Estudo descobre manifestações do Covid-19 na pele, com aparição de vermelhidão, coceira e até bolhas

Estudo descobre manifestações do Covid-19 na pele, com aparição de vermelhidão, coceira e até bolhas

Relatório publicado no Jornal da Academia Europeia de Dermatologia e Venereologia revelou que 20% dos pacientes positivos na Itália tinham uma erupção cutânea que apareceu no início do diagnóstico ou após a hospitalização por Covid-19. Médica explica a que sinais ficar alerta

Com a pandemia do Novo Coronavírus, muitos estudos começam a descobrir novas manifestações da doença, inclusive em órgãos periféricos como a pele. Sabemos que o Covid-19 nem sempre apresenta febre e tosse, mas que náuseas e outros problemas gastrointestinais também podem ser sintomas. Mas um novo estudo do final de março (Cutaneous Manifestations in COVID-19: A First Perspective) do Jornal da Academia Europeia de Dermatologia e Venereologia destaca a presença de erupções cutâneas entre sintomas da doença. “É comum ver uma erupção cutânea com um vírus porque o corpo tem uma capacidade incrível de responder a algo que perturba a normalidade. De fato, no mundo da Dermatologia, a presença de uma erupção cutânea pode ser um sinal de uma condição de saúde subjacente. E, às vezes, certas erupções cutâneas podem ser o sinal de apresentação de uma doença”, afirma a dermatologista Dra. Paola Pomerantzeff, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. “Mas temos que levar em consideração que erupções cutâneas surgem por diversos motivos e esse não é um fato que deve levar o paciente a um posto de saúde”, acrescenta a médica.

Segundo o relatório do Jornal da Academia Europeia de Dermatologia e Venereologia, 20% dos 88 pacientes positivos confirmados na Itália tinham uma erupção cutânea que apareceu no início do diagnóstico ou após a hospitalização por Covid-19. “Mas as erupções cutâneas que as pessoas sofrem podem variar e incluem urticária (inchaços vermelhos ou rosados na pele que entram e saem dentro de um período de 24 horas) ou inchaços e bolhas cheias de líquido. As áreas comuns para a erupção aparecer incluem o tronco, braços e pernas, segundo o estudo”, afirma a dermatologista.

O estudo notou um amplo espectro de erupções cutâneas, incluindo as vermelhas contínuas, as irregulares, as semelhantes a redes e até erupções cutâneas que parecem machucados, o que pode ser um sinal de coagulação nos vasos sanguíneos, segundo o relatório. “Alguns pacientes com Covid-19 até sofreram lesões arroxeadas ou azuladas nos dedos dos pés, e se apresentaram de forma dolorosa ou sensível ao toque”, afirma a médica.

Ainda assim, existem muitas incógnitas quando se trata de “erupções cutâneas por coronavírus” e são necessárias mais informações para entender seu papel na identificação do Covid-19. Até agora, as erupções cutâneas ainda não foram listadas pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC)  ou pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um sintoma comum.

Segundo a Dra. Paola, embora as erupções cutâneas sejam um sintoma a ser considerado, “apenas ter uma erupção cutânea não significa que você tenha Covid-19″. “As causas alternativas de uma erupção cutânea são infinitas. Você pode ter uma erupção cutânea por causa de dermatite de contato, alergias, efeitos colaterais de medicamentos e condições da pele como eczema”. Além disso, o próprio estresse da quarentena ou a lavagem excessiva das mãos, com uso demasiado de desinfetantes e luvas, já pode causar mais dermatite irritante para as mãos.

Quando devo consultar um profissional de saúde?

Se você estiver tendo uma erupção cutânea e não tiver uma condição crônica da pele pré-existente, como eczema ou rosácea, ou notar uma erupção cutânea e acreditar que foi exposto recentemente ao coronavírus, consulte primeiramente o seu médico, por meio do telefone ou telemedicina. “Você deve entrar em contato com seu médico para obter mais orientações e manter distância social nesse meio tempo”, explica ela. “Mas se o paciente sentir falta de ar, febre e outros sintomas da Covid-19, é aconselhável que ele busque atendimento médico em postos de saúde”, finaliza a dermatologista.

Fonte: DRA. PAOLA POMERANTZEFF, dermatologista, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD), tem mais de 10 anos de atuação em Dermatologia Clínica. Graduada em Medicina pela Faculdade de Medicina Santo Amaro, a médica é especialista em Dermatologia pela Associação Médica Brasileira e pela Sociedade Brasileira de Dermatologia, e participa periodicamente de Congressos, Jornadas e Simpósios nacionais e internacionais. http://www.drapaola.me/

LINK: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32215952/