Acne adulta

Acne adulta

Substâncias anti-inflamatórias e antioxidantes potentes, além de mudanças nos hábitos de vida que atuam como gatilho favorecendo o aparecimento das lesões, devem fazer parte da terapia para tratar o problema

Comum na adolescência, a acne também surge na fase adulta, mas por outros motivos – o que requer outros tratamentos. “A acne adulta não tem relação com a acne vulgar da adolescência. Geralmente afetando mulheres, esse quadro é caracterizado por lesões nodulares císticas, muitas vezes doloridas, que perduram por sete a dez dias. Elas aparecem na região do queixo e lateral das bochechas, podendo também estar presentes na linha de implantação do cabelo. Resistentes e ligadas a hábitos de vida, a visita ao médico é fundamental para tratar o problema”, explica o dermatologista Dr. Daniel Cassiano, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. A acne adulta acomete mulheres na vida adulta entre 30 e 50 anos de idades e apresenta resistência aos tratamentos convencionais para a acne da adolescência.

O médico explica que o quadro está relacionado com o estímulo inadequado dos receptores hormonais, como os masculinos, alterações relacionadas à tireoide e pelo estresse, que hoje é uma das principais causas que podem estimular o aumento do cortisol e adrenalina. “Os hormônios do estresse induzem uma reação inflamatória. Por isso, quase sempre esse tipo de acne apresenta um indicativo de desconforto, com hipersensibilidade local e após três dias, em média, surgem os comedões inflamatórios — que estão relacionados ao período pré-menstrual, uso de contraceptivos de uso via oral ou na forma de adesivos ou ainda dispositivos intrauterinos”, comenta o dermatologista.

Com essas alterações hormonais, há um estímulo exagerado sobre as glândulas sebáceas com superprodução de sebo, o que provoca aumento da proliferação de bactérias causadoras da acne. Além disso, fatores como o uso de maquiagem muitas vezes não adequada, com veículos gordurosos, ou muito pesados, podem causar obstrução dos ductos das glândulas (poros), o que piora o problema. “Devemos também prestar atenção no consumo exagerado de gorduras trans e saturadas e alimentos com alto índice glicêmico que provocam a piora da inflamação e da resistência à cicatrização e persistência do quadro”, comenta o Dr. Daniel.

Os hábitos de vida comprometidos, como poucas horas de sono, estresse, tabagismo e cuidados inadequados com a pele, além da alimentação, precisam ser mudados para a efetividade do tratamento. “Por esse motivo, a paciente precisa ser investigada, com a realização de uma anamnese detalhada com investigação de toda a parte hormonal, hábitos de vida e situações de estresse. A conduta deverá ser baseada no controle significativo destes fatores”, destaca o médico.

O médico afirma que o tratamento inclui sabonetes calmantes à base de extratos anti-inflamatórios, com uso duas vezes ao dia. “De noite, podemos indicar a vitamina A ácida, em dias alternados. Podemos ainda utilizar ácido salicílico, clindamicina e peróxido de benzoíla”, explica. Pela manhã, o dermatologista indica géis leves com ação calmante e de cicatrização.

Na clínica, os tratamentos também podem ajudar. “Os peelings podem ser usados para diminuir a produção de oleosidade. Quanto às sequelas como manchas e cicatrizes, podemos utilizar o microagulhamento ou lasers para melhorar o relevo da pele”, finaliza o médico.

Fonte: Dr. Daniel Cassiano.
Dermatologista, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica. Cofundador da clínica GRU Saúde. Formado pela Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e Doutor em medicina translacional também pela UNIFESP. Professor de Dermatologia do curso de medicina da Universidade São Camilo. Possui amplo conhecimento científico, atuando nas áreas de dermatologia clínica, cirúrgica e cosmiátrica.