Estudo inédito comprova que posologia influencia na adesão ao tratamento do colesterol ruim (LDL)
Cerca 70% dos pacientes foram altamente aderentes ao tratamento com inclisirana, vs 51% com alirocumabe e 48,6% com evolocumabe¹
O sucesso no controle de condições crônicas depende de alguns fatores, entre eles a adesão do paciente ao tratamento, que é quando o indivíduo segue à risca a prescrição e demais orientações do médico sem falhar[1]. No caso do LDL-c (colesterol ruim) a má adesão ao tratamento usual com estatinas está associada ao não atingimento das metas seguras, principalmente nos pacientes com doença cardiovascular aterosclerótica (ASCVD)[2],[3]. Como consequência, a doença evolui, aumentando a morbidade, a mortalidade dos pacientes, e o risco de um segundo evento1,3.
Pela primeira vez, dados de mundo real (com pessoas já em tratamento) indicam uma mudança de chave que pode ajudar médicos e pacientes a superarem o desafio da adesão. Estudos de revisão anteriores indicam que entre 40% e 70% dos pacientes descontinuam a terapia com estatinas, o que é ainda mais comum em pacientes mais velhos, aumentando seu risco cardiovascular[4].
Um estudo norte-americano, baseado no banco de dados Komodo Health, comparou a adesão de um grupo de pacientes ao tratamento contra LDL-c, utilizando como base três medicamentos: inclisirana, arlirocumabe e evolocumabe. Do total de 42.826 participantes maiores de 18 anos, 981 faziam uso de inclisirana, 11.330 de alirocumabe e 30.515 de evolocumabe. Foram considerados elegíveis ao estudo pacientes com 12 meses de envolvimento ininterrupto em uma das três terapias citadas, antes da data-índice, iniciada em 01/01/22 e 6 meses após o encerramento da data-índice1, em 31/10/2022. O cálculo da adesão ao tratamento foi estabelecido pela proporção de dias cobertos (PDC) pelo medicamento divididos pelo período de observação (6 meses após a data-índice)1. A má adesão foi definida como PDC <80% e a alta adesão, definida como PDC maior/igual 80%1.
Dentre as três terapias, inclisirana, que é administrada com duas doses por ano*, 69,9% dos pacientes tiveram alta adesão ao tratamento (PDC>80%). A adesão com alirocumabe e evolocumabe, administrados a cada 2 semanas ou 1 vez ao mês, foi de 51% e 48,6%, respectivamente1.
“Quando falamos em LDL-colesterol, que se trata de uma doença silenciosa, a assiduidade ao tratamento é fundamental para o atingimento das metas. Esse tipo de estudo é importante, pois ele comprova que diferentes posologias podem interferir na adesão dos pacientes ao tratamento. Essa pode ser uma mudança de chave muito importante para a luta contra o LDL-colesterol”, disse o cardiologista do InCor, Dr. Sergio Timerman.
No Brasil, anualmente ocorrem cerca de 400 mil mortes relacionadas a doenças cardiovasculares[5] – número maior do que todas as mortes por cânceres somadas[6]. Esses eventos têm a aterosclerose (acúmulo de gordura nas paredes dos vasos sanguíneos, principalmente causada pelo colesterol ruim (LDL) alto) como uma de suas principais causas[7],[8].
*a partir da segunda dose
Referências
[1] Alefishat E, Jarab AS, Al-Qerem W, Abu-Zaytoun L. Factors Associated with Medication Non-Adherence in Patients with Dyslipidemia. Healthcare (Basel). 2021 Jun 28;9(7):813.
[2] Voevoda MI, Gurevich VS, Ezhov MV, Sergienko IV. Inclisiran – a new era in lipidlowering therapy. Kardiologiia. 2022 Jun 30;62(6):57-62.
[3] Khunti K, Danese MD, Kutikova L, et al. Association of a combined measure of adherence and treatment intensity with cardiovascular outcomes in patients with atherosclerosis or other cardiovascular risk factors treated with statins and/or ezetimibe. JAMA Netw Open. 2018;1(8): e185554.
[4] Maciej Banach, Tomas Stulc, Ricardo Dent, Peter P. Toth, Statin non-adherence and residual cardiovascular risk: There is need for substantial improvement, International Journal of Cardiology, Volume 225, 2016, Pages 184-196, ISSN 0167-5273, https://doi.org/10.1016/j.ijcard.2016.09.075.
[5] Adaptado de: Global Burden Disease https://vizhub.healthdata.org/gbd-compare/Global Burden Disease. Institute for Health Metrics and Evaluation (IHME) is an independent global health research center at the University of Washington. Disponível em https://vizhub.healthdata.org/gbd-compare/.
[6] Global Burden Disease. Institute for Health Metrics and Evaluation (IHME). Disponível em https://vizhub.healthdata.org/gbd-compare/. Acessado em 09/02/2022.
[7] Ference BA et al. JACC 2018. 72(10):1141-56.
[8] Ference BA et al. EHJ 2017. 38(32):2459-2472.
[9] Raal F, Kallend D, Ray K, et al. Inclisiran for Heterozygous Familial Hypercholesterolemia. N Engl J Med. 2020;382(16):1520–1530.
[10] Stoekenbroek RM, Kallend D, Wijngaard PL, et al. Inclisiran for the treatment of cardiovascular disease: the ORION clinical development program. Future Cardiol. 2018;14(6):433–442.
Fonte: Novartis