Asma
A asma brônquica é uma doença respiratória comum, especialmente na infância. Trata-se de uma condição na qual as vias que conduzem o ar para os pulmões, os brônquios, estão inflamadas recorrentemente, com diferentes graus de obstrução que limitam a passagem de ar
A asma brônquica é uma doença inflamatória crônica das vias respiratórias, cuja etiologia é desconhecida, constituindo uma das principais razões de visita ao departamento de emergência. Ela afeta milhões de pessoas em todo o mundo e sua frequência de ocorrência tem aumentado mais de 45% desde os anos setenta. Nos países industrializados, estima-se que cerca de 7% da população adulta apresenta sinais e sintomas compatíveis com esta doença. Os especialistas em asma acreditam que o aumento de casos é devido, em grande parte, ao aumento da poluição ambiental e aumento da exposição a fatores alérgenos nos lares. Contudo, grande parte da história natural da doença ainda é desconhecida.
A maioria começa antes dos 25 anos, sendo mais frequente em homens do que em mulheres. Trata-se de uma doença episódica em que exacerbações agudas são intercaladas com períodos sem sintomas.
Não há dúvida de que a asma é um problema de saúde pública real que afeta diferentes populações com características diferentes.
O que é asma brônquica?
A asma é uma doença respiratória caracterizada pela obstrução excessiva ou estreitamento dos brônquios, como resultado de um processo inflamatório desencadeado por diferentes estímulos, tais como infecções virais, alergênicos, exercício, ar frio, poluentes e fumaça de cigarro. Estes episódios são apresentados em uma base recorrente e podem se resolver espontaneamente ou por meio de medicação.
Os estímulos desencadeantes dos episódios de broncoespasmo em pacientes com asma geralmente não afetam as vias aéreas dos pulmões normais.
Durante um episódio de asma, os músculos lisos dos brônquios geram um espasmo ou contração, chamado de broncoespasmo, em que o diâmetro dos brônquios se reduz. A este fato, adiciona-se a inflamação da mucosa brônquica, com a subsequente produção de muco contribuindo para a obstrução. Para superar esse obstáculo, a pessoa é forçada a realizar um maior esforço para permitir que o ar entre e saia dos pulmões.
Por quê os episódios de asma ocorrem?
Há fatores que são determinantes para o desenvolvimento deste processo. De um lado, a predisposição genética foi evidenciada em estudos realizados em gêmeos, onde se comprovou que essa doença é herdada em 60%, contudo ainda não foram identificados os genes responsáveis por esta doença.
Por outro lado, os fatores indutores, como tais alérgenos, irritantes químicos e poluição ambiental geram a inflamação em um indivíduo geneticamente predisposto, o que leva ao aparecimento da hiper-reatividade brônquica e desenvolvimento dos sintomas da doença. Entende-se por hiper-reatividade brônquica à resposta de broncoconstrição exagerada das vias respiratórias ante a exposição a estímulos, entre os quais estão o exercício, fumaça de cigarro, infecções, particularmente as virais, fatores irritantes, poluentes internos, como o dióxido de nitrogênio emitido por estufas e braseiros, partículas de ozônio, dióxido de enxofre e de nitrogênio. Observam-se também episódios de asma relacionados a determinadas profissões que têm a ver com a constante exposição a certas substâncias relacionadas ao trabalho.
Entre as profissões com alto risco de desenvolver a asma estão a agricultura, pecuária, pintura, limpeza e fabricação de produtos plásticos.
A reação inflamatória que ocorre afeta toda a via respiratória, incluindo o trato respiratório superior e o nariz, mas é muito mais acentuada nos brônquios.
Observa-se a presença de células inflamatórias como mastócitos, eosinófilos, macrófagos e linfócitos. Estas células são ativadas na presença de estímulo e liberam mediadores inflamatórios, tais como histamina, leucotrienos e prostaglandinas, substâncias que atuam diretamente sobre o músculo liso dos brônquios e vasos sanguíneos, causando a constrição brônquica, a vasodilatação e a tumefação local. Nesta situação, a via aérea sofre alterações, principalmente: contração do músculo liso por mediadores inflamatórios e neurotransmissores, o que é a principal causa da obstrução e que pode ser revertida com medicamento; tumefação ou edema da via aérea pela saída de líquido de dentro dos vasos até os tecidos; espessamento das paredes dos brônquios, também chamado de remodelação e que se reverte com o tratamento; e o aumento da secreção de muco que pode levar ao entupimento da luz do brônquio.
Essas alterações geram uma redução inicial do calibre desses condutos, o que resulta em falta de ar e em dificuldade respiratória.
Manifestações clínicas e diagnóstico
O processo inflamatório da asma provoca episódios recorrentes de sibilâncias (semelhante a um assobio que reflete a passagem de ar através dos condutos estreitados), sensação de falta de ar (dispneia), aperto no peito e tosse, especialmente durante noite e/ou de manhã cedo. A apresentação de uma crise asmática varia, sobretudo de acordo com a intensidade. Uma crise de intensidade leve pode se manifestar apenas com tosse e alguma sensação de fadiga ao realizar exercício durante a manhã, mas basicamente não interfere em maior medida com as atividades da vida diária do indivíduo. Pelo contrário, uma crise grave se manifesta com um grau de dificuldade respiratória que pode chegar a comprometer seriamente a qualidade de vida e a própria vida. A sensação de falta de ar nessas crises intensas pode ser muito importante e gerar ansiedade.
