Setembro amarelo: depressão, uma doença comum e tratável

Setembro amarelo: depressão, uma doença comum e tratável

Conheça um pouco mais sobre a depressão, seus sintomas, complicações, diagnóstico e controle

Quantas vezes você viu ou ouviu falar de um parente ou amigo com “depressão”? Muitas! A depressão representa uma alteração na fisiologia normal do cérebro que predispõe a pessoa com depressão a uma alteração negativa no humor e na capacidade de sentir prazer nas atividades da vida diária. É uma das patologias psiquiátricas mais comuns e, felizmente, quando o tratamento adequado é estabelecido no início, geralmente não representa um risco para a vida de quem sofre com ela.

O que é depressão?

O transtorno depressivo maior, geralmente conhecido como depressão, é uma patologia da esfera mental da pessoa, que se destaca por causar humor negativo, impedindo-a de sentir prazer nas atividades realizadas na sua vida diária. Além disso, é acompanhada por uma diminuição perceptível da autoestima, uma perda do interesse em realizar qualquer tipo de atividade e reflete no corpo, pois gera uma série de sintomas físicos.

A depressão não pode ser atribuída a uma causa específica, mas sabe-se que há uma série de fatores que predispõem uma pessoa a sofrer de transtorno depressivo.

Os seguintes fatores são os mais frequentes:
Traumas na infância: qualquer tipo de evento traumático durante esse período, tal como morte de um ente querido ou abuso, pode causar uma alteração permanente na estrutura mental da pessoa e ser um fator de predisposição para o desenvolvimento de quadro depressivo maior no futuro.
Eventos traumáticos: perder o emprego, uma crise financeira ou qualquer circunstância percebida como trauma pode desencadear a depressão.
Herança familiar: pode haver uma predisposição genética para o desenvolvimento do transtorno depressivo, pois as pessoas que possuem parentes próximos já diagnosticados com essa patologia apresentam incidência maior de depressão.
Fator hormonal: alterações nos perfis hormonais (menopausa, distúrbios da tireoide etc.) podem desencadear o transtorno depressivo maior.
Alteração na fisiologia cerebral: os neurotransmissores são essenciais para o funcionamento correto da psique; qualquer alteração na sua função pode desencadear a depressão.

É importante observar que a síndrome depressiva maior não será desencadeada em todas as pessoas que apresentarem alguma das condições mencionadas anteriormente, porém, observou-se que, estatisticamente, essas condições tornam as pessoas mais suscetíveis.

Vias de neurotransmissão relacionadas à depressão.

Sintomas mais comuns de depressão

A depressão é uma das patologias mentais mais comuns na sociedade, sua gravidade varia e, geralmente, é necessário assistência profissional para poder superá-la. A identificação dos sintomas é muito importante, pois pode se apresentar de várias formas.

Essa doença afeta cada pessoa de maneira diferente, e a família desempenha um papel muito importante, pois, muitas vezes, o próprio doente não consegue perceber que algo está errado.

Uma das coisas mais importantes é saber quando pedir ajuda profissional. O indivíduo que se sentir deprimido deve consultar o quanto antes um médico ou psicólogo, que são os profissionais ideais para realizar o diagnóstico. Muitas vezes, as pessoas que sofrem dessa doença não querem ou não podem procurar ajuda de um profissional de saúde e é aqui que a família e os amigos desempenham um papel muito importante de detectar os sinais e levar o doente a uma consulta ou se informar sobre como ajudá-lo.

Complicações da depressão

Na maioria dos casos, quando o diagnóstico é estabelecido e uma terapia (farmacológica e de contenção) adequada é implementada, a depressão tem evolução mais do que favorável. Com o tempo, os sintomas começam a melhorar e o paciente depressivo começa a voltar à vida que a depressão tirou dele. No entanto, nos casos em que a ajuda profissional não é procurada ou tarda em chegar, o doente pode tomar atitudes que são muito prejudiciais à sua saúde e, em casos extremos, podem levar até à morte.

Como é feito o diagnóstico?

