O que é a dermatite atópica?
Também conhecida como eczema, é causada por uma reação cutânea. Muito comum em bebês e crianças pequenas, é um motivo para consulta frequente em cuidados primários de saúde
Frequentemente, o aparecimento de alterações na pele, tais como secura, descamação, coceira, vermelhidão ou aparecimento de erupções, é atribuído a certas condições climáticas, como as altas temperaturas durante o verão ou as baixas temperaturas nas épocas mais frias do ano. No entanto, esses problemas cutâneos podem não ter relação direta com as alterações na temperatura no meio ambiente, mas sim com condições alérgicas subjacentes que se manifestam através de sinais e sintomas na pele.
As condições alérgicas da pele podem ter diferentes formas de apresentação e suas causas são variadas. A urticária (erupções na pele), o angioedema, a dermatite alérgica de contato e a dermatite atópica representam as diferentes expressões clínicas da alergia que afetam a pele. De todas essas, a dermatite atópica é provavelmente o distúrbio mais comum.
Também conhecida como eczema, a dermatite atópica foi revelada no início do século passado. É uma doença alérgica da pele que tem distribuição mundial e que ocorre principalmente em crianças, embora os adultos não estejam isentos de apresentá-la. Aproximadamente 70% dos casos de dermatite atópica começam na infância, antes dos 5 anos de idade, com um alto número de casos registrados antes do primeiro ano de vida.
A dermatite atópica é uma condição frequentemente associada com a presença de outras doenças alérgicas, tais como asma brônquica, rinite alérgica, conjuntivite alérgica e alergia alimentar. A dermatite alérgica é uma doença inflamatória crônica da pele que evolui por surtos; isto significa que as lesões aparecem e desaparecem em intervalos curtos. Na maioria dos casos, os sintomas melhoram e até mesmo desaparecem na adolescência.
Por que ocorre a dermatite atópica?
Não se sabe exatamente a origem da doença, embora existam muitos estudos que comprovam a existência de um fator hereditário (genético) como principal desencadeador. De fato, é possível afirmar que uma criança tem cerca de 70% de probabilidade de desenvolver uma dermatite atópica quando ambos os pais têm uma doença atópica alérgica, que pode ser ou não necessariamente um eczema.
Pressupõe-se que existem vários fatores genéticos vinculados à doença, os quais resultariam no desenvolvimento da dermatite atópica quando combinados com determinados fatores ambientais. Diferentes agentes irritantes, aeroalérgenos, certos alimentos, as infecções do sistema respiratório superior, os fatores climáticos, o estresse emocional e uma lactação materna insuficiente agiriam como fatores desencadeantes da doença.
As manifestações clínicas
Conforme anteriormente mencionado, a dermatite atópica afeta, em particular, as crianças pequenas, embora pessoas de todas as faixas etárias possam ser acometidas.
O início dos sintomas ocorre geralmente durante a lactação, e os casos que têm seu início antes dos três meses de vida são raros. Os sintomas cardinais da doença são a coceira (prurido) e a pele seca, também conhecida como xerose. É comum observar que a pele está avermelhada, apresenta lesões sólidas elevadas (pápulas) e/ou de conteúdo líquido (vesículas), com algumas áreas que mostram erosões (derivadas do ato de coçar a pele), aumento da espessura, da coloração e do quadriculado normal da pele, processo denominado liquenificação.
As lesões típicas da dermatite atópica são áreas avermelhadas e elevadas da pele (placas eritematosas) formadas pela confluência de pápulas ou vesículas, com crostas que aparecem na sua superfície.
A liquenificação e o aumento da coloração (hiperpigmentação) da pele são alterações produzidas por coçar a pele continuamente, e, em geral, são observadas em crianças maiores, adolescentes e adultos. As lesões tendem a aparecer no rosto, nos pulsos, na parte interna dos cotovelos e na área posterior dos joelhos, embora existam variações na apresentação clínica da doença, de acordo com a idade. Nos lactentes, as lesões geralmente aparecem a partir do terceiro mês de vida e persistem até os três anos de idade. As lesões características aparecem com maior frequência no rosto e, às vezes, na área da fralda e na superfície da extensão dos membros. Nas crianças maiores, a dermatite atópica é caracterizada pelo aparecimento de pápulas e vesículas, que confluem formando placas, nas áreas de flexão e dobras (cotovelos, pescoço, orelhas, joelhos). As áreas da pele com escoriações e liquenificação produzidas por coçar a pele podem ser observadas. Na adolescência, as lesões podem aparecer nas áreas de flexão, no dorso das mãos e nas pálpebras superiores.
Deve-se ter em mente que, devido à coceira intensa produzida pelas lesões da dermatite atópica, é comum que coçar a pele leve ao aparecimento de erosões ou escoriações, sendo este um fator de risco importante para o desenvolvimento de infecções adicionais, achados observados com frequência durante o curso da doença.
Aspectos gerais do tratamento da dermatite atópica
O objetivo principal do tratamento da dermatite atópica é o controle do prurido, às vezes, pode ser tão intenso e inconveniente, alterando a qualidade e a quantidade de horas de sono. A educação do paciente e as medidas para evitar o aparecimento de infecções cutâneas secundárias são medidas não menos importantes no momento de assegurar um tratamento ideal da doença. A aplicação de compressas frias é útil e a hidratação frequente da pele com cremes ou pomadas é fundamental. Deve-se procurar eliminar todos os fatores irritantes capazes de exacerbar os sintomas da dermatite atópica. Se um alimento for o fator causador, tal alimento deve ser eliminado da dieta.
Os cremes com corticoides tópicos são muito eficazes no tratamento e controle da inflamação. Anti-histamínicos ou corticoides também podem ser administrados por via oral.
Nos casos em que houver uma infecção cutânea secundária, é provável a necessidade de tratamento com antibióticos.
Em quais casos é indicada a avaliação por um especialista em alergias?
• Nas crianças menores de três anos com suspeita de alergia alimentar (pacientes que não respondem ao tratamento dermatológico ou apresentam manifestações digestivas).
• Nos maiores de três anos, quando há uma doença respiratória associada ou quando não é possível controlar a doença com as medidas habituais.
Por último, é importante notar que se o tratamento adequado for aplicado naquelas pessoas que sofrem dessas condições alérgicas na pele ao longo de todo o ano, é possível reduzir ou prevenir novos surtos. A supervisão por um especialista e a colaboração do paciente e de sua família garantem o alívio dos sintomas da doença e o sucesso terapêutico.