Como escolher o método contraceptivo?
Existem numerosos métodos contraceptivos e vale a pena levar o tempo necessário para averiguar e conhecer cada uma das opções disponíveis e assim poder eleger a mais apropriada
Uma mulher engravida se o esperma liberado durante a ejaculação ingressar no útero e um espermatozoide conseguir fertilizar um óvulo, que habitualmente abandona o ovário mês a mês. A contracepção tenta evitar que isso ocorra, ao manter o óvulo e o espermatozoide separados ou ao impedir a formação do ovo, ou zigoto, que ocasionará a formação do embrião.
A escolha do método contraceptivo pode não ser fácil devido à variedade de opções disponíveis; algumas das mais populares incluem comprimidos ou pílulas anticoncepcionais e os preservativos. O melhor método é aquele empregado de maneira contínua, que é aceitável para a mulher e seu parceiro e que não ocasiona efeitos secundários incômodos. Outros fatores a considerar são:
• eficácia;
• conveniência;
• duração da ação;
• reversibilidade e tempo de retorno da fertilidade (futuros planos de gravidez);
• efeitos no sangramento uterino;
• frequência de efeitos secundários e eventos adversos;
• acessibilidade (custos); e
• proteção contra as doenças sexualmente transmissíveis.
Nenhum método contraceptivo é perfeito. Cada mulher deve avaliar suas vantagens e desvantagens e, em função disso, decidir qual método prefere.
Os métodos contraceptivos atualmente disponíveis
Contracepção intrauterina
O dispositivo intrauterino (DIU) é um objeto pequeno em forma de T que é colocado e deixado dentro do útero. Deve ser inserido e retirado por um médico. Há dois tipos disponíveis: o DIU de cobre – que tem uma vida útil de até 10 anos – e o DIU hormonal, cuja duração é de 5 anos.
Métodos hormonais de controle da natalidade
Estes métodos contêm hormônios sintéticos, similares aos produzidos pelo corpo da mulher. Constituem uma forma confiável para a maioria das mulheres que desejam prevenir a gravidez.
• Pílulas ou comprimidos. É uma pílula que a mulher deve tomar todos os dias no mesmo horário. Contém hormônios que previnem a gravidez. Há muitos tipos de pílulas anticoncepcionais. O médico pode orientar qual é o tipo mais adequado para cada paciente. Caso se esqueça de tomar uma pílula anticoncepcional, é necessário saber o que fazer. Para isso, deve-se ler atentamente as instruções encontradas nas embalagens, além de solicitar orientação ao profissional de saúde.
• Adesivo transdérmico. É um pequeno emplastro adesivo colocado na pele da parte inferior do abdômen, glúteos ou torso superior (exceto região das mamas). Contém hormônios que são liberados de maneira lenta e contínua, através da pele, para a corrente sanguínea. Um novo adesivo é colocado por uma semana a cada vez, durante três semanas consecutivas. Durante a quarta semana, não se deve colocar um novo adesivo, e a mulher experimentará um sangramento menstrual.
• Injetável. Injeção aplicada na parte superior do braço ou no glúteo. A administração é realizada pelo médico a cada três meses. Contém hormônios que previnem a gravidez.
• Implante. Bastonete flexível de 4 cm de comprimento, colocado no braço da mulher. Contém em sua composição o hormônio etonogestrel, que é liberado gradualmente no organismo por até três anos, com a função de inibir a ovulação e, assim, impedir a gravidez.
• Anel vaginal. Consiste em um anel plástico flexível que é inserido na parte superior da vagina. É colocado ali durante 21 dias e em seguida retirado por um período de 7 dias. No decorrer desses 7 dias, a mulher terá um sangramento menstrual. Passada essa semana, a mulher deve proceder à colocação de um novo anel.
• Dispositivo intrauterino com hormônios (ver Contracepção intrauterina).
Métodos de barreira
• Diafragma e capuz cervical. O diafragma é um pequeno dispositivo em forma de cúpula, feito de látex ou silicone, que se ajusta dentro da vagina e cobre o colo do útero, de tal maneira a impedir o acesso dos espermatozoides. É colocado antes de se manter relações sexuais. O capuz cervical é uma pequena e fina cúpula de látex ou plástico, com formato de dedal, que se ajusta perfeitamente ao colo do útero. O médico deve realizar um exame da pélvis para identificar o tamanho adequado dos dispositivos. Ambos os métodos são utilizados em combinação com espermicidas. Cabe destacar que os métodos contraceptivos que requerem o uso de espermicidas devem ser utilizados somente se existir um baixo risco de infecção por vírus da imunodeficiência humana (HIV).
• Preservativo masculino e feminino. O preservativo, ou camisinha masculina, cobre o pênis e retém o esperma após a ejaculação; dessa maneira, impede que os espermatozoides ingressem no corpo da mulher. O preservativo feminino é uma fina bolsa plástica que recobre o interior da vagina. É colocado até 8 horas antes do coito sexual. Tem a mesma função que o preservativo masculino. Os preservativos funcionam melhor quando são empregados junto com espermicidas. Não devem ser utilizados junto com lubrificantes a base de óleo, como óleos de massagem, loções ou vaselina, já que esses enfraquecerão a camisinha e farão com que ela se rasgue ou rompa. Além de prevenir a gravidez indesejada, o preservativo é um método de prevenção das doenças sexualmente transmissíveis, como a infecção pelo HIV.
