Câncer de próstata: um mal silencioso
A maioria dos cânceres de próstata cresce lentamente, sem causar sintomas. O desenvolvimento silencioso dos tumores reforça a necessidade da prevenção, foco da campanha Novembro Azul. Os avanços da medicina e da tecnologia ampliaram as possibilidades para o diagnóstico precoce do câncer de próstata e também tornaram menos invasivos os processos de detecção da doença.
O Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima que o Brasil registre 70 mil novos casos de câncer de próstata em 2024. No mundo, a expectativa é por 1,4 milhão de diagnósticos neste ano. De acordo com o Inca, o câncer de próstata é o segundo mais comum no Brasil entre os homens, atrás apenas do câncer de pele não-melanoma.
Cerca de 75% dos casos no mundo ocorrem a partir dos 65 anos. O aumento observado nas taxas de incidência no Brasil pode ser parcialmente justificado pela evolução dos métodos diagnósticos (exames), pela melhoria na qualidade dos sistemas de informação do País e pelo aumento na expectativa de vida do brasileiro.
O câncer de próstata tem uma manifestação esperada para depois da quarta ou quinta década de vida. É importante salientar que quando há um histórico familiar, a pessoa pode herdar a chance de ter câncer de próstata. O segredo para o diagnóstico precoce é o indivíduo não ter sintoma e, ainda assim, procurar um médico para a realização de avaliações.
A campanha Novembro Azul destaca o caminho da prevenção como principal meio de superar a doença. Quando diagnosticado em fase inicial, o tratamento do tumor de próstata chega a ter 95% de chances de sucesso.
Conhecer os fatores de risco significa chegar mais perto de um diagnóstico precoce da doença. Cerca de 60% dos casos ocorrem em homens negros. Nove em cada dez diagnósticos de câncer de próstata no Brasil são em homens a partir dos 55 anos de idade. História da doença na família antes dos 60 anos e sobrepeso ou obesidade também contribuem para o risco aumentado de desenvolvimento da neoplasia.
A letalidade do câncer de próstata poderia ser drasticamente reduzida pela disseminação da cultura da prevenção. Quanto mais cedo a doença é diagnostica, maiores são as chances de cura, que superam os 90% quando a intervenção ocorre precocemente. Na fase inicial, o câncer de próstata pode não apresentar sintomas, daí a necessidade de realizar o acompanhamento médico regular.
O diagnóstico precoce promove a cura. Na maioria das vezes, quando existem sintomas para o câncer de próstata, significa que a doença já se disseminou.
Hábitos de vida saudáveis ajudam a prevenir todos os tipos de doença, inclusive o câncer de próstata. As orientações para redução dos riscos de desenvolver a neoplasia são conhecidas: alimentação saudável; manter o peso corporal adequado; praticar atividade física; não fumar; evitar ingerir bebidas alcóolicas; realizar exames preventivos regularmente, conforme indicação médica.
O conselho de Fernando Medina é que homens sem fator de risco iniciem os exames preventivos aos 50 anos de idade – a repetição do check-up será definida pelo médico. Já os homens com história familiar da doença em parentes de primeiro grau devem procurar acompanhamento médico a partir dos 45 anos.
A próstata
A próstata é uma glândula que só o homem possui e que se localiza na parte baixa do abdômen. É um órgão pequeno, tem a forma de maçã e se situa logo abaixo da bexiga e à frente do reto (parte final do intestino grosso). A próstata não é responsável pela ereção nem pelo orgasmo. Sua função é produzir um líquido que compõe parte do sêmen, que nutre e protege os espermatozoides.
O câncer de próstata é detectado inicialmente por meio de exame de toque. O médico avalia tamanho, forma e textura da próstata, introduzindo o dedo protegido por uma luva lubrificada no reto.
Também é necessária a realização do PSA – exame de sangue de PSA (Antígeno Prostático Específico). Níveis altos dessa proteína podem significar câncer, mas também doenças benignas da próstata. Como o PSA também é produzido pelas células neoplásicas da próstata, ele é utilizado como um marcador identificado a partir da coleta de exame de sangue.
A doença é confirmada apenas após a realização da biópsia, indicada após se encontrar alguma alteração no exame de sangue (PSA) ou no toque retal. Nesse exame são retirados pedaços pequenos da próstata para análise em laboratório.
Tratamentos
Homens mais jovens, que têm entre 50 e 55 anos e apresentam uma doença mais localizada, de baixo risco, normalmente são encaminhados à cirurgia, porque para eles a resposta é melhor e o risco cirúrgico é menor.
Aqueles pacientes mais velhos ou com comorbidades preferencialmente realizarão radioterapia. O tratamento dependerá de cada situação.
Fonte:
Dr. Fernando Medina da Cunha é Oncologista Clínico e diretor técnico do Centro de Oncologia Campinas.
Foi fundador e chefe da Disciplina de Oncologia Clínica do departamento de Clínica Médica da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp. Também presidiu a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica.
CRM: 43.587.