como ar condicionado, vento, tabagismo e uso de lentes de contato. Também é importante mencionar o tempo em que a pessoa realiza as atividades que exigem fixar a visão e que geralmente reduzem a frequência das piscadas, como dirigir, ler, usar o computador e assistir à televisão.
As estratégias recomendadas incluem: favorecer a piscada frequente, minimizar a exposição ao ar condicionado e aquecimento, usar umidificadores de ambiente em áreas onde permanecer durante uma grande parte do dia, entre outros. O tratamento do olho seco procura aumentar ou complementar a produção de lágrimas e diminuir a evaporação e a reabsorção. Para conseguir, é importante minimizar os fatores que aumentam o risco de sofrer com essa condição. Da mesma forma, é possível usar lágrimas artificiais líquidas, em gel ou pomada, que protegem a fina camada de lágrimas que cobre os olhos e evitam sua evaporação.
Ácidos graxos na síndrome do olho seco
Atualmente, a síndrome do olho seco é definida como um processo de inflamação crônica na superfície ocular que promove mudanças na fisiologia do olho e leva a manifestações da doença.
Os ácidos graxos essenciais (AGEs) são necessários para manter a boa saúde e não podem ser sintetizados pelos seres humanos. Por isso, é essencial suplementar, uma vez que o nosso organismo não produz. Os ácidos graxos poliinsaturados mais importantes são o ômega-3 e o ômega-6, ambos desempenham um papel importante na regulação da resposta inflamatória e imunológica. O que diferencia um suplemento do outro, é o equilíbrio correto entre ômega 3 e 6, uma vez que nossa dieta alimentar é rica em ômega 6. Bem como a medida ideal entre DHA e EPA, presentes no ômega 3.
Nos últimos anos, um número crescente de suplementos nutricionais na forma oral contendo ácidos graxos ômega-3 e ômega-6 foi desenvolvido para saúde em geral, porém são poucas as opções com formulação específica para melhorar os sintomas do olho seco disponíveis no Brasil.
Vários estudos sugerem que a suplementação oral com ácidos graxos ômega-3 e ômega-6 pode aliviar os sintomas. Seu efeito terapêutico seria baseado na supressão da resposta inflamatória nos tecidos do olho, bem como a melhora na qualidade da lágrima natural.