Entenda a enxaqueca
Conheça um pouco mais sobre a doença, seus sintomas, como identificar e tratá-la
O que é enxaqueca?
A enxaqueca é uma dor de cabeça muito comum que afeta a qualidade de vida daqueles que são acometidos por ela. A dor geralmente cobre metade da cabeça, com uma sensação latejante, e é acompanhada de outras manifestações, como desconforto causado por luz ou ruído e náusea. Geralmente aparece em pessoas com idades entre 25 e 55 anos e afeta mais as mulheres. Às vezes, pode ser incapacitante; geralmente é acompanhada por diminuição no desempenho no trabalho, absentismo e interrupção da vida diária. Felizmente, a enxaqueca pode ser controlada com sucesso com o tratamento certo.
Por que a dor da enxaqueca ocorre?
O mecanismo e as causas da enxaqueca ainda não são conhecidos exatamente.
Em termos gerais, sugere-se que, no cérebro das pessoas com esse distúrbio, haja alterações temporárias na função dos neurônios (células do sistema nervoso) que ativariam uma série de processos, causando dor como última instância.
Um dos fatores mais importantes que predispõem a sofrer dessa condição é a hereditariedade – mais da metade das pessoas afetadas tem um histórico familiar de enxaqueca.
Quais são as características da enxaqueca?
Várias horas antes do início do ataque de enxaqueca, podem ocorrer manifestações inespecíficas, como fadiga, cansaço, ansiedade, bocejos repetidos, desejos alimentares, etc. Aparece então a dor, que, na maioria das vezes, afeta apenas um lado da cabeça (unilateral), embora também possa ser bilateral. Isso dura entre 4 e 72 horas; é pulsante e acompanhada de desconforto devido à luz e ao ruído, náusea ou vômito. Sua intensidade é moderada a grave e aumenta com o exercício, interferindo nas atividades diárias.
É característico que a pessoa tente se deitar em um local escuro e silencioso para lidar com o ataque de enxaqueca. O sintoma doloroso também pode ser precedido ou acompanhado por uma série de manifestações típicas, chamadas de aura.
Depois que a dor diminui, a pessoa se sente cansada, irritada, com dificuldade de concentração, fraca e com perda de apetite.
O que é a aura?
É uma alteração momentânea na função do sistema nervoso que precede ou acompanha a dor e geralmente dura menos de uma hora. Geralmente se manifesta com distúrbios da visão: o aparecimento de luzes cintilantes (às vezes em zigue-zague), pontos cegos ou escurecimento da metade do campo visual. Distorções visuais também podem ocorrer. Outro sintoma comum é a sensação de formigamento, dormência ou picadas que começa nas mãos e migra para o braço e depois para o rosto, os lábios ou a língua. A aura afeta apenas 20% dos que sofrem de enxaqueca.
Quais fatores podem desencadear a enxaqueca?
É muito comum a pessoa que sofre dessa condição perceber que a dor ocorre invariavelmente após comer um determinado alimento ou depois de dormir por um curto período de tempo. Isso aumenta a presença de gatilhos da enxaqueca, que são comuns em muitas pessoas. Alguns dos mais identificados são o consumo de álcool e alimentos, como chocolate, queijos e alguns conservantes químicos. Nas mulheres, o gatilho mais comum é a menstruação.
Outros fatores incluem: estresse, fadiga, distúrbios do sono, longos períodos de jejum, mudanças climáticas, alguns odores, certos medicamentos, entre outros.
É importante ser capaz de identificar essas causas, pois elas permitem estabelecer um melhor tratamento para a enxaqueca.
Como a enxaqueca pode ser tratada?
A enxaqueca é uma doença que afeta muito a qualidade de vida, mas, quando é instituída uma terapia adequada, ela pode ser controlada com sucesso.
O tratamento dessa condição requer medidas farmacológicas e não farmacológicas. Entre os últimos, os gatilhos devem primeiramente ser identificados para evitá-los. Recomenda-se dormir regularmente, não pular refeições e se exercitar de forma regular, de preferência praticar caminhadas, natação, ioga, pilates, entre outros. Terapia psicológica para controle do estresse também é muito útil, além do uso de técnicas de relaxamento.
O tratamento farmacológico inclui o controle imediato da crise e prevenção da dor, que visa reduzir a frequência e a gravidade dos ataques e, se possível, impedir seu aparecimento. A escolha de uma ou outra estratégia dependerá de fatores como a frequência dos ataques, sua intensidade e seu impacto na qualidade de vida da pessoa acometida. Por exemplo, se tais fatores são muito frequentes e incapacitantes, será preferível estabelecer tratamento preventivo; contudo, se as crises forem muito esporádicas, o tratamento da dor no momento em que ela aparecer será suficiente.
Entre os medicamentos utilizados estão analgésicos comuns, medicamentos que atuam especificamente sobre enxaquecas e outros que ajudam a prevenir o aparecimento de crises dolorosas ou atenuar as manifestações associadas.
Bibliografia
1) Victor Maurice, Ropper Allan H, Adams Raymond D. Adams & Victor Principles of Neurology, 7th edition. McGraw-Hill Professional: USA, 2000. 2) Silberstein S, Lipton R, Goadsby P, Smith R. Headache in primary care, 1st edition. Isis Medical Media: Oxford, UK, 1999. 3) Kasper D, Fauci A, Longo D, Braunwald E, Hauser S, Jameson L. Harrison’s Principles of Internal Medicine. 16th edition. McGraw-Hill: USA, 2005. 4) Griggs R, Joynt R. Backer’s Clinical Neurology on CD-ROM. Lippincott Williams & Wilkins: USA, 2000. 5) Silberstein S. Migraine. Lancet 2004;363:381-91. 6) Young WB, Silberstein SD. Migraine: Spectrum of symtoms and diagnosis Continuum. Lifelong Learning in Neurology. Volume 12(6) Headache. American Academy of Neurology, 2006. 7) Goetz C. Textbook of Clinical Neurology. 1stedition. W.B. Saunders Company: USA, 1999. 8) Evers S, Afra J, Frese A, Goadsby PJ, Linde M, May A, Sandor PS. EFNS guideline on the drug treatment of migraine – report of an EFNS task force. Eur J Neurol 2006 Jun;13(6):560-72. 9) Goadsby P, Lipton R, Ferrari M. Migraine. Current Understanding and Treatment. N Engl J Med 2002;346(4):257-70.