Estresse é o motivo do descontrole do diabetes tipo 2, mesmo com dieta
Hormônio do estresse é um componente crucial no controle do açúcar no sangue, mostra estudo publicado on-line na revista Psychoneuroendocrinology
Além de uma dieta guiada para controlar o nível de açúcar no sangue, pacientes com diabetes também precisam controlar o estresse. Segundo um novo estudo realizado por pesquisadores do Centro Médico Wexner da Universidade Estadual de Ohio e da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual de Ohio, há uma ligação clara entre o hormônio do estresse, o cortisol, e os níveis mais altos de açúcar no sangue em pessoas com diabetes tipo 2. “Em pessoas saudáveis, o cortisol flutua naturalmente ao longo do dia, aumentando de manhã e caindo à noite. Mas o estudo notou que, em pacientes com diabetes tipo 2, os perfis de cortisol mais planos ao longo do dia apresentaram níveis mais altos de glicose”, afirma a médica nutróloga Dra. Marcella Garcez, diretora e professora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN). O estudo foi publicado on-line na revista Psychoneuroendocrinology.
O diabetes tipo 2 é uma condição metabólica comum que se desenvolve quando o corpo falha na produção de insulina suficiente ou quando a insulina não funciona adequadamente, o que é chamado de resistência à insulina. A insulina é o hormônio que estimula as células a absorver glicose do sangue para usar como energia. “Quando esse é o caso, as células não são instruídas pela insulina a absorver glicose no sangue, o que significa que o nível de açúcar no sangue aumenta (conhecido como hiperglicemia). O diabetes tipo 2 geralmente se desenvolve como resultado de sobrepeso, obesidade e falta de atividade física, e a prevalência de diabetes está aumentando em todo o mundo, à medida que esses problemas se tornam mais disseminados”, afirma a Dra. Marcella.
Pesquisas anteriores já haviam demonstrado que o estresse e a depressão são duas das principais causas de um perfil mais plano de cortisol. “Esses níveis sustentados de cortisol tornam muito mais difícil controlar o açúcar no sangue e controlar a doença, mesmo com dieta, e é por isso que é tão importante para as pessoas com diabetes tipo 2 encontrarem maneiras de reduzir o estresse”, afirma a médica.
O novo estudo tinha o objetivo de examinar se as práticas de atenção plena podem reduzir o açúcar no sangue naqueles pacientes com diabetes tipo 2. “Segundo o trabalho, a forma mais eficaz de aliviar o estresse é encontrar algo que você goste e incluir na sua rotina”, afirma.
A relação do cortisol com os níveis de glicose só foi observada naqueles com diabetes. No entanto, os pesquisadores acreditam que o hormônio do estresse provavelmente desempenha um papel importante na prevenção do diabetes e continuam pesquisando a conexão entre o cortisol e o desenvolvimento de diabetes e doenças cardiovasculares.
Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes, mais de 12 milhões de brasileiros sofrem com a condição, que pode causar uma série de complicações, como danos aos vasos sanguíneos, nervos e órgãos, levando a uma série de complicações potenciais. “Algumas pessoas podem gerenciar seus níveis de açúcar no sangue com alimentação e exercícios saudáveis, enquanto outras podem precisar de medicação ou insulina para ajudar a administrá-lo”, afirma a médica. A maioria das pessoas com diabetes tipo 2 sabe a importância de se exercitar regularmente, seguir uma dieta saudável e descansar bastante. Mas o alívio do estresse é um componente crucial e, muitas vezes, esquecido do gerenciamento do diabetes, mas deve ser implementado para o controle da condição. “Seja uma aula de ioga, passear ou ler um livro, encontrar maneiras de diminuir seus níveis de estresse é importante para a saúde geral de todos, especialmente para aqueles com diabetes tipo 2”, finaliza a médica nutróloga.
Dra. Marcella Garcez, médica nutróloga, mestre em Ciências da Saúde pela Escola de Medicina da PUCPR, diretora da Associação Brasileira de Nutrologia e docente do Curso Nacional de Nutrologia da ABRAN. A médica é membro da Câmara Técnica de Nutrologia do CRMPR, coordenadora da Liga Acadêmica de Nutrologia do Paraná e pesquisadora em Suplementos Alimentares no Serviço de Nutrologia do Hospital do Servidor Público de São Paulo.