A influência do meio ambiente e as mudanças sazonais nas vias respiratórias

Mudanças sazonais

A influência do meio ambiente e as mudanças sazonais nas vias respiratórias

Os brônquios, canais encarregados de transportar o ar aos pulmões, não estão isentos das vicissitudes do clima e das estações

O que é a bronquite?
A bronquite aguda é uma das causas mais comuns de comprometimento da via aérea. É definida como uma inflamação aguda da árvore brônquica, provocada pela invasão da mucosa que recobre os brônquios por parte de distintos agentes microbianos. Frequentemente é acompanhada de outras afecções das vias respiratórias, em particular da nasofaringe e da traqueia (traqueobronquite).

A bronquite aguda é uma doença habitual que pode apresentar-se em qualquer idade, embora seja observada com maior frequência em crianças maiores e adolescentes. Nas crianças, costuma acompanhar outros quadros, como a coqueluche (tosse convulsa), o sarampo e a gripe.

A inflamação da via aérea causa alterações que com a evolução provocam aumento das secreções e formação de tampões de muco. Os esforços de tosse que aparecem na bronquite tentam eliminar esses tampões espessos para o exterior; assim, o reflexo tussígeno torna-se o principal mecanismo de defesa da árvore brônquica.

Quais são as causas?

A bronquite infecciosa manifesta-se com maior frequência durante o inverno. Pode ser ocasionada por vírus e bactérias, em particular por agentes como Mycoplasma pneumoniae e Chlamydia. Os fumantes podem sofrer repetidos ataques de bronquite, da mesma forma que as pessoas que sofrem de doenças pulmonares crônicas ou das pequenas vias aéreas, que dificultam a eliminação de partículas aspiradas nos brônquios. As infecções recorrentes podem ser consequência de uma sinusite crônica, bronquiectasias, alergias e, nas crianças, inflamação das amídalas e da adenoide.

A bronquite irritativa pode ser causada por substâncias como o pó; vapores de ácidos fortes, amoníaco, alguns solventes orgânicos, cloro, sulfeto de hidrogênio, dióxido de enxofre e brometo; substâncias irritantes da poluição ambiental, como o ozônio e o dióxido de nitrogênio, o tabaco e outras substâncias.

Os vírus são talvez os principais agentes envolvidos nos quadros agudos de bronquite. Entre eles, podem ser mencionados: parainfluenza tipos 1, 2 ou 3, vírus sincicial respiratório, influenza A, influenza B, adenovírus, rinovírus, vírus do sarampo. Vírus tais como enterovírus e outros como Epstein-Barr e CMV são causas menos prováveis de bronquite. Agentes bacterianos frequentemente relacionados à bronquite são: Bordetella pertussis, Streptococcus pneumoniae e Haemophilus influenzae.

Quais sintomas podem ser indicativos de uma bronquite?

As manifestações clínicas dependem do momento evolutivo e da idade do indivíduo. Com frequência, a bronquite infecciosa começa com os sintomas de um resfriado comum: secreção nasal, cansaço, calafrios, dores nas costas e muscular, febre leve e inflamação da garganta. O sintoma da tosse geralmente sinaliza o começo da bronquite.

A princípio, a tosse é seca e pode continuar assim, mas frequentemente, ao fim de um ou dois dias, a pessoa expectora pequenas quantidades de escarro branco ou amarelado. Posteriormente, o indivíduo pode expulsar uma secreção muito mais copiosa, que pode adquirir uma cor amarela ou verde. Em pessoas com bronquite grave, pode aparecer febre elevada durante 3 ou 5 dias, ao fim dos quais os sintomas melhoram.Entretanto, a tosse pode persistir várias semanas. Ela é acompanhada de secura da garganta e dor no peito. O acúmulo das secreções brônquicas produz um estreitamento da via aérea. Quando as pequenas vias aéreas estão obstruídas, a pessoa pode sentir sufocação. Não obstante, raramente se produz uma marcada diminuição da entrada de ar. São frequentes também as sibilâncias, especialmente depois de tossir.

Em que consiste o tratamento da bronquite?

Não há um tratamento específico para a bronquite. Este está enfocado no alívio dos sintomas. Se o quadro brônquico é acompanhado de febre, esta pode ceder tomando-se aspirina ou paracetamol. Estes fármacos, juntamente com outros anti-inflamatórios não esteroides, como o ibuprofeno ou naproxeno, podem por sua vez aliviar o mal-estar, que pode acompanhar o quadro, a dor de garganta ou a dor de cabeça.

Como medidas gerais, aconselham-se o repouso e a ingestão abundante de líquido. O ar aquecido e umidificado pode melhorar os sintomas e tem poucos ou nenhum efeito secundário.
Os quadros brônquicos que geram obstrução do fluxo aéreo podem requerer medicamentos inalados, comumente utilizados em pessoas com asma, e que exigem prescrição.