Muitas vezes ela obriga a pessoa se sentar ou inclinar-se para a frente e usar os músculos do pescoço e do tórax para poder respirar, mas apesar de todos essas esforços, continua precisando de ar. Sudorese é uma reação comum ao estresse e ansiedade. A crise pode desaparecer em poucos minutos ou durar horas ou mesmo dias. De modo geral, a pessoa se restabelece completamente, mesmo depois de uma crise grave.
Algumas pessoas afetadas pela asma não apresentam sintomas na maior parte do tempo, com episódios de falta de ar leve e ocasionais. Outros, no entanto, tosse e chiado quase constantemente. As crianças asmáticas podem continuar apresentando sintomas na adolescência e na fase adulta, ainda que muitas delas apenas apresentam a doença na infância.
O diagnóstico da asma brônquica é uma suspeita em qualquer paciente que diz ter episódios repetidos de tosse, sibilância e dispneia, e a confirmação é feita pelo teste funcional respiratório, que detecta a obstrução do fluxo de ar, e como esta obstrução é revertida com medicamentos que dilatam brônquios como agonistas beta 2. Além disso, pode-se medir o grau de obstrução. Este exame pode ser realizado utilizando um espirômetro ou um medidor de pico de fluxo.
Durante as crises, o objetivo do tratamento é assegurar trocas gasosas adequadas nos pulmões e reduzir a obstrução das vias aéreas. O tratamento de manutenção, por outro lado, tem o objetivo de preservar a função respiratória, prevenir os sintomas crônicos, evitar crises e evitar efeitos indesejáveis da medicação.
Os medicamentos para a asma são diferentes para cada pessoa. Eles podem ser inalados (aerossol ou administrado sob a forma de nebulizações) ou tomado na forma de comprimidos ou pastilhas. Basicamente, para o tratamento da asma brônquica há dois tipos de medicamentos:
• Medicamentos de controle a longo prazo:
Controlam a doença, diminuem ou limitam o número de crises e a sua intensidade. Estes medicamentos são utilizados de uma forma sustentada e, geralmente, devem ser recebidos todos os dias para conseguir obter o efeito desejado. Entre eles, os medicamentos inalados ou sistêmicos, tais como corticoides, antileucotrienos, agonistas beta 2 de ampla duração em combinação com corticoides inalados e teofilina. Os corticoides inalados são considerados os mais eficazes. Reduzem a inflamação das vias aéreas, característica presente na asma brônquica.
• Medicamentos de alívio rápido ou “de resgate”: são conhecidos como broncodilatadores, eles expandem os brônquios estreitados para permitir a passagem de um volume maior de ar. Entre eles temos os agonistas beta 2 e os anticolinérgicos inalados. Aliviam os sintomas em caso de um ataque de asma. Deve-se notar que a educação do sujeito e sua família é o ponto mais importante no tratamento da asma brônquica. Educar não consiste apenas em proporcionar ao paciente e sua família conhecimento sobre a doença, mas também promover o desenvolvimento de técnicas e habilidades, a fim de capacitar o núcleo familiar para um gerenciamento adequado da doença em casa.
Devem ser implementadas medidas para controlar os fatores que contribuem para o aumento da gravidade da asma e identificar os agentes desencadeantes dos sintomas. Os ácaros do pó doméstico constituem um dos fatores de risco mais importantes para o desenvolvimento deste transtorno. Uma vez que estes microrganismos são geralmente encontrados nos elementos de conforto e decoração, sugerimos limpar o chão com aspirador ou pano úmido, enquanto o doente permanece fora de casa; lavar frequentemente os cobertores e cortinas, o colchão e almofadas devem ser cobertos por tecido impermeável de tela tipo aeronave. Os quartos devem ser ventilados regularmente; Não é recomendado colocar tapetes e sugere-se, na medida do possível, evitar a umidade e manter as janelas fechadas, particularmente no período da tarde, para evitar o pólen. Não é aconselhável usar lareiras, braseiros e salamandras como um meio de calefação, pinturas, desodorantes e produtos de limpeza sem a ventilação adequada.
Aconselha-se manter um ambiente livre de cigarro: fumaça de cigarro é um desencadeante das crises em pessoas com asma. Por outro lado, vários estudos sugerem que filhos de fumantes têm duas vezes mais probabilidade de ter asma. Sugere-se também evitar a poluição do ar exterior: embora uma das etapas mais difíceis de se seguir, na medida do possível, a exposição à poluição ambiental deve ser evitada.
Em resumo, o tratamento ótimo da asma tem como base a terapia farmacológica, a educação do paciente e sua família, e o controle ambiental para reduzir ao máximo os fatores desencadeantes.