A cicatrização de uma lesão térmica depende da profundidade do tecido danificado.
Nas queimaduras de primeiro e segundo grau superficial, a cicatrização é feita por primeira intenção: a cicatrização é completada em 5 a 7 dias e geralmente não deixa cicatriz visível.1
Nas queimaduras de segundo grau profundas e de terceiro grau, a cicatrização é por segunda intenção, que envolvem processos de epitelização e contração da ferida, levando assim ao aparecimento de cicatrizes visíveis.1
O processo de cicatrização de uma ferida de lesão térmica atravessa três etapas que podem ser fases consecutivas ou sobrepostas.1,2
Fase inflamatória:
Essa fase serve não apenas para prevenir a infecção, mas também para degradar o tecido necrosado e ativar os sinais necessários que levarão ao reparo da ferida.2
Essa etapa envolve uma resposta vascular e uma resposta celular em que ocorrem: vasodilatação, extravasamento de fluidos e chegada de células inflamatórias no local da lesão. Esse último processo inicia a resposta imune de defesa e colabora com a fagocitose, a limpeza do tecido morto e das toxinas liberadas pelo tecido queimado.1,2
Fase proliferativa:
A seguir e sobreposta com a resposta inflamatória da fase anterior, a fase proliferativa é caracterizada pela ativação e proliferação de queratinócitos e fibroblastos através da ação de citocinas e fatores de crescimento derivados da fase inflamatória.
Nas lesões térmicas de espessura parcial, a reepitelização é iniciada pela migração dos queratinócitos dos apêndices cutâneos da derme, evento que contribui para o fechamento da ferida. A angiogênese e a fibrogênese ajudam na reconstrução da derme.1,2
Fase de remodelação:
Sobreposta com a fase proliferativa, essa fase final envolve a remodelação ou maturação da ferida. Ocorrem deposição e remodelação contínuas de proteínas fibrosas estruturais: colágeno e elastina; essas proteínas, juntamente com a matriz extracelular de remodelação, formam o tecido cicatricial. Posteriormente nesta mesma fase, os fibroblastos evoluem para miofibroblastos e levam à contração da ferida.1,2
Nas lesões térmicas de segundo grau profundo e nas lesões térmicas de espessura total que são deixadas para cicatrizar por conta própria, a fase de remodelação é prolongada e pode levar anos. Essa remodelação constante leva ao desenvolvimento de cicatrizes hipertróficas e contraturas características.1
Bibliografia
1)Tiwari VK. Burn wound: How it differs from other wounds?. Indian J Plast Surg. 2012;45(2):364–373. doi:10.4103/0970-0358.101319
2) Rowan MP, Cancio LC, Elster EA, et al. Burn wound healing and treatment: review and advancements. Crit Care. 2015;19:243. Published 2015 Jun 12. doi:10.1186/s13054-015-0961-2