Ejaculação precoce

Ejaculação precoce

A ejaculação precoce é uma condição que altera significativamente a vida sexual do paciente. O diagnóstico correto é baseado no histórico de cada paciente, e seu tratamento deve ser abordado individualmente

No ato sexual, diferentes etapas são identificadas. Há um período relativamente constante durante o qual ocorre a relação sexual. Esse período é transcendente, já que, se for curto, o orgasmo é atingido de forma prematura e, muitas vezes, leva a uma relação sexual frustrada que não gera prazer. A outra etapa é o orgasmo ou o clímax sexual, momento culminante do ciclo sexual que é caracterizado por uma sensação de extremo prazer.

Os sistemas autônomo e límbico intervêm nessa sensação. A contração dos músculos da área genital ocorre em resposta a estímulos fisiológicos e estimulação sexual. No homem, o orgasmo é acompanhado pela ejaculação. Para que ocorra um novo orgasmo, ao contrário das mulheres, é preciso um período de tempo antes que o ato sexual possa recomeçar. Esse intervalo é conhecido como período refratário.

O que é ejaculação precoce?

Não há consenso estabelecido para definir a ejaculação precoce. Várias formas de estabelecer o diagnóstico dessa condição foram propostas. Alguns autores a definem como a incapacidade de o homem controlar o orgasmo, ocorrendo, dessa forma, prematuramente. Outros falam sobre a ejaculação precoce quando o tempo decorrido desde o início da relação sexual até o orgasmo é inferior a dois minutos, ou quando um dos parceiros não pode ser satisfeito.

Os componentes que participam dessa patologia têm origens diversas. O estresse, a ansiedade e as expectativas de cada paciente são fatores muito importantes que podem desencadear a ejaculação precoce. Em contrapartida, alguns fatores fisiológicos e genéticos podem predispor a essa condição.

A ejaculação precoce é uma condição muito comum na sociedade moderna. Para os diferentes autores que estudam essa condição, entre 30% e 50% dos homens sofrerão com isso em algum momento de suas vidas.

A ejaculação precoce é dividida principalmente em duas categorias. A primeira é aquela composta por homens que nunca conseguiram controlar seus orgasmos e geralmente não é acompanhada por outra patologia, como falta de libido ou problemas de ereção. A segunda ocorre em homens que já conseguiram controlar a ejaculação, mas que perderam essa capacidade. Geralmente é acompanhada por alguma alteração da ereção.

Tratamento não farmacológico da ejaculação precoce

Este tratamento é baseado no fato de que o homem possa controlar o orgasmo para que não ocorra prematuramente. Assim, alguns exercícios foram elaborados. Um deles consiste em levar o homem ao limite da excitação e, alguns instantes antes do clímax, quando a ejaculação parece iminente, o estímulo é interrompido, impedindo que ocorra o orgasmo. Esse exercício, que tem uma eficácia de aproximadamente 45% a 65%, é repetido várias vezes, até que se aprenda a controlar voluntariamente o próprio orgasmo. De qualquer forma, apresenta um ponto fraco, uma vez que os benefícios não são duradouros: uma alta porcentagem de homens que conseguiram controlar seus orgasmos voltou a sofrer de ejaculação precoce.

O complemento ideal para otimizar os resultados obtidos com os exercícios é a abordagem das causas psicológicas que levam à ejaculação precoce. A carga emocional gerada pelas experiências passadas, a ansiedade causada pelo ato sexual e as expectativas que se originam na relação sexual são os principais componentes que levam a essa patologia. É por isso que a ajuda psicológica pode produzir um resultado melhor e mais duradouro.

Tratamento farmacológico da ejaculação precoce

Vários grupos de medicamentos que poderiam ajudar os homens que sofrem de ejaculação precoce foram estudados. Esses medicamentos atuam em diferentes fatores fisiológicos que participam do processo de ejaculação e orgasmo.

Medicamentos de aplicação tópica: foi descrito que o uso de agentes anestésicos locais pode ser útil para reduzir a sensibilidade durante a relação sexual e, assim, poder prolongar o tempo pelo qual o homem pode manter uma relação sem ejacular. Entre esses agentes estão pomadas tópicas com lidocaína.

Antidepressivos: nos últimos anos, tem sido sugerido que a administração de certos antidepressivos, como os tricíclicos ou os inibidores de recaptação de serotonina (IRSS), pode ser benéfica. Esses medicamentos têm como efeito adverso o retardo da ejaculação. Esse efeito “indesejado” pode ser explorado em pacientes com ejaculação precoce. Um dos antidepressivos mais estudados é a dapoxetina, que aumenta o tempo de duração da relação sexual, melhora o controle que o homem tem sobre o orgasmo e aumenta o prazer sexual no paciente.

Tramadol: este opioide possui propriedades analgésicas e, aparentemente, tem a capacidade de aumentar o tempo de latência da ejaculação durante a relação sexual.

Inibidores da 5-fosfodiesterase: neste grupo de medicamentos, o sildenafil, administrado entre 3 e 5 horas antes da relação sexual, demonstrou aumentar substancialmente o tempo pelo qual o homem consegue manter uma relação.

Conclusão

A ejaculação precoce é uma condição que altera significativamente a vida sexual do paciente. É um problema sério caracterizado pela falta de controle sobre o orgasmo, por uma história sexual frustrante e por um desconforto para o casal. O diagnóstico correto é baseado no histórico de cada paciente, e o tratamento deve ser abordado individualmente para cada pessoa. Juntamente com a prática de exercícios criados para o tratamento específico da ejaculação precoce e a realização de terapia comportamental adequada, o uso de medicamentos parece promissor, uma vez que são de grande ajuda para controlar fisiologicamente o orgasmo e sua latência.

O ponto mais importante dessa patologia é que os homens que sofrem de ejaculação precoce não tenham medo nem vergonha e consultem um profissional qualificado para resolver o problema. A ejaculação precoce é mais comum do que as pessoas acreditam e é por isso que não deve ser um assunto tabu, mas simplesmente um problema médico que deve ser tratado de maneira adequada.