Articulações em movimento

Articulações em movimento

A função articular correta é crucial para o uso do corpo nas atividades diárias. As doenças articulares produzem diversos graus de comprometimento motor, desde leves e banais até mesmo deficiências incapacitantes

Generalidades

As articulações são vitais para a mobilidade do corpo humano. Imagine uma pessoa com todas as articulações fixas: seria impossível andar, falar, mastigar alimentos, manipular itens com as mãos; na verdade, não seria muito diferente de uma estátua. Felizmente, temos diversos tipos de articulações dependendo da localização e função específica; desde algumas totalmente sem movimento (por exemplo, a união dos ossos que compõem o crânio) a outras extremamente móveis e precisas (como os dos dedos das mãos).

O que é uma articulação?

A articulação é uma estrutura especializada que permite a união móvel entre dois ossos. Embora existam diferentes variantes, a articulação clássica é aquela que atua como uma “dobradiça” entre dois ossos, permitindo assim a modificação voluntária do ângulo que formam.

Tipos de articulações

Há três tipos de articulações:
• As sinartroses são aquelas articulações interósseas que não apresentam mobilidade entre si (apesar de serem consideradas como “articulações”). Os ossos do crânio são um exemplo delas, que se unem formando um verdadeiro quebra-cabeça tridimensional por meio de articulações dentadas ou chanfradas. Entre ambas as margens, às vezes, uma linha fina de cartilagem fibrosa altamente resistente é encontrada, outras vezes, a união ocorre de osso a osso sem interposição cartilaginosa. Os ossos que constituem a pelve também se unem de maneira semelhante.
• As anfiartroses são uniões nas quais se interpõe uma lâmina grossa de cartilagem elástica, que permite uma mobilidade discreta entre os ossos intermediários. É o caso da sínfise púbica ou articulações esternocostais.
• Finalmente, as diartroses (“articulações sinoviais”) englobam vários tipos de articulações com diferentes graus de mobilidade. Sua estrutura é mais complexa do que as descritas acima, com os seguintes componentes:
1) extremidades ósseas: recobertas por cartilagem fibrosa ou elástica (conforme o caso), o que proporciona uma superfície lisa e polida em condições normais. Na diartrose, deve-se observar que não há união real entre os ossos intermediários, porém existe um espaço articular entre as duas facetas de contato;
2) manguito fibroso: cobre ambas as extremidades ósseas como uma “munhequeira”, já que as facetas articulares não estão realmente unidas, como foi mencionado;
3) ligamentos e tendões: são estruturas fibrosas dispostas em forma de cordões que colaboram na sustentação da articulação; consistem nas terminações das massas musculares ou são independentes delas. Podem estar localizados fora ou dentro da articulação;
4) músculos: em algumas articulações, as massas musculares também cumprem uma função de apoio e proteção articular;
5) cápsula sinovial: é uma membrana localizada dentro do manguito articular, que secreta uma substância lubrificante ou sinóvia, que atua como um verdadeiro óleo, facilitando a mobilidade articular;
6) algumas articulações, como o joelho, possuem discos fibrosos interpostos entre as articulações chamados de meniscos, o que facilitam a mecânica articular.

Deve-se observar que o manguito, a cápsula e os ligamentos são ricamente inervados, portanto, qualquer processo inflamatório ou prejudicial articular desencadeará dor nesses locais. Em contrapartida, as facetas articulares não possuem terminações nervosas e, portanto, não “registram” dor.

Por outro lado, as diartroses podem ser classificadas de acordo com o tipo de movimento que realizam, que depende do formato das facetas de contato articular. Em primeiro lugar, temos as articulações do tipo esfera-cavidade, em que uma terminação óssea em formato de uma bola coapta contra uma superfície côncava que o envolve. Esse tipo de diartrose é extremamente móvel, pois o osso dependente dela pode realizar movimentos amplos em quase qualquer direção no espaço. Os exemplos típicos são as articulações do quadril e do ombro, que conectam o tronco do corpo corporal com os membros superiores e inferiores. Se o leitor tentar movimentar essas articulações, perceberá que respondem ao comando cerebral de colocar os respectivos membros em várias posições no espaço: para dentro-fora, para frente-trás, em diagonais e movimentos combinados entre eles.

As articulações em dobradiça são as articulações clássicas de cotovelo e joelho, em que a união tem o formato de uma verdadeira dobradiça, permitindo o movimento de abertura e fechamento em um único plano do espaço. Os dedos das mãos e dos pés também funcionam sob este princípio, exceto o polegar (que também pode girar opondo-se ao resto dos dedos, o que é fundamental na destreza manual do ser humano). Novamente, é fácil verificar o funcionamento desse tipo de diartrose por si mesmo.

As articulações pivotantes permitem apenas a rotação e são tipicamente aquelas correspondentes às vértebras cervicais, que permitem determinadamente que a cabeça gire de um lado para o outro, da esquerda para a direita. Por último, as articulações deslizantes funcionam por meio do deslizamento de duas facetas articulares (geralmente planas) uma sobre a outra. Há movimentos curtos, porém eficazes; e correspondem aos ossos pequenos da mão (carpo) e do pé (tarso).

Doenças articulares

Assim como todas as estruturas do corpo humano, as diversas articulações podem ser o local de processos patológicos. Um deles e muito comum é a “artrose”, entidade em que há um processo degenerativo crônico de desgaste da cartilagem que afeta principalmente aquelas articulações que suportam grande peso ou são excessivamente móveis (como joelhos, pés ou quadris). Essas articulações podem ser alteradas e deformadas, produzindo impotência funcional e dor. Como se sabe, a osteoartrite é um processo geralmente relacionado à idade e geralmente inicia-se após os 40 ou 45 anos de idade.

Artrose de joelho

Em contrapartida, a “artrite” é um processo inflamatório, muitas vezes poliarticular, no qual há calor, inchaço e rubor locais, com muita dor e sinais de doença aguda com comprometimento do estado geral. Muitas vezes, uma entidade que causa esse problema é a artrite reumatoide, uma doença autoimune na qual as defesas do corpo atacam equivocadamente as próprias articulações. Também existem as artrites de causa infecciosa, que envolvem somente uma articulação (muitas vezes, o joelho) e devem ser tratadas com antibióticos.

Por último, as articulações podem ser um local de inúmeras lesões traumáticas, nas quais ligamentos e tendões podem ser seccionados, os meniscos podem ser fraturados etc., causando vários graus de alteração funcional. No geral, esses distúrbios são resolvidos cirurgicamente.

Conclusões

A função articular correta é crucial para o uso do corpo nas atividades diárias. As doenças articulares produzem diversos graus de deficiência motora, desde leves e banais até mesmo deficiências incapacitantes. Por sorte, atualmente há um arsenal terapêutico que consiste em medicamentos, reabilitação fisioterápica e cirurgia em casos extremos.

Existem também tratamentos complementares e alternativos no controle da artrose que se mostraram promissores. Os tratamentos incluem glicosamina, sulfato de condroitina e colágeno não hidrolisado tipo 2. O ioga e a acupuntura também fazem parte dos métodos alternativos de tratamento da artrose.