As diarreias agudas

As diarreias agudas

O verão é a estação do ano em que as condições são mais favoráveis para desenvolver uma diarreia aguda.

O calor facilita a multiplicação das bactérias e dos vírus que produzem a diarreia estival e, portanto, junto com uma higiene inadequada ou pelo mau manuseio dos alimentos, aumenta a probabilidade da doença.

A diarreia de origem bacteriana é um dos problemas de saúde que, de forma quase característica, são mais frequentes à medida que o verão se aproxima. Embora a causa específica ainda seja desconhecida, sabe-se que a água e os alimentos contaminados, a ausência de uma higiene adequada de mãos e o manuseio inadequado de excrementos são alguns dos motivos mais comuns. Às vezes, as diarreias são consideradas quadros banais e simples, podendo levar a um problema de saúde mais grave que coloca em risco a vida da pessoa se não for detectada e tratada a tempo, especialmente na população infantil: a desidratação.

A diarreia do verão

A diarreia é definida amplamente como a expulsão de fezes não formadas ou anormalmente líquidas, com uma maior frequência de defecação. A diarreia estival é um processo infeccioso, que provoca a perda de água e minerais. É um quadro que aparece no final da primavera e no início do verão, sendo caraterizado por um aumento da frequência de deposições intestinais e/ou volume das deposições.

A origem desse distúrbio parece estar nas altas temperaturas encontradas nos meses de verão, e que de alguma forma favorecem a multiplicação das bactérias e vírus causadores; além disso, o calor favorece a reprodução dos insetos que agem como transportadores para tais microrganismos. Os vírus são geralmente responsáveis pelos quadros de diarreia em lactentes e crianças pequenas, especialmente na estação do outono. São episódios de início súbito que se manifestam com vômitos e febre, sinais e sintomas que precedem o aparecimento da diarreia.

A infecção também pode ser transmitida de pessoa para pessoa por falta de higiene de mãos, especialmente após uma evacuação intestinal.

A ingestão de água não confiável para o consumo humano (ou seja, sem cumprir as medidas básicas que a tornam potável, sem primeiro fervê-la para consumo), os alimentos contaminados (por sua manipulação com mãos inadequadamente higienizadas, pelo uso dos mesmos utensílios para os alimentos crus e cozidos, ou para as carnes e as verduras, o cozimento insuficiente ou a falta de uma refrigeração adequada), ou o acúmulo de lixo em casa, ou seja, uma manipulação inapropriada de excrementos são todos fatores que predispõem para o aparecimento das diarreias. As condições de superlotação, a presença de familiares com doença diarreica, as viagens recentes, as condições higiênicas deficientes em geral, um ambiente social ruim e a baixa compreensão materna no caso de os quadros afetarem as crianças, são fatores ambientais e familiares considerados de risco para contrair ou complicar um quadro de diarreia.

Diarreia ou gastroenterite?

A gastroenterite é um processo inflamatório caracterizado pelo aparecimento de sintomas, incluindo diarreia, náuseas, vômitos, perda de apetite, cólicas, desconforto abdominal e decaimento. A febre, a presença de dor muscular e uma sensação de cansaço extremo também podem ser observados durante o decurso de uma gastroenterite. A gravidade dos sintomas é variável e depende do agente causal e das características do indivíduo para combater o processo infeccioso.

A diarreia e os vômitos provocam uma perda significativa de água e minerais essenciais para manter um nível adequado de hidratação do corpo. A perda dessas substâncias provoca diversos quadros de desidratação, de leves e inofensivos a graves, com comprometimento do estado de saúde geral. Estes últimos devem ser considerados especialmente nos bebês, nas crianças pequenas e nos idosos.

É importante ter em mente que os quadros de diarreia aquosa associados com a presença de muco e sangue nas fezes podem corresponder aos quadros ainda mais graves, especialmente nas crianças, tal como é a síndrome hemolítico-urêmica.

Como uma gastroenterite é diagnosticada?

