Cifarma discute benefícios e cuidados com a Inteligência Artificial no ambiente coorporativo

Cifarma discute benefícios e cuidados com a Inteligência Artificial no ambiente coorporativo

Realidade na indústria farmacêutica, tecnologia tem transformado processos e otimizado análises de resultados, mas ainda gera insegurança por muitos profissionais

Uma pesquisa recente divulgada pela Microsoft e pela Edeman Comunicação revelou que 74% das micro, pequenas e médias empresas do Brasil já utilizam a inteligência artificial (IA), tecnologia cuja adoção representa um desafio para 20% delas. Em relação ao interesse e preparação para utilização de IA, o estudo mostrou que 90% das empresas estão buscando adotar IA atualmente, proporção que é menor entre as microempresas (70%) e mais alta entre as nativas digitais (98%). Além disso, 65% afirmam estarem preparadas para o uso de IA, dado que aumenta conforme o porte da empresa e é maior entre as nativas digitais. 

Se por um lado, o uso da inteligência artificial pode representar ganhos e a potencialização de resultados, ela ainda gera insegurança e dúvidas em muitos profissionais, sobre seus riscos. Para o bacharel e pesquisador em Inteligência Artificial pela Universidade Federal de Goiás (UFG), Állan Christoffer Pereira Silva, no dia a dia, a principal dúvida ainda é se a IA vai substituir os humanos ou tomar empregos. “A resposta para essa pergunta é que ninguém será substituído por máquinas, mas sim por outras pessoas que sabem utilizar a IA de forma eficiente. Portanto, não se trata de substituição, mas sim de transformação (digital) da mentalidade profissional”, afirma. 

O especialista acrescenta que hoje o maior ganho no uso de Inteligência Artificial é sem dúvida a potencialização do fator humano, isto é, fazer e criar coisas de forma mais rápida e automática com o auxílio das ferramentas. “A automação proporcionada pela IA tira o humano da tarefa repetitiva e o ocupa com tarefas estratégicas”, avalia Állan, que recentemente ministrou palestra na Cifarma, onde esclareceu aos colaboradores da indústria farmacêutica os principais conceitos sobre o assunto de forma didática, com exemplos práticos de como a tecnologia pode ajudar diferentes setores, com ferramentas de uso simples. Foram apresentadas também aplicações da IA mais avançadas que estão auxiliando outras indústrias, de modo a fornecer insights e expostos os cuidados básicos que precisam ser tomados durante o uso destas ferramentas e no compartilhamento de dados. 

“Na indústria farmacêutica, a IA atualmente já está transformando processos com a utilização da tecnologia para análise de grandes volumes de dados de maneira rápida para a identificação de moléculas com potencial para novos medicamentos, além de conseguir, dentro destas análises, simular a interação entre moléculas e predizer a eficácia de novos medicamentos”, explica Marcus Almeida, coordenador de T.I. da Cifarma. Ele acrescenta, que é possível ainda otimizar ensaios clínicos e propor tratamentos personalizados sugerindo, de acordo com os dados históricos do paciente, medicamentos mais eficientes e de menor efeito colateral. A análise massiva de dados por IA também ajuda a identificar padrões de mercado e epidemiológicos que podem resultar em estratégias de produção específicas para atender novas demandas comerciais baseadas em insights e predições das ferramentas.  

O coordenador de T.I. explica que atualmente a IA ainda vem sendo utilizada de maneira pontual por alguns setores dentro da Cifarma. O objetivo principal desse uso é otimizar as entregas dos setores como Marketing, Inteligência de Mercado e Tecnologia, que usam ferramentas de IA generativas para criação de imagens para postagens em mídias sociais, buscas por estudos clínicos e pesquisas médicas e sugestões de melhorias e segurança em códigos fontes. “Além disso, estamos avaliando com fornecedores parceiros, a implementação de uma solução de IA no âmbito interno, com a finalidade de realizar atendimentos técnicos recorrentes de primeiro nível com mais rapidez e assertividade”, adianta.  

Alerta

Marcus Almeida acrescenta que a inteligência artificial traz diversas preocupações para as empresas, principalmente quanto à segurança e ao sigilo. Como essa tecnologia precisa ter acesso a diversos elementos para realizar seus estudos e seus treinamentos – como é chamado o processo de fornecer informações abundantes à IA para que ela melhore suas análises com uma base ampla de modelos, resultados e dados históricos – o grande dilema para a Indústria é saber quais conteúdos disponibilizar e quais devem ser tratados como críticos e não podem ser fornecidos, mesmo que descaracterizados. “Existe muita preocupação em como estes dados serão tratados e preservados pelas ferramentas de IA, para que não se corra o risco de que informações sigilosas possam ser dispersas na rede mundial de computadores, acessíveis à concorrentes ou até mesmo para não se ter uma exposição de clientes, produtos e estratégias corporativas”, alerta. 

Outra preocupação está nos dados apresentados pelas ferramentas de inteligência artificial e a sua veridicidade. “Essas informações precisam ser minuciosamente analisadas, confrontadas e testadas, para garantir que não estamos trabalhando com informações imprecisas, distorcidas e até mesmo erradas, fornecidas por falhas nos algoritmos, que podem trazer prejuízos futuros para a empresa ou para o paciente”, acrescenta Marcus.

E ainda, outro ponto de cautela das empresas com a IA é intrínseco a toda tecnologia disruptiva, que é o seu custo. “Muitas soluções de uso gratuito, oferecem essa “gratuidade” em troca de ter acesso liberado aos dados fornecidos para treinar melhor suas ferramentas enquanto soluções próprias ou feitas sob medida para a empresa, podem apresentar um custo extremamente elevado, devido, principalmente, à quantidade de recursos computacionais de que estas tecnologias necessitam”, finaliza Almeida. 

Fonte: Cifarma