A hiperplasia prostática benigna

A hiperplasia prostática benigna

No mês da campanha de conscientização sobre doenças masculinas, é importante conhecer as características relevantes para o seu diagnóstico e tratamento

A próstata é uma pequena glândula localizada na pélvis, na região retroperitoneal, rodeando o colo da bexiga e a uretra. É formada por um tecido com numerosas cavidades correspondentes às glândulas prostáticas. Esse tecido prostático é sensível à influência dos hormônios sexuais.

A glândula prostática foi dividida em três setores com importância morfológico-funcional e patológica: a zona central, que compreende 25% do total da próstata; a zona periférica, que compreende 70% da massa glandular, local mais frequente do câncer de próstata; e a zona de transição, com os 5% restantes do total da próstata. A zona de transição, que abrange a região periuretral até o colo da bexiga, é o lugar onde se dá a hiperplasia prostática benigna.

Hiperplasia prostática benigna

A hipertrofia prostática benigna (HPB), ou hiperplasia prostática, é uma afecção muito frequente depois dos 50 anos, sendo responsável por ocasionar sintomas urinários. O tecido prostático começa a desenvolver nódulos que ocasionam o aumento de tamanho da glândula. Por sua vez, este último leva à compressão da uretra de forma progressiva, podendo chegar a causar a obstrução desse órgão, o que dificulta o fluxo urinário.

Essa patologia apresenta uma incidência que aumenta de forma progressiva a partir dos 45 anos e acentua-se com o passar de cada decênio. Após os 80 anos, quase 80% dos homens apresentam a próstata com aumento de tamanho.

Os nódulos costumam desenvolver-se nas regiões laterais e média da glândula e geralmente não afetam a região posterior.

Essa afecção produz, com frequência, sintomas relacionados com a compressão da uretra, razão pela qual aparecem diferentes graus de dificuldade para urinar. Contudo, a retenção de urina na bexiga favorece sua distensão e o desenvolvimento de infecções urinárias, como cistite e infecções renais.

Os pacientes relatam que têm desejo frequente de urinar (polaquiúria), gotejamento de urina, produzido pelo rebaixamento da bexiga quando o fluxo urinário apresenta uma obstrução em nível prostático, e também dificuldades tanto para iniciar como para finalizar a micção. Podem acordar à noite com necessidade de urinar e sentir dor durante o ato miccional (disúria). Em determinados casos, aparece uma retenção urinária aguda brusca que persiste até que seja necessária a colocação de uma sonda vesical de urgência.

 

Sintomas da hiperplasia prostática benigna.

Tanto os sintomas expressados pelo paciente como os dados obtidos por meio do exame físico pelo toque retal e exames como ecografia, dosagem de antígeno prostático específico e outros testes que avaliam a função urinária, ajudarão o diagnóstico de hiperplasia prostática benigna.

Enfoque de tratamento da hiperplasia prostática benigna

Os tratamentos para a HPB podem ajudar a reduzir os sintomas urinários provocados por essa afecção. As opções de tratamento incluem medicamentos e cirurgia.

Os homens com sintomas leves podem não necessitar de um tratamento específico. Nesse caso, a maioria dos especialistas recomenda um enfoque de “esperar e ver”. Isso significa que o especialista avaliará a progressão dos sintomas no tempo.
Em alguns casos, os sintomas melhoram sem necessidade de administrar um tratamento. Não obstante, homens com sintomas moderados a graves requerem uma abordagem terapêutica. Há dois tipos de medicamentos utilizados para tratar a HPB: bloqueadores alfa e inibidores da alfarredutase. A maioria dos homens com HPB que começa a tomar um medicamento terá que tomá-lo para sempre, a menos que faça algum tipo de cirurgia de próstata.

Os bloqueadores alfa-adrenérgicos são medicamentos que relaxam os músculos da próstata e colo da bexiga, permitindo que a urina flua mais facilmente. Existem pelo menos cinco medicamentos nessa categoria: terazosina, doxazosina, tansulosina, alfuzosina e silodosina. Terazosina e doxazosina foram desenvolvidos inicialmente para tratar a pressão arterial alta, mas posteriormente descobriu-se que eram úteis para homens com HPB. A ação desses agentes costuma ter um começo rápido. Em geral, são recomendados como primeira linha de tratamento para homens com sintomas leves a moderados.

Os inibidores da 5-alfarredutase são medicamentos que podem deter o crescimento da próstata ou, inclusive, causar a diminuição de seu tamanho. Finasterida e dutasterida são exemplos desses fármacos. Este tipo de medicamento funciona melhor naqueles homens cujas glândulas prostáticas são de maior tamanho. Sua administração pode reduzir o risco de retenção urinária (não ser capaz de esvaziar a bexiga) e a necessidade de cirurgia. A maioria dos homens nota uma melhora dentro dos seis meses de iniciação do tratamento.

As terapias herbais para a HPB, como o saw palmetto, são comumente utilizadas na Europa para o tratamento da HPB. Contudo, os estudos realizados para comprovar a eficácia do saw palmetto não demonstraram resultados contundentes na redução dos sintomas da HPB.

Outro aspecto para considerar no tratamento da HPB são as mudanças no estilo de vida, que incluem:
• deixar de beber líquidos algumas horas antes de se deitar ou de sair;
• evitar ou beber menos líquidos que possam aumentar a necessidade de ir ao banheiro. Exemplos: a cafeína e o álcool; e
• depois de urinar, esperar um momento e tentar novamente, sem forçar.

Se os medicamentos não aliviarem os sintomas da HPB, existem procedimentos transuretrais que eliminam ou destroem parte do tecido da próstata localizado ao redor da uretra. Na maioria dos casos, os procedimentos são realizados através da uretra, utilizando um endoscópio especial. Cada tratamento tem suas vantagens e desvantagens, e o menor tratamento depende do tamanho e da localização do excesso de tecido prostático, da experiência do cirurgião e das preferências do paciente. No caso dos procedimentos minimamente invasivos, estes estão projetados para tratar volumes menores de excesso de tecido prostático. São realizados sob anestesia local e têm menos probabilidades de ocasionar disfunção sexual. Contudo, os pacientes são mais propensos a desenvolver sintomas recorrentes que poderão exigir novos procedimentos no futuro.

Existem outros procedimentos cirúrgicos disponíveis para o tratamento da HPB, como a prostatectomia — cirurgia por meio da qual se extirpa a glândula prostática — e a colocação de uma sonda (cateter) suprapúbica. Neste último caso, coloca-se um cateter diretamente na bexiga, que pode ser utilizado como uma medida temporária para tratar a obstrução de saída da urina da bexiga antes da cirurgia, ou, em algumas circunstâncias — pouco frequentes —, pode ser uma medida permanente.

Imagem: Freepik