Entenda a relevância da vitamina D para manter a imunidade no outono e no inverno
Manter bons níveis da vitamina é importante no período de menor exposição solar e aumento das doenças que afetam o sistema respiratório
No período do outono e inverno, há um crescimento significativo na ocorrência das doenças respiratórias, como gripes por influenza e resfriados. Além disso, a menor exposição ao sol contribui para reduzir os níveis de vitamina D no organismo – uma importante aliada para manter a boa saúde e proteger as pessoas das infecções respiratórias, conforme comprovado cientificamente1.
“Vários estudos têm mostrado o papel importante desta vitamina na modulação da imunidade. O sistema imunológico funciona como uma defesa do corpo, combatendo os agentes que causam infecções. Temos a imunidade inata e a adaptativa. A inata é uma resposta natural, rápida, feita por barreiras físicas, químicas e biológicas, mesmo sem contato prévio. Já a resposta adaptativa depende da ativação de células especializadas, os linfócitos2. A vitamina D estimula o sistema imune inato e modula o sistema adaptativo3. Em outras palavras, ela participa do processo de defesa contra diversos agentes infecciosos”, explica Odair Albano, ginecologista, obstetra e consultor de saúde.
Uma pesquisa realizada em São Paulo4 com voluntários saudáveis (18 a 90 anos) mostrou deficiência de vitamina D em 77% dos participantes no final do inverno e 37% no final do verão, demonstrando a diferença entre as estações do ano. “Muitas publicações atribuem o aumento sazonal, no inverno, de casos de influenza e outras infecções respiratórias à deficiência de vitamina D”.
Um trabalho publicado por Aloia JR et al.5, com dados de todos os continentes, mostrou que, com o uso de 2000 UI de vitamina D por dia, houve redução de 93% na taxa de infecções respiratórias em mulheres afro-americanas.
Como aumentar o nível de vitamina D
Em condições normais, os níveis de vitamina D para manutenção dos benefícios em pessoas saudáveis devem ser superiores a 20 ng/ml e, nos grupos de risco, entre 30-60 ng/ml, segundo o especialista. “Níveis entre 40-60 ng/ml são seguros e mais eficazes para a ação imunomoduladora da vitamina D nas infecções respiratórias”, pontua o Dr. Albano.
Para elevar o nível de vitamina D no organismo, o especialista ressalta que “a exposição ao sol, por pelo menos 15 minutos por dia, entre 10h e 14h, preferencialmente, sem protetor solar, alimentação rica em vitamina D e, quando necessário, suplementação são recursos significativos para manter a saúde neste período”.
A endocrinologista Victória Borba, professora adjunta de endocrinologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), observa que, apesar de a dieta ter um papel importante, a vitamina D é pouco disponível nos alimentos normalmente consumidos no Brasil.
“É encontrada em peixes gordos, como salmão selvagem, algas expostas ao sol e sardinha, mas em quantidades pequenas. A média de ingestão de vitamina D pelos brasileiros é de 80 UI/dia, segundo o estudo Brazos (Brazilian Osteoporis Study), quando o necessário é de, no mínimo, 1000 UI/dia6”, esclarece a especialista. Por isso, ela recomenda a suplementação quando for preciso, com orientação médica.
Fonte: Odair Albano, ginecologista, obstetra e consultor de saúde. Victória Borba, endocrinologista, professora adjunta de endocrinologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Referências consultadas.: 1) Martineau AR, Jolliffe DA, Hooper RL, Greenberg L, Aloia JF. Vitamin D supplementation to prevent acute respiratory tract infections: systematic review and meta-analysis of individual participant data (2017). Cite this as: BMJ 2017;356:i6583 https://dx.doi.org/10.1136/bmj.i6583. 2) Domiciano D, Castro CHM. Vitamina D em Doenças Reumáticas. In: A importância da vitamina D na saúde da mulher. São Paulo: Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia; 2017. Cap. 7, p.57-66. (Série Orientações e Recomendações FEBRASGO; no.14/Comissão Nacional Especializada em Osteoporose. 3) Mathieu C. Vitamina D and the imune system: getting it right. IBMS BoneKEy. Springer Nature:2011;8(4):178-86. 4)Unger MD et al. Vitamin D status in a sunny country. Where has sun gone? Clin Nutr.2010;29:784-8. 5) Holick MF. Vitamin D: a D-Lightful health perspective. Nutrition Reviews 2008; 66 (suppl.2),S182-S194 6) Sergio Setsuo Maeda, Victoria Z. C. Borba, Marília Brasilio Rodrigues Camargo, Dalisbor Marcelo Weber Silva, João Lindolfo Cunha Borges, Francisco Bandeira, Marise Lazaretti-Castro Recomendações da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) para o diagnóstico e tratamento da hipovitaminose D. Julho, 2014.
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