Síndrome metabólica e sua face mais oculta: o fígado
A síndrome metabólica é um agrupamento de condições clínicas: obesidade abdominal, hipertensão arterial, resistência à insulina e dislipidemias (triglicérides elevados e baixos níveis de HDL colesterol). Enquanto os aspectos cardiovasculares da síndrome metabólica recebem atenção, um órgão em particular sofre silenciosamente: o fígado. Nessas condições, quando os problemas hepáticos são detectados, muitas vezes já se encontram em estágio muito adiantado, não deixando outra opção que não a tentativa da realização de transplante.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a prevalência mundial da obesidade dobrou nas últimas três décadas. Hoje, pelo menos, um a cada três adultos com mais de vinte anos está acima do peso ou é obeso, impactando negativamente nas suas condições clínicas e favorecendo o aumento de casos de síndrome metabólica.
Os governos e a iniciativa privada, juntamente com a comunidade científica, trabalharam muito nas últimas décadas no desenvolvimento de protocolos de prevenção e manejo da síndrome metabólica, levando em consideração os aspectos cardiovasculares e o diabetes, sendo que atualmente a rotina de detecção, o monitoramento e o tratamento são bem delineados e empregados em larga escala. O impacto desses protocolos é perceptível na redução da mortalidade por causas cardiovasculares, em nível global, principalmente na última década.
A face oculta da síndrome metabólica é que ela também está associada à doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA), e a sua prevalência aumenta com o número de seus componentes clínicos, principalmente com o aumento da obesidade, que é a causa mais comum de doença hepática crônica.
Por isso, a DHGNA tem sido referida como a expressão hepática da síndrome metabólica e engloba um contínuo de alterações patológicas no fígado progredindo em relação a sua gravidade: iniciando com a esteatose, passando à esteato-hepatite, que pode evoluir ainda mais para cirrose, aumentando o risco de carcinoma hepatocelular.
A avaliação das condições hepáticas deve ser incorporada ao protocolo terapêutico dos portadores de síndrome metabólica para que este importante aspecto também seja diagnosticado e tratado na perspectiva de uma redução ainda maior da mortalidade causada por este conjunto de condições clínicas cada vez mais prevalente na população mundial.
O maior acesso aos exames de imagem tem facilitado a detecção da DHGNA. A popularização da tecnologia dos exames ultrassonográficos, que são capazes de apontar níveis significativos de gordura no fígado, tem sido um aliado para realizar a triagem inicial da DHGNA, porém a ultrassonografia se mostra incapaz de fornecer uma medida precisa do grau de fibrose ou de inflamação hepática.
Uma alternativa à adoção de exames invasivos, como a biópsia hepática, para determinar se a doença já evoluiu para um estágio mais avançado é a adoção de algoritmos que utilizam como dados alguns parâmetros fornecidos por exames clínicos e laboratoriais rotineiros.
Esses algoritmos, também denominados biomarcadores, são capazes de detectar e diferenciar com precisão a fibrose leve e moderada da fibrose avançada e da cirrose. Atualmente estão disponíveis na internet calculadoras com esses diferentes algoritmos. A versão em português da calculadora está disponível no site: www.dhgna.net
Vale enfatizar que essa é uma ferramenta que auxilia o parecer médico e não tem a intenção de ser aconselhamento profissional nem pode substituir uma consulta com um médico ou outro profissional de saúde qualificado. Sempre consulte o seu médico sobre qualquer assunto relativo à sua saúde e aos seus tratamentos e medicamentos.
Fonte: Zydus Brasil