Teste rápido para Covid-19 na farmácia: como funciona?
Atualmente, com a publicação da RDC n.º 377/2020, as farmácias estão autorizadas a realizar os testes rápidos para o coronavírus, devendo seguir as orientações da Anvisa que estão publicadas nessa RDC e nas notas técnicas:
• Nota Técnica 97/2020 – que orienta para a utilização dos testes rápidos para Covid-19.
• Nota Técnica 96/2020 – que dá orientação para farmácias durante o período de pandemia da Covid-19.
Só podem ser usados dispositivos regularizados pela Anvisa. O teste deve ser realizado por um farmacêutico treinado, o qual deve seguir as Boas Práticas Farmacêuticas, conforme a RDC n.º 44/2009.
Além disso, a farmácia deverá informar o resultado do teste às autoridades de saúde competentes, por meio de canais oficiais, pois o novo coronavírus faz parte da Lista Nacional de Notificação Compulsória de doenças.
O teste rápido para Covid-19 permitido na farmácia consiste em um ensaio imunocromatográfico, feito por meio da punção no dedo para coleta de sangue capilar, que verifica a resposta imunológica ao vírus, a partir da detecção de anticorpos específicos para o novo coronavírus (Sars-Cov-2). Indica-se realizar o teste entre o sétimo e o décimo dia do início dos sintomas.
É importante ressaltar que há um período de janela imunológica, que é o intervalo de tempo entre a infecção e a produção de anticorpos em níveis detectáveis por um teste, podendo variar de sete a dez dias após o início da infecção.
Se a testagem ocorrer dentro do período de janela imunológica, o resultado do ensaio poderá ser negativo, mesmo quando a pessoa estiver contaminada (falso negativo).
Essa situação não corresponde necessariamente a uma falha no produto e sim à não observância do período adequado para testagem, pois o indivíduo pode não ter produzido anticorpos suficientes no momento da coleta.
O teste rápido de farmácia usa a metodologia de imunocromatografia, que basicamente gera cor a partir da reação entre o antígeno e o anticorpo.
Dessa maneira, detecta qualitativamente a presença dos anticorpos IgG e IgM, que indicam a exposição ou não ao vírus Sars-Cov-2.
O teste imunocromatográfico é composto por uma membrana de nitrocelulose, com uma linha denominada C de Controle e outra linha T de Teste (sendo uma linha T para detectar anticorpos IgM e outra linha T para detectar anticorpos IgG). Todas as linhas contêm anticorpos contra o novo coronavírus fixados.
Também há uma região no dispositivo com antígenos (que são proteínas do novo coronavírus) marcados com corante, como ouro coloidal. Esses antígenos servem de ímã para os anticorpos específicos contra o novo coronavírus.
Assim, mesmo que na amostra existam vários anticorpos contra diversos patógenos diferentes, se o anticorpo específico para Sars-Cov-2 estiver presente na amostra, ele se ligará ao antígeno formando um imunocomplexo. Este, por sua vez, percorrerá a membrana de nitrocelulose, por capilaridade, passando pelas linhas T e C.
Se na amostra contiver o anticorpo específico para Sars-Cov-2, ele será fisgado na linha T, formando um novo complexo, semelhante a um sanduíche, com:
• anticorpo do paciente;
• antígeno do coronavírus; e
• anticorpo contra o coronavírus preso na linha teste.
Essa ligação é perceptível no teste pela alteração de cor na banda de teste. A linha de controle sempre deverá mudar de cor, independentemente do resultado da linha teste.
Caso não apareça, o teste é considerado inválido, devendo ser repetido em outro dispositivo. Isso pode ocorrer por uso incorreto do dispositivo ou uso de volume de amostra menor que o necessário.
O resultado do teste rápido poderá ser reagente ou não reagente para cada classe de anticorpo (IgG ou IgM). O resultado positivo ou reagente ocorre quando há alteração de cor na linha T e indica que houve uma exposição ao novo coronavírus. Quando não há alteração de cor na banda de teste, significa que o resultado é negativo ou não reagente.
É bom lembrar que o teste rápido fornece apenas parte das informações que vão determinar o diagnóstico da Covid-19, podendo ser solicitados pelo médico outros exames confirmatórios.
É diante desse contexto que a conduta do farmacêutico deve ser norteada pela interpretação do resultado associada ao quadro clínico atual do paciente, encaminhando ao médico para a confirmação diagnóstica, quando necessário.
Se você quiser saber mais sobre como interpretar corretamente o resultado do teste rápido, acompanhe o canal Vida de Farmácia no Youtube.
Por Thalita Lima | CRF-SP 85219
O Vida de Farmácia é um canal do Youtube, criado pela farmacêutica Thalita Lima, dedicado a farmacêuticos, balconistas e atendentes de farmácia. Seu objetivo é oferecer explicações de maneira clara e ilustrada sobre os diversos assuntos relacionados com o cotidiano da farmácia.