• Espermicidas. Estes produtos químicos são colocados na vagina por não mais que uma hora antes da relação sexual a fim de inativar o esperma. Há muitos tipos de espermicidas: creme, espuma, gel, supositórios e tabletes. Seu uso frequente pode aumentar o risco de contrair HIV.
Métodos baseados no conhecimento da fertilidade (“planejamento familiar natural”)
Algumas mulheres e seus parceiros não podem utilizar os métodos de controle da natalidade mencionados ou optam por não fazê-lo, por razões culturais ou religiosas. Compreender a fertilidade pode ser útil para buscar ou evitar uma gravidez. O padrão de fecundidade ou fertilidade compreende o número de dias do mês em que uma mulher é fértil (capaz de engravidar), os dias em que é infértil e aqueles em que é pouco provável, mas possível, a fertilidade. Se a mulher apresenta um ciclo menstrual regular, tem cerca de nove dias férteis a cada mês. A identificação das mudanças nas secreções cervicais e da temperatura basal são parâmetros que devem ser considerados para detectar os dias mais férteis. Se a mulher não quiser engravidar, deve evitar manter relações sexuais durante esses dias.
Métodos permanentes de controle da natalidade
A esterilização é um método contraceptivo permanente, seguro e altamente efetivo destinado às pessoas que estejam seguras de que não desejam uma gravidez no futuro. Os métodos disponíveis atualmente são a ligação das tubas uterinas e a esterilização transcervical, na mulher, e a vasectomia, no homem.
Quão efetivos são os métodos contraceptivos?
A eficácia dos métodos contraceptivos é extremamente importante para reduzir o risco de gravidez indesejada. A maioria dos métodos de controle da natalidade é muito eficaz se utilizada corretamente. Contudo, podem falhar por uma série de razões, incluindo o uso incorreto e algum outro motivo pelo qual o método em si tenha fracassado. Em caso de falha ou esquecimento, existe uma opção para reduzir o risco de gravidez. Esse método é conhecido como contracepção de emergência.
A melhor maneira de reduzir o risco de gravidezes indesejadas entre as mulheres sexualmente ativas é mediante o uso efetivo de contraceptivos de forma consistente e correta.
Pílulas anticoncepcionais combinadas
A pílula anticoncepcional oral combinada contém versões sintéticas (artificiais) dos hormônios femininos (estrógenos e progesterona) que as mulheres produzem naturalmente em seus ovários. Existem muitos tipos de pílulas anticoncepcionais com diferentes concentrações e hormônios, derivadas de estrógenos e progestágenos (acetato de ciproterona, desogestrel, dienogeste, drospirenona, estradiol, etinilestradiol, gestodeno, levonorgestrel, linestrenol, nomegestrol, norgestimato, valerato de estradiol). Os hormônios presentes na pílula impedem que os ovários liberem o óvulo (inibem a ovulação). Também mantêm uma secreção de colo uterino (muco cervical) espessa e impenetrável para os espermatozoides e fazem com que o revestimento do útero (endométrio), local onde ocorre a implantação do ovo, ou zigoto (célula que resulta da união do espermatozoide com o óvulo), torne-se um lugar pouco propício para que isso ocorra.
Embora a pílula anticoncepcional seja tomada geralmente para prevenir a gravidez, também pode ser empregada quando os períodos menstruais são dolorosos ou as menstruações abundantes, bem como para tratar a síndrome pré-menstrual, as alterações do ciclo menstrual e a endometriose.
Quais são as vantagens de tomar a pílula anticoncepcional?
– Seu emprego não implica interromper a relação sexual.
– Pode ajudar os períodos menstruais a serem mais regulares e as menstruações, menos abundantes e dolorosas.
– Reduz o risco de câncer de ovário, útero e cólon.
– Pode reduzir os sintomas da síndrome pré-menstrual.
– Em algumas ocasiões, ajuda a diminuir a acne.
– Pode oferecer proteção contra a doença pélvica inflamatória.
– Pode reduzir o risco de fibromas, cistos de ovário e de mama.
Quais são as desvantagens de tomar a pílula anticoncepcional?
– A mulher deve se lembrar de tomar a pílula à mesma hora todos os dias.
– Pode ocasionar efeitos secundários (em geral, apresentam-se por algum tempo e no início da tomada), como dores de cabeça, mudanças de humor, náuseas e sensibilidade nos seios. Se esses não cedem após alguns meses, deve-se pensar em optar por uma pílula anticoncepcional diferente.
– Às vezes aumenta a pressão arterial.
– Não é um método de proteção contra as doenças infecciosas sexualmente transmissíveis, como a infecção pelo HIV.
– Seu emprego foi relacionado com um maior risco de algumas condições graves de saúde, como a trombose (formação de coágulos sanguíneos) e o câncer de mama.