Diabetes cresce pelo mundo e atinge mais de 16 milhões de brasileiros

Diabetes cresce pelo mundo e atinge mais de 16 milhões de brasileiros

Doença está relacionada a questões genéticas, maus hábitos alimentares e ao sedentarismo

O diabetes hoje já é uma questão de saúde pública mundial. Dados da décima edição do Atlas do Diabetes, da Federação Internacional de Diabetes, apontam que 537 milhões de pessoas têm diabetes no mundo, alta de 16% na incidência nos últimos dois anos. Mundialmente, 44,7% não sabem que possuem a doença. Só no Brasil são 16,8 milhões de pessoas diagnosticadas. A crescente de casos tem ligação direta com o estilo de vida moderno – sedentarismo, má alimentação -, e a redução da procura médica durante a pandemia.

A doença crônica está relacionada à insulina, hormônio responsável por regular os níveis de glicose no sangue. A endocrinologista e médica consultora da FQM, Dra. Erika Paniago Guedes, explica que o organismo do portador não produz ou não consome adequadamente o hormônio. “São condições associadas ao aumento dos níveis de glicose, por alteração na ação da insulina e/ou na quantidade circulante de insulina, que é produzida pelas células beta no pâncreas”, informa. Assim, o diabetes pode ser classificado em categorias, entre elas, as mais comuns são: diabetes mellitus tipo 1, diabetes mellitus tipo 2 e diabetes gestacional.

Tipos de diabetes

Diabetes Tipo 1 (DM1): Surge desde o nascimento, e geralmente é diagnosticado durante a infância e adolescência. No quadro, as células beta, que produzem a insulina, são destruídas no pâncreas, resultando na deficiência do hormônio. Os casos correspondem a 5% dos diabéticos.

Diabetes tipo 2 (DM2): É o mais comum, e ocorre quando o corpo não consegue utilizar adequadamente a insulina que produz, elevando os níveis da substância no corpo. Está associado ao excesso de peso, maus hábitos alimentares, pressão alta, obesidade, colesterol alto, doença renal crônica, síndrome dos ovários policísticos e predisposição genética. Atinge 90% dos diagnosticados, a partir dos 40 anos.

Diabetes Gestacional: Condição que acomete mulheres por volta do terceiro trimestre de gestação. O organismo cria uma resistência em absorver a insulina devido aos hormônios da gravidez. Geralmente, a doença tem cura após o parto.

Sintomas

Alguns dos sintomas surgem quando os níveis de glicose no sangue já estão muito elevados, e, dessa forma, são sinais de alerta. Entre os mais comuns estão urinar com frequência, sede em excesso, aumento do apetite, visão turva, perda de peso não intencional, dificuldade para cicatrização de feridas e infecções fúngicas, como a candidíase genital.

No diabetes tipo 2, os sintomas são os mesmos, mas aparecem ao longo da vida, de forma lenta. “Pode demorar anos para se manifestar clinicamente, por conta do aumento lento da glicose ao longo dos anos. Nas fases iniciais de aumento da glicemia, o paciente geralmente não sente nada”, aponta a
Dra. Paniago.

Complicações

A quantidade elevada de glicose no organismo pode acarretar em sérios problemas à saúde, como retinopatia, nefropatia, neuropatia, infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral, doença arterial periférica, pé diabético. Se não forem tratados corretamente, podem provocar a amputação de membros, cegueira, perda de sensibilidade e até mesmo o óbito.

Possíveis complicações da hiperglicemia crônica no diabetes.

Prevenção

Manter hábitos saudáveis é a melhor forma de prevenir o desenvolvimento do diabetes. Praticar exercícios físicos regularmente, manter uma dieta alimentar equilibrada – sem exageros de gordura, doces e industrializados -, e não fumar são algumas das orientações. “O paciente precisa evitar ao máximo o açúcar, adicionado ou usado no preparo de alimentos e bebidas. No mais, a alimentação deve ser balanceada, sem excesso de carboidratos (pães, biscoitos, massas, farinhas, farofas, batatas) e de gorduras”, ressalta a profissional.

Segundo a endocrinologista, os familiares do paciente também têm um papel significativo no tratamento. “Monitorando o tratamento diariamente, mudando os hábitos de vida da família, com alimentação saudável e exercícios para todos – e não apenas para o ‘doente’ -, e oferecer apoio psicológico
quando necessário”.

O acompanhamento médico é importante para supervisionar a saúde em todos os casos. Com a realização de exames e a avaliação médica adequada é possível obter o diagnóstico precoce da doença, principalmente quando se tem casos de diabetes no histórico familiar.

Em pacientes já diagnosticados, a avaliação médica possibilitará as melhores escolhas no tratamento. O gerenciamento da taxa de glicemia é indispensável para que os pacientes possam levar uma vida
normal e ativa.

Fonte: Dra. Erika Paniago Guedes, endocrinologista e médica consultora da FQM.