Dia do Pediatra: saiba qual o papel desse profissional no diagnóstico da asma infantil
A pediatria é a segunda maior especialidade médica no Brasil[1]. Esse profissional é crucial no acompanhamento do desenvolvimento infantil e diagnóstico de doenças crônicas.
O Dia do Pediatra é celebrado em 27 de julho, data da fundação da Sociedade Brasileira de Pediatria, que completa 110 anos em 2020. Segundo a pesquisa Demografia Médica no Brasil, realizada pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP)[1], o país conta com aproximadamente 40 mil médicos pediatras, sendo essa a segunda especialidade com maior número de profissionais registrados, atrás apenas da Clínica Médica. As regiões sul e sudeste são as que concentram a maioria desses especialistas.
O profissional de pediatria faz o acompanhamento da criança do nascimento até os 18 anos de idade, assistindo na prevenção de doenças, prescrição de tratamentos, orientação alimentícia e outras questões na busca por equilíbrio e vida saudável. Por se dedicarem a um público diferenciado, o tato e atenção acompanham as características e particularidades de cada criança ou jovem que entra seu consultório.[2]
No primeiro ano de vida, as visitas ao médico devem ser frequentes. Os recém-nascidos, por exemplo, devem passar por consulta uma vez por semana e, de acordo com o desenvolvimento da criança, as idas ao consultório aumentam ou diminuem. A partir dos seis anos, uma consulta a cada seis meses é o recomendado de acordo com o cronograma da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP)[3].
O pediatra está apto a realizar o diagnóstico de diversas doenças crônicas, entre elas, a asma. Eles também fazem a prescrição do tratamento inicial, principalmente nos casos leves a moderados da doença[4]. Paulo Pitrez, médico pneumologista pediátrico do Hospital Moinho de Ventos, explica que “ao perceber que a criança possui dificuldade de controlar a doença com o tratamento prescrito e otimizado, o ideal é que o pediatra a encaminhe para um pneumologista pediátrico ou um alergologista, pois, aproximadamente 10% dos pacientes com asma têm a forma grave da doença[5] e precisam de um tratamento mais específico e controlado”.
É importante alertar que pacientes com problemas respiratórios fazem parte do grupo de risco para a Covid-19 e o tratamento não deve ser interrompido sem orientação médica.
Diagnóstico e tratamento da asma infantil
A causa da asma ainda é desconhecida, mas acredita-se que esteja relacionada a fatores genéticos e ambientais[6-10]. O Dr. Paulo enfatiza que é importante ficar de olho nos sintomas apresentados pela criança, especialmente se forem persistentes e constantes. “Se os pais perceberem que o filho apresenta tosse, falta de ar, chiado ou sensação de aperto no peito[11], a recomendação é procurar um médico assim que possível, para que seja feito o diagnóstico e se inicie o tratamento”.
O diagnóstico da asma é clínico, porém, a partir dos 6 anos de idade a confirmação é feita com a espirometria – prova de função pulmonar. “A partir dessa idade, as crianças conseguem fazer a manobra necessária para a espirometria. Esse exame exige que o paciente puxe o ar e sopre bem forte, e crianças muito pequenas não conseguem fazer esse movimento com a intensidade necessária”, explica o pneumologista pediátrico.
Uma vez diagnosticada, a criança precisa iniciar o tratamento adequado e específico para o seu caso. Segundo o Dr. Paulo, existem duas linhas de tratamento para a asma infantil: a primeira é o alívio dos sintomas e crises com medicamentos de resgate, como os broncodilatadores atrelado a um corticoide inalatório (este regime de tratamento é uma novidade recente no tratamento de sintomas agudos de asma)[12]. “A segunda linha é para a prevenção e controle dos sintomas. Nesse caso, o tratamento é diário e contínuo, com corticoide inalatório associado ou não a broncodilatadores, conforme a gravidade do paciente[12]”, explica Pitrez.
O médico ressalta ainda que o tratamento da asma não deve ser interrompido. Mesmo com ausência de sintomas, o paciente diagnosticado deve manter os medicamentos de controle e prevenção, pois eles ajudam a garantir uma vida normal, mesmo em pacientes mais graves, reduzindo significativamente o risco de novas crises. Todo o pediatra deve ter como meta fazer que seu paciente com asma tenha uma vida absolutamente normal”, reforça.
