Úlceras dos membros inferiores

Generalidades

As úlceras dos membros inferiores são afecções muito comuns. Segundo dados epidemiológicos, afetam entre 0,6-3% das pessoas com mais de 60 anos e até 5% das com mais de 80 anos. Entre as pessoas adultas que vivem nos EUA, sua incidência está entre 1 e 2%.^1,2

Os fatores de risco para sofrer de úlceras nos membros inferiores incluem:¹

• idade avançada;
• sexo feminino;
• raça branca;
• antecedentes familiares de úlceras de origem venosa nas pernas;
• antecedentes de trombose venosa profunda ou flebite;
• trauma prévio
• edema crônico das pernas;
• estilo de vida sedentário;
• períodos prolongados em pé.

Principais causas

No mundo ocidental, as principais causas de úlceras dos membros inferiores são:²

• insuficiência venosa;
• insuficiência arterial;
• diabetes (neuropatia);
• combinação dos fatores anteriores.

Devido às diferentes causas, patogênese e tratamento, as úlceras das extremidades inferiores são divididas em dois grupos:¹

• úlceras das pernas;
• úlceras dos pés.

Aproximadamente 70% das úlceras das pernas se devem a enfermidades nas veias.¹

No caso das úlceras localizadas nos pés, cerca de 85% dos casos são por neuropatia periférica associada à doença arterial.¹

Aspecto clínico e identificação

A maioria das úlceras permite identificar sua causa considerando-se sua localização e aparência.¹

Com respeito à sua localização:^1,2,4

úlcera venosa: área acima do maléolo medial ou lateral (entre a região inferior da panturrilha e o maléolo medial, mais comumente);

úlcera arterial: áreas ou pontos de pressão nos pés, dedos dos pés, região do maléolo lateral e região da tíbia;

úlcera neuropática (diabética): plantas dos pés ou sobre os pontos de pressão ou de atrito nas pontas dos dedos ou na região lateral ao 5º metatarso (áreas de protrusões ósseas).

Com relação à aparência clínica, as características de cada tipo de úlcera são diferentes:^1,2,4

venosa: úlcera pouco profunda de bordas irregulares planas; fundo com tecido de granulação e exsudado fibrinoso moderado ou abundante;

arterial: úlcera profunda de bordas desgastadas; o leito apresenta tecido necrótico com pouco exsudado, a menos que esteja infectada;

neuropática: úlcera profunda; seu leito varia conforme o estado circulatório. Borda nítida rodeada de pele com calosidade. Ausência de sensibilidade característica.

A avaliação das úlceras deve ser detalhada levando-se em conta as características gerais e o histórico médico do doente; o exame da úlcera pode permitir chegar à sua provável causa e formular um plano terapêutico apropriado.^1.2

Bibliografia

• 1- Singer AJ, Tassiopoulos A, Kirsner RS. Evaluation and Management of Lower-Extremity Ulcers. N Engl J Med. 2017;377(16):1559‐1567. doi:10.1056/NEJMra1615243.
• 2- Agale S.V. Chronic Leg Ulcers: Epidemiology, Aetiopathogenesis, and Management. Ulcers 2013. (https://www.hindawi .com/journals/ulcers/2013/413604/).
• 3- Foman N. Leg Ulcers. In: Soutor C, Hordinsky MK. eds. Clinical Dermatology New York, NY: McGraw-Hill; 2013.
• 4- Cleeveland Clinic[Internet]. Leg and foot ulcers [updated 2019 May 16; cited 2020 May 28]. Available from: https://my.clevelandclinic.org/health/diseases/17169-leg-and-foot-ulcers