O diagnóstico dessa patologia é realizado principalmente pelos sintomas apresentados pelo indivíduo. Em alguns casos, outros familiares da pessoa afetada ou colegas de trabalho ou de estudo podem ter apresentado recentemente um quadro ou sintomas semelhantes. Em outros casos, o aparecimento dos sintomas pode estar associado com o cozimento insuficiente dos alimentos de consumo, com a ingestão de alimentos em mal estado ou contaminados e com o consumo de água não potável.

Se os sintomas persistirem por mais de dois dias, é possível que o diagnóstico clínico (realizado a partir dos sintomas da doença) não seja suficiente e precise de estudos da matéria fecal, a fim de detectar a presença de microrganismos.

Aspectos gerais do tratamento

O tratamento da gastroenterite, e da diarreia em geral, baseia-se principalmente em uma ingestão adequada de líquidos. Até mesmo as pessoas que sofrem vômitos devem procurar tomar pequenos goles de líquido para corrigir a desidratação. Se uma boa ingestão de líquidos for mantida, por mais que persistam os vômitos e a diarreia, a desidratação pode ser evitada.

Os quadros de desidratação são mais frequentes e propensos a acontecer na infância. É por isso que as crianças devem receber líquidos que permitam a reposição de água e minerais perdidos durante essas doenças. As soluções de reidratação oral são opções mais que úteis para essa finalidade. Os sais de reidratação oral constituem uma das intervenções mais econômicas para tratar as diarreias, especialmente nessa faixa etária. Esse é um procedimento simples e de fácil administração. Além disso, as bebidas gaseificadas, o chá e os sucos de frutas devem ser evitados.

Quando há um alívio dos sintomas, os alimentos, tais como comidas moles, maçã assada ou ralada, frango assado sem pele, abóbora cozida e pão torrado ou biscoito de água e sal e alimentos não lácteos (cereais sem fibras, arroz, massas, sêmolas, farinha de milho) podem ser adicionados na dieta.

Se a diarreia persistir após 12 a 24 horas, mesmo com as mudanças na dieta e na ausência de sangue na matéria fecal que indique uma infecção bacteriana de maior gravidade, é possível que seja necessária a administração de fármacos antidiarreicos, tais como loperamida, subsilato de bismuto ou difenoxilato. No entanto, o uso desses agentes não é recomendável na população infantil.

Nos últimos anos, houve vários estudos dedicados ao papel dos agentes probióticos nas doenças do trato gastrointestinal. Os probióticos são microrganismos com propriedades benéficas para o hospedeiro. Os probiótico utilizados no tratamento das diarreias consistem em ajudar a normalizar o equilíbrio dos microrganismos que habitualmente são encontrados no trato gastrointestinal e geralmente estão alterados no curso de uma diarreia.

Principais medidas para a prevenção da diarreia estival

O cozimento adequado dos alimentos pode prevenir sua contaminação. O consumo de bebidas ou alimentos de fonte duvidosa deve ser evitado, e as frutas devem ser consumidas sem casca. A higiene das mãos é um ponto fundamental no momento de evitar as diarreias infecciosas, especialmente quando os alimentos devem ser manipulados. Da mesma forma, os utensílios utilizados para a preparação devem ser lavados, antes e depois de utilizá-los. Se houver o uso da mesma faca para cortar as carnes e as verduras, a faca deve ser devidamente limpa antes e após usá-la para cortar um e outro alimento.

A água e o leite devem ser fervidos antes do seu consumo, especialmente se a água não for potável. As frutas e as verduras devem ser lavadas com água potável ou fervida. Os restos de água, suco ou leite que permaneçam como excedentes nas mamadeiras devem ser eliminados. As chupetas ou as tetinas devem ser lavadas com água fervida, sempre que caírem no chão ou estiverem sujas.

O lixo é um meio onde os microrganismos e os insetos se acumulam. O manuseio adequado do lixo, por exemplo, mantendo a lixeira fechada e evitando um excesso que leva ao acúmulo, pode ser um bom método para prevenir o aparecimento da diarreia.

Por último, convém relembrar que a lactação materna é uma das melhores formas para prevenir e combater os quadros de diarreia, e não deve ser interrompida diante do aparecimento dos sintomas.