Os antibióticos podem não ser úteis na maioria das pessoas com bronquite, já que a doença costuma ser consequência de uma infecção viral. Como regra geral, vale recordar que os antibióticos tratam infecções bacterianas, não virais. O emprego desnecessário de antibióticos pode ocasionar efeitos secundários e promover a resistência à ação de antibióticos, razão pela qual se a pessoa desenvolve a seguir uma infecção bacteriana, esta pode ser mais difícil de ser tratada. Os casos nos quais estaria justificado o emprego de antibióticos na bronquite são, portanto, quando a causa desta é uma infecção bacteriana, que costuma evidenciar-se pela presença de uma expectoração de cor amarela ou verde e febre alta. Também é o caso de pessoas que desenvolvem quadros brônquicos concomitantemente a uma doença pulmonar de base que costuma ser crônica.

A solução de cloreto de sódio administrada por nebulização através de máscara, peça bucal ou outro dispositivo que se conecte ao nebulizador “hidrata” a via respiratória, aumenta o volume das secreções respiratórias, reduz sua viscosidade e facilita, assim, sua expectoração. Costuma ser empregada em combinação com agentes de ação mucolítica ou que promovam a abertura da via respiratória quando esta se encontra fechada ou obstruída.

Existem quadros, como a fibrose cística e as bronquiectasias, nos quais há um aumento da secreção mucosa que altera a função respiratória. A solução salina hipertônica é empregada para ajudar a aumentar a função pulmonar e reduzir o número de infecções pulmonares associadas ao aumento de secreção mucosa na via aérea.

Bronquite crônica, sinal de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC)

A bronquite crônica é definida como a existência de tosse produtiva crônica que se apresenta na maioria dos dias durante pelo menos três meses ao ano e no decorrer de pelo menos dois anos consecutivos. Esta condição clínica costumar ser uma das principais características da doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). Em torno de 15% dos homens e 8% das mulheres adultas têm bronquite crônica, DPOC ou ambas. Atualmente, há um aumento do consumo de cigarros entre as mulheres jovens, o que pode influenciar futuramente nos dados relacionados à morbilidade da doença. O diagnóstico da DPOC costuma ser tardio, já que, inicialmente e em geral, a doença não produz sintomas. O consumo de cigarros é, sem dúvida, o principal fator de risco da DPOC. De fato, é muito frequente evidenciar um histórico de tabagismo de pelo menos 20 cigarros diários durante ao menos 20 anos. O consumo de tabaco altera a função de células que fazem parte do sistema respiratório.

O diagnóstico da doença baseia-se nos sintomas, técnicas de imagem (radiografia de tórax) e estudo da função pulmonar, que, além de diagnosticar a doença, avalia sua gravidade. A dificuldade respiratória progressiva e a tosse com expectoração são os sintomas característicos. O estudo da função pulmonar é realizado por meio de uma espirometria (teste de função pulmonar em que se solicita ao indivíduo que, depois de realizar uma inspiração máxima, expulse todo o volume de ar que possa).

O tratamento da DPOC requer o abandono do tabaco. Os irritantes ambientais devem ser evitados. Outras medidas efetivas são a vacinação antigripal e antipneumocócica. Em relação ao tratamento farmacológico específico, os broncodilatadores são o pilar fundamental. Dentro deste grande grupo incluem-se os agonistas beta-adrenérgicos e os anticolinérgicos. Os agravamentos da doença podem requerer o tratamento com corticoides. Foram utilizados fármacos que afetam a secreção mucosa, como os mucolíticos e os expectorantes.

A hidratação não excessiva pode ser benéfica, bem como a inalação de vapor de água quente. Como a causa mais comum de descompensação da doença são as infecções respiratórias, costumam ser utilizados antibióticos. Os sinais de infecção bacteriana são o aumento do volume de secreção (escarro), a aquisição por esta de características de purulência, o aumento da dificuldade respiratória ou da tosse e da febre, entre outros.

Um aspecto importante do tratamento da DPOC é a reabilitação e a oxigenoterapia. Os programas de reabilitação demonstraram melhorar a tolerância ao exercício e a qualidade de vida. A oxigenoterapia melhora a sobrevivência nas pessoas com DPOC. Em geral, é indicada quando o indivíduo realiza corretamente o tratamento broncodilatador completo, abandonou o hábito de fumar, mas, ainda assim, o oxigênio que respira não é suficiente para cobrir as demandas.

Em sujeitos com DPOC, a solução salina hipertônica inalada é empregada para a estimulação brônquica e a indução de escarro.

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