Covid-19: MSD desenvolve duas vacinas e um antiviral oral
POR ICTQ, Marcelo de Valécio
A indústria farmacêutica norte-americana MSD entrou definitivamente na corrida para encontrar um tratamento contra a Covid-19. Em parceria com outras instituições ela atua em três frentes de pesquisas – duas vacinas e um antiviral.
Uma das instituições parceiras é o International AIDS Vaccine Initiative (IAVI), organização de pesquisa científica sem fins lucrativos, criada para enfrentar os desafios urgentes e não atendidos da saúde global como HIV e tuberculose, com quem a MDS está trabalhando em uma vacina contra o novo coronavírus.
Outro parceiro do laboratório norte-americano é a Ridgeback Biotherapeutics LP, empresa de biotecnologia de capital fechado, para acelerar os estudos sobre o EIDD-2801, um candidato antiviral disponível por via oral.
De acordo com a diretora executiva da companhia no Brasil, Márcia Abadi, em entrevista ao Valor Econômico, esse medicamento poderá bloquear a reprodução do vírus em um estágio mais precoce da doença. “O esforço que se tem feito é enorme em termos de colaboração entre as empresas. Por isso a Organização Mundial da Saúde (OMS) está envolvida nessas iniciativas e promovendo parceira na área de saúde como nunca vimos na vida”, disse.
Em outra frente, a empresa desenvolve um possível imunizante contra a Covid-19 com a Themis Bioscience, que se concentra em vacinas e terapias imunológicas para doenças infecciosas e câncer, recém-adquirida pela MSD. A empresa austríaca de biotecnologia já vinha desenvolvendo, em parceria com o Instituto Pasteur de Paris, uma vacina usando uma cepa enfraquecida do vírus do sarampo programado para produzir antígenos do novo coronavírus.
“Ainda não definimos em quais países os estudos clínicos serão realizados. Mas acreditamos que as vacinas irão para ensaios em humanos nos próximos meses”, afirmou Márcia ao jornal. Segundo ela, a companhia aumentou os investimentos nessa área para encontrar uma solução viável para a pandemia. “O que temos, por enquanto, é anuncio de estudos clínicos dessas iniciativas e que devem começar neste ano. No antiviral, a indicação de que é seguro está na comprovação de que é eficaz com os ensaios. As três iniciativas terão o início dos testes em humanos em 2020”, completou.
Segundo a executiva, de 2019 a 2023, a MSD deve investir US$ 19 bilhões em pesquisa e desenvolvimento. “Desde os primeiros dias da pandemia, a MSD está envolvida em pesquisas próprias e em discussões com outras academias, contribuindo com a nossa experiência científica e buscando encontrar soluções contra a nova doença”, afirmou Márcia, lembrando que os estudos em outras áreas continuam.
“Pesquisas clínicas em oncologia, vacina e anti-infecciosos não pararam por causa dos esforços para encontrar uma solução para a Covid-19. Estamos adicionando uma via a mais, entendendo a urgência mundial”, salientou a diretora da MSD e foi além. “As pessoas não se preocupam com outras doenças. E isso pode causar problemas de saúde pública no futuro. Além das vacinas para a Covid, estamos preparando o lançamento de vacina pneumocócica, que pode ser usada no público adulto e em crianças, diminuindo a incidência de graves doenças”.