Quando um médico suspeitar que alguém pode ter um quadro depressivo maior, ele deve realizar uma série de exames que lhe permitirão determinar se os sintomas são a causa dessa patologia ou se pode haver algum outro tipo de condição que explique as alterações na vida do doente.

Os itens a seguir são os mais importantes e permitirão ao médico realizar o diagnóstico de depressão maior:
Exame psicológico: para estabelecer um critério de diagnóstico, o profissional de saúde deve indagar sobre os pensamentos da pessoa; perguntar sobre as atividades realizadas e os sentimentos; também pode realizar certas avaliações sobre as capacidades mentais e, mais importante, garantir que não haja pensamentos que indiquem que o paciente representa um perigo para si mesmo ou para terceiros.
Exame físico: o peso é um indicador importante, uma vez que pessoas com um quadro depressivo maior costumam perder ou ganhar peso em um período relativamente curto.
Exames de sangue: às vezes, desequilíbrios hormonais, como, por exemplo, uma alteração na glândula tireoide, podem desencadear um quadro depressivo. Um exame de sangue é útil para esclarecer essas questões.

O médico estará em condições de saber se uma pessoa cumpre com os critérios para ser diagnosticada com quadro depressivo maior, uma vez que tenha feito os estudos relevantes. Para se ter uma ideia de como o diagnóstico é feito, cada paciente deve ter, pelo menos, cinco das seguintes condições:
• Humor deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias.
• Falta de interesse e prazer nas atividades diárias.
• Ganho ou perda de peso sem fazer dieta.
• Falta de sono ou sono excessivo.
• Agitação motora ou lentidão acentuada.
• Fadiga ou falta de energia na maioria dos dias.
• Sentimento de inutilidade ou culpa inapropriada na maioria dos dias.
• Incapacidade de tomar decisões e se concentrar.
• Pensamentos recorrentes sobre morte ou suicídio. Tentativas fracassadas de suicídio.

Controle da depressão

Há muitas estratégias para o tratamento da depressão, porém, a base para uma evolução favorável possui dois pilares principais: a farmacoterapia e a assistência psicológica.

O uso de fármacos no tratamento da depressão: há muitos medicamentos que são úteis no tratamento dessa patologia. No geral, podem ser classificados pela maneira como são capazes de alterar a fisiologia do cérebro, revertendo, assim, os sintomas da doença. Alguns exemplos de fármacos utilizados para tratar a depressão são venlafaxina, sertralina, fluoxetina e lamotrigina. É necessário realizar um esclarecimento muito importante quanto ao uso de psicofármacos para depressão: nem todas as pessoas são iguais e, portanto, não respondem da mesma forma aos mesmos medicamentos. É por esse motivo que, muitas vezes, é necessário experimentar vários fármacos até encontrar o adequado. De certa forma, pode-se dizer que, na busca pelo medicamento certo, há muito “teste e erro”, por isso, a paciência é uma das virtudes mais importantes para que o tratamento evolua de forma favorável.

Os benefícios da assistência terapêutica: quando uma pessoa sofre de depressão, é importante que ela possa falar com alguém que saiba sobre o assunto. Os psicólogos e os psiquiatras possuem o conhecimento e a experiência para guiar essa pessoa através de seu histórico e seus pensamentos a fim de encontrar a origem de sua depressão. Também são necessários para poder reconhecer os sintomas, nos casos em que voltem a aparecer, e saber como combatê-los, sem cair novamente em um quadro tão grave.

Bibliografia
– Ian H. Gotlib, Jutta Joormann. Cognition and Depression: Current Status and Future Directions. Annu Rev Clin Psychol. 2010 April 27; 6: 285-312.
– Saebom Lee, Jaehoon Jeong, Yongdo Kwak, Sang Ki Park. Depression research: where are we now? Molecular Brain. 2010, 3:8.
– Mayo Clinic Staff. Depression (major depression). Last updated Feb. 11, 2010. http://www.mayoclinic.com/health/depression/DS00175.