CRF-SP faz levantamento sobre farmacêuticos infectados pelo coronavírus

CRF-SP faz levantamento sobre farmacêuticos infectados pelo coronavírus

Por ICTQ, Marcelo de Valécio

O Conselho Regional de Farmácia de São Paulo (CRF-SP) está promovendo levantamento sobre os farmacêuticos afastados por suspeita ou confirmação de Covid-19. Um comunicado da instituição foi divulgado para farmácias, hospitais e laboratórios de análises solicitando dados dos profissionais que não estejam atuando por causa do coronavírus.

De acordo com o presidente do CRF-SP, Marcos Machado, existe uma grande preocupação com a saúde dos profissionais que atuam nesses estabelecimentos, bem como em relação à saúde da população atendida por eles. “Dessa forma, queremos acompanhar esses dados para, em conjunto com outros entes públicos, propor alternativas para a diminuição do problema”, afirma.

Machado lembra que os farmacêuticos estão tão expostos quantos outros profissionais de saúde. “Entretanto, ouvimos pouco falar deles nos comunicados das autoridades de saúde. Sempre os médicos e enfermeiros são lembrados, mas os farmacêuticos, não. O próprio ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que tem feito um bom trabalho, fala até dos fisioterapeutas, psicólogos e dentistas, mas não diz nada sobre os farmacêuticos”, frisa.

A ideia do levantamento é ter dados consolidados para fazer uma gestão junto aos órgãos públicos em prol do tratamento diferenciado dos farmacêuticos, além de ter instrumentos para tomar decisões. “Médicos e enfermeiros têm atendimento preferencial nos hospitais, fazem os testes, têm direito a equipamentos de proteção individual (EPIs). Está correto que tenham. Mas os farmacêuticos também estão na linha de frente e precisam ser tratados com prioridade”, sublinha o presidente do CRF-SP.

Ele lembra que na Europa e em outros países, como os Estados Unidos, por exemplo, os farmacêuticos são tratados prioritariamente como os demais profissionais de saúde. “No Brasil, o universo de farmacêuticos atinge 200 mil profissionais. Só em São Paulo, são 65 mil. Nas farmácias, são eles que, muitas vezes, fazem o primeiro atendimento ao paciente. Então, buscamos conscientizar as autoridades de saúde sobre isso. Nos reunimos recentemente com o secretário de Saúde de São Paulo, José Henrique Germann Ferreira, e apresentamos nossa preocupação”, destacou Machado.

Em âmbito nacional, ainda não existe uma base de dados sobre os casos suspeitos ou confirmados da infecção pela Covid-19 entre farmacêuticos. Segundo o Conselho Federal de Farmácia (CFF), foi feita uma solicitação aos conselhos regionais para a sondagem desses dados, que não é um procedimento obrigatório, mas isso ainda não foi concluído.

Além do conselho paulista, outros regionais estão se mobilizando para levantar dados. Segundo a presidente do Conselho Regional de Goiás (CRF-GO), Lorena Baia, foi solicitado aos estabelecimentos farmacêuticos que encaminhassem ao CRF-GO os dados dos farmacêuticos e demais colaboradores que estejam afastados por suspeita ou confirmação de Covid-19.

“Existe uma grande preocupação com a saúde dos profissionais que atuam nos estabelecimentos, bem como em relação à saúde da população atendida por eles. Pensando nisso, também já solicitamos à Secretaria Estadual de Saúde de Goiás que garanta os testes rápidos para coronavírus aos farmacêuticos”, revela Lorena, informando que, durante a pandemia, houve a notificação de um óbito por Covid-19, de uma técnica de laboratório.

No Rio de Janeiro, a presidente do CRF-RJ, Tânia Mouço, revelou que o conselho está fazendo o levantamento, mas que ainda não possui os dados consolidados. Segundo ela, há o registro oficial de dois farmacêuticos que morreram em conseqüência da Covid-19, além de vários que testaram positivo para o coronavírus, incluindo o caso de uma farmacêutica que está no CTI de um hospital da capital. “Há casos animadores também. Um farmacêutico que já saiu da UTI está próximo de ter alta hospitalar. Já os dados estatísticos mais abrangentes teremos em breve”, revela Tânia.

Em Minas Gerais, a presidente do CRF-MG, Júnia Célia de Medeiros, revela que os dados estão sendo reunidos pela instituição e em breve serão divulgados. Ela destaca, ainda, que o conselho tem preparado vários materiais de orientação para os farmacêuticos, como manejo correto, cuidados que devem ter no dia a dia para evitar a contaminação.

Foto: Freepik