Férias com saúde: cuidados antes e durante a viagem

Férias com saúde: cuidados antes e durante a viagem

Além do roteiro turístico, fique atento a algumas medidas de prevenção para garantir que as férias não sejam interrompidas.

É tempo de férias e, para que nada estrague o momento de diversão, não basta apenas estar com a viagem organizada e o roteiro planejado, é preciso estar atento também à saúde da família.

Antes de colocar o pé na estrada, cheque com antecedência se a região do Brasil ou o país que você visitará exige medidas extras de proteção e cuidado. “Além disso, certifique-se de que o local de destino não tem nenhuma doença de ocorrência usual ou algum surto epidêmico”, recomenda a Dra. Melissa Palmieri, coordenadora médica do Grupo Pardini e membro da Sociedade Brasileira de Imunizações. “É importante que adultos e crianças verifiquem se a carteirinha de vacinação está em dia e com todas as doses recomendadas realizadas”, explica. “Só assim a imunização será, de fato, efetiva”, completa a especialista.

Com o aumento do fluxo e da circulação de pessoas em todo o mundo, houve a reincidência de doenças que já estavam controladas em algumas regiões. Por isso, antes de viajar, procure um médico de sua confiança ou vá a um serviço de vacinação público ou privado e peça para que um profissional de saúde avalie sua carteirinha. “Na maioria dos casos, é importante que a vacina seja realizada de 10 a 15 dias antes da viagem. É o tempo necessário para a produção de anticorpos”, afirma a Dra. Melissa.

Vacina contra tétano

As férias são o período em que as pessoas saem da zona de segurança, fazem atividades a que não estão acostumadas, tentam algum esporte novo, exploram locais diferentes e, portanto, o risco de um acidente com ferimento na pele e exposição ao tétano é muito elevado nessa época. “A vacina contra o tétano normalmente está em dia até a adolescência. Depois, as pessoas esquecem de fazer os reforços recomendados de 10 em 10 anos. Assim, passam férias e momentos de lazer sob um risco que poderia ser facilmente evitado”, explica a doutora.

Hepatite A

A vacina contra hepatite A também é importante. Como o vírus é transmitido pela ingestão de água e alimentos contaminados, os casos da doença podem aumentar no verão. O vírus da hepatite A pode, ainda, alojar-se no gelo. “Alguns especialistas relatam que, nessa temperatura de congelamento, o vírus já foi detectado até um mês depois da contaminação. Outros falam em meses. Portanto, aquela raspadinha na praia ou a caipirinha com gelo podem representar um perigo à saúde de quem não está imunizado,” afirma a especialista do Grupo Pardini.

Febre amarela

A febre amarela é um risco em várias regiões do Brasil e o Certificado Internacional de Vacinação contra a doença é exigido na entrada de vários países. Vale se informar sobre a necessidade da vacina com a embaixada do local de destino ou no site da Anvisa. A vacinação pode ser feita em postos de saúde ou serviços de imunização privados autorizados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária. “O viajante não pode esquecer que essa vacina deverá ser realizada em até 10 dias antes da viagem”, ressalta a médica.

Febre tifoide

Você pode nunca ter ouvido falar dela, mas a doença infectocontagiosa é comum na América Latina, Oceania, África e sul da Ásia. “Trata-se da infecção por um dos tipos da bactéria salmonela e é transmitida por alimento e água contaminados”, explica a Dra. Melissa. Está mais presente em áreas com condições precárias de saneamento, higiene pessoal e ambiental. A vacina é recomendada para quem viaja a regiões onde a incidência é alta.

Meningite tipos ACWY e B

A vacinação contra a meningite é de extrema importância, não tanto pela incidência da doença, mas pela gravidade e pelo alto índice de letalidade. “Sem o tratamento adequado, ela pode levar à morte em menos de 24 horas”, alerta. “Se você vai viajar para regiões afastadas, com pouca ou nenhuma estrutura de saúde, reservas naturais, vilarejos, ilhas, etc., não há porque correr risco. É melhor tomar a vacina antes”.

Zika, dengue e chikungunya

A chegada do verão é a época mais propícia para a ocorrência dessas doenças, já que o período de chuva e o calor associados são fatores que beneficiam a proliferação do Aedes aegypti. O mosquito está presente em todo o país, mas existem cidades e regiões que são mais afetadas. Se for viajar para essas áreas, use repelente e reforce a aplicação ao amanhecer e ao entardecer, já que ele costuma picar nesses períodos. Vale destacar que a vacina contra a dengue só é feita em pessoas anteriormente infectadas, visando proteger das formas graves da doença. Ela está disponível nos serviços privados para o público entre 9 e 45 anos. São recomendadas 3 doses (0, 6 e 12 meses).

Kit viagem

Na hora de organizar a mala, lembre-se também de levar um kit de primeiros socorros. Alguns medicamentos e itens que podem ser a salvação durante qualquer imprevisto na viagem. Tenha sempre à mão analgésicos, antialérgicos, remédios para distúrbios digestivos (indigestão, cólica, constipação intestinal, náusea, vômito, etc.), repelente, protetor solar, curativos, spray antisséptico e soro fisiológico. “Se o viajante faz uso de algum medicamento contínuo, deve-se calcular a quantidade suficiente para os dias de viagem. É imprescindível que a pessoa continue tomando regularmente e no horário de sempre e leve a receita médica”, explica a Dra. Melissa.

Lembre-se: é importante procurar o serviço de saúde quando você perceber que algo no seu organismo não está bem e que você tem dificuldade de fazer as atividades normais do dia a dia. “Febre muito alta, dor em alguma região, sangramento e alteração na pele são alguns sinais de alerta. Na dúvida, procure um médico ou um serviço de saúde próximo”, conclui a doutora.

Dra. Melissa Palmieri
Coordenadora médica de vacinas do Grupo Pardini e membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Imunizações – Regional São Paulo. Médica especialista em vigilância em saúde pelo Ministério da Saúde, é também membro dos departamentos de infectologia pediátrica e imunizações da Sociedade de Pediatria de São Paulo. Trabalha com vacinas há 15 anos e é pós-graduada pela FGV em Administração Hospitalar e Serviços de Saúde. Atua, ainda, na Vigilância Epidemiológica do município de São Paulo.