É importante destacar que, tanto o diagnóstico quanto o tratamento, são diferentes em adultos e crianças. Mesmo que o caso seja hereditário, o que funciona para os pais não deve ser utilizado na criança. “As dosagens dos tratamentos são diferentes dependendo da idade do paciente[11]. Além disso, atualmente, temos apenas dois imunobiológicos para o tratamento da asma infantil, enquanto pacientes adultos contam com um número maior de opções”, esclarece Pitrez.
No final de 2019, a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (CONITEC) deu parecer positivo para a incorporação do omalizumabe no Sistema Único de Saúde (SUS), medicamento biológico indicado para o tratamento da asma alérgica grave não controlada após falha no uso do corticoide inalatório em conjunto com um LABA (beta2-agonista de longa ação), em pacientes a partir de 6 anos.
Os corticoides orais estão entre os tratamentos mais comuns, entretanto, seu uso contínuo e por um longo período pode acarretar em diversos efeitos colaterais como hipertensão, diabetes, afinamento da pele, problemas dentários, aumento da incidência de osteoporose, ocorrência de catarata e glaucoma[13]. A indicação para o paciente que não responde bem ao tratamento convencional, ou quando sua asma é alérgica grave, é o uso de medicamento biológico, que age diretamente na jornada de inflamação da doença[7 -9].
Fonte: Novartis
Referências:
1- SCHEFFER, M. et al. Demografia Médica no Brasil 2018. São Paulo, SP: FMUSP, CFM, Cremesp, 2018. 286 p. ISBN: 978-85-87077-55-4
2- PEDIATRAS: guardiões da saúde das crianças. In: SILVA, Dra. Luciana Rodrigues. Pediatras: guardiões da saúde das crianças. [S. l.], 2018. Disponível em: https://www.sbp.com.br/especiais/pediatria-para-familias/importancia-do-pediatra/. Acesso em: 14 jul. 2020.
3- CRIANÇAS que não vão ao pediatra com frequência têm duas vezes mais chances de serem hospitalizadas. In: Crianças que não vão ao pediatra com frequência têm duas vezes mais chances de serem hospitalizadas. [S. l.], 2013. Disponível em: https://www.sbp.com.br/imprensa/detalhe/nid/criancas-que-nao-vao-ao-pediatra-com-frequencia-tem-duas-vezes-mais-chances-de-serem-hospitalizadas/. Acesso em: 14 jul. 2020.
4- O PEDIATRA, a asma e o diagnóstico precoce. In: O pediatra, a asma e o diagnóstico precoce. [S. l.], 2011. Disponível em: https://www.sbp.com.br/imprensa/detalhe/nid/o-pediatra-a-asma-e-o-diagnostico-precoce/. Acesso em: 15 jul. 2020.
5- World Health Organization. Global surveillance, prevention and control of chronic respiratory diseases: a comprehensive approach, 2007.
6- WORLD HEALTH ORGANIZATION. Asthma. Disponível em: https://www.who.int/news-room/q-a-detail/asthma. Acesso em: 14 jul. 2020.
7- Costa E, Melo JML, Aun MV, et al. Guia para o manejo da asma grave. Braz J Allergy Immunol. 2015;3(5):205-225.
8- Bula Xolair®, Novartis, 2015. Aprovada pela ANVISA em 14/12/2015.
9- Ministério da Saúde. Disponível em: https://www.saude.gov.br/saude-de-a-z/asma. Acesso em 16 de dezembro de 2019.
10- National Heart, Lung, and Blood Institure (NHLBI), National Institutes of Health. What Are the Signs and Symptoms of Asthma? Disponível em: https://www.nhlbi.nih.gov/health/health-topics/topics/asthma/signs. Acesso em 16 de dezembro de 2019.
11- IV Diretizes Brasileiras para o Manejo da Asma: DEFINIÇÃO, EPIDEMIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA. Jornal Brasileiro de Pneumologia, [s. l.], v. 32, 2006. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-37132006001100002&l. Acesso em: 15 jul. 2020.
12- RECOMENDAÇÕES para o manejo da asma da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia – 2020. Resultados da pesquisa Resultado da Web com links de sites Jornal Brasileiro de Pneumologia, [s. l.], 2019. Disponível em: https://www.jornaldepneumologia.com.br/audiencia_pdf.asp?aid2=3118&nomeArquivo=2020_46_1_3118_portugues.pdf. Acesso em: 15 jul. 2020.
13- Portal Minha Vida. Asma grave: sintomas, tratamentos e causas. Disponível em https://www.minhavida.com.br/saude/temas/asma-grave. Acesso em 30/01